Notícia

Relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alerta sobre aumento da temperatura

Fonte

UCT | Universidade da Cidade do Cabo

Data

terça-feira, 16 outubro 2018 14:00

Áreas

Ciência Ambiental, Clima, Mudanças Climáticas, Saúde.

A divulgação do relatório especial do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) sobre o aquecimento global, de 1,5℃ acima dos níveis pré-industriais, marca um ponto crítico nas negociações sobre o clima. Anunciado na mídia como “mudança de vida”, o relatório ilustra como atravessar o limiar cada vez mais próximo de 1,5℃ aquecimento afetará o planeta, e como será difícil evitar a ultrapassagem deste alvo.

O relatório especial olha de maneira geral para o aumento da mudança climática. Com foco no “hotspots” das alterações climáticas – países quentes, secos e com falta de água, como o Botswana e a Namíbia, na África Austral – o aquecimento e a seca locais serão superiores à média global.

O relatório ressalta a necessidade urgente de países como Botsuana e Namíbia se prepararem e se adaptarem – e que o façam rapidamente. O objetivo do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global abaixo de 2°C, idealmente 1,5°C, na virada do século será extremamente desafiador. Até o momento, as promessas de mitigação das nações ficam aquém do que é necessário, com as temperaturas globais a caminho de um aquecimento de 3,2°C até 2100. Sob uma crescente trajetória de emissões, o limite de 1,5°C pode ser ultrapassado já na próxima década e a marca de 2°C na década seguinte.

Impacto

O Botswana e a Namíbia já conhecem os desafios das secas e inundações. Há alguns anos, a capital do Botsuana, Gaborone, estava à beira de ficar sem água, enquanto o país lutava contra a pior seca em 30 anos. A vizinha Namíbia tem lutado com secas e inundações recorrentes e devastadoras nos últimos anos, especialmente em suas regiões do norte, onde a maioria da população vive.

O aquecimento global de 1,5°C levaria a um aumento da temperatura média acima da linha de base pré-industrial em Botsuana de 2,2°C e na Namíbia de 2°C. Com um aquecimento global de 2°C, o Botswana experimentaria um aquecimento de 2.8°C. Namíbia aqueceria em 2,7°C.

As mudanças na precipitação também estão projetadas para mudar. Com um aquecimento global de 1.5°C na temperatura , Botsuana receberia 5% menos precipitação anual e a Namíbia 4% menos. Com um aquecimento global de 2.0°C, a precipitação anual no Botsuana diminuiria em 9%, com a precipitação anual na Namíbia a cair 7%. Ambos os países também terão um aumento nos dias secos. O impacto do aquecimento global em eventos extremos também é evidente.

Setores vulneráveis

Os efeitos das altas temperaturas globais e locais serão sentidos em vários setores importantes para a prosperidade das pessoas e das economias dos dois países. Entender o que isso significará para setores como agricultura, saúde e água é crucial para planejar e pensar sobre o que deve ser feito.

A agricultura é particularmente vulnerável, com potenciais quedas nos rendimentos das colheitas e aumento das perdas de gado. No Botsuana, a produção de milho em aquecimento global de 1,5 ℃ poderia cair mais de 20%.

Os efeitos do aquecimento global sobre a saúde humana também é essencial a se considerar. O estresse por calor é projetado para se tornar uma ameaça cada vez maior.  Todos esses fatores se tornam ainda mais graves, caso o limiar de 2℃ seja ultrapassado.

Acesse a notícia completa no site da Universidade da Cidade do Cabo (em inglês).

Fonte: Mark New, University of Cape Town. Imagem: pixabay.