Notícia

Estudo revela que incêndios de 2017 em Portugal afetaram a qualidade da água

Pesquisadores detectaram aumento na concentração de alumínio, ferro e manganês

Pixabay

Fonte

Universidade de Coimbra

Data

quarta-feira, 26 setembro 2018 12:15

Áreas

Queimadas. Recursos Hídricos.

Os grandes incêndios florestais ocorridos em Portugal em 2017 tiveram impacto na qualidade da água da bacia hidrográfica do rio Mondego, registando-se um aumento considerável de alumínio, ferro e manganês, porém sem risco para a saúde pública, revela um estudo desenvolvido por uma equipe de pesquisadores do Centro de Estudos Sociais (CES) e do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), em Portugal.

Entre novembro de 2017, um mês após os incêndios, e junho deste ano, os investigadores monitorizaram 10 pontos de amostragem de 7 linhas de água, nos seus parâmetros físicos e químicos, da bacia hidrográfica do rio Mondego, que foi afetada em cerca de 30% de área queimada, para detetar e avaliar quais as alterações nas propriedades da água, assim como o tipo de sedimentos formados após os incêndios.

Verificou-se que “as águas do Mondego e alguns dos seus efluentes têm uma grande quantidade de sedimentos em suspensão (constituintes do solo, por exemplo, cinzas) e turbidez relativamente elevada”, assinala o Dr. Alexandre Tavares, professor da FCTUC e coordenador do estudo, esclarecendo que as análises realizadas evidenciaram “um aumento considerável de alumínio, ferro e manganês, associados à fração argilosa dos solos após períodos de chuva, o que aponta para a mobilização e erosão dos solos e introdução desses elementos nas linhas de água”. Ou seja, “os vários resíduos resultantes da combustão, nomeadamente cinzas, associados aos constituintes resultantes da erosão e mobilização dos solos, vão ser transportados para as linhas de água, o que origina o aumento da concentração destes elementos químicos – alumínio, ferro e manganês”, explica o pesquisador.

No entanto, enfatiza o Dr. Alexandre Tavares, “positivamente observa-se que os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, substâncias com propriedades carcinogênicas, mutagênicas e teratogênicas, que podem ser formadas durante o processo de combustão de matéria vegetal, apresentam valores muito residuais, chegando mesmo a não ser encontrados, não pondo em risco a saúde pública”.

Foi ainda registada a influência ocasional na qualidade da água para abastecimento público, tendo sido necessário recorrer a fontes alternativas de abastecimento de água em dois municípios ou a melhorar o sistema de depuração e filtragem. A degradação ambiental afetou ainda inúmeros espaços fluviais de lazer, levando as autoridades a realizar ações de limpeza e de estabilização de vertentes.

Esta pesquisa foi realizada no âmbito do projeto europeu RiskAquaSoil: Plano Atlântico de Gestão de Riscos no Solo e na Água, um projeto Interreg iniciado em 2016, que tem como objetivo central a detecção dos impactos das alterações climáticas nos espaços rurais, contribuindo para a gestão do risco, o uso dos recursos hídricos e do solo, a reabilitação de áreas agrícolas e o desenvolvimento de novas práticas. O RiskAquaSoil reúne cerca de quatro dezenas de pesquisadores de Espanha, França, Irlanda, Portugal e Reino Unido.

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Coimbra.

Fonte: Cristina Pinto, Universidade de Coimbra. Imagem: Pixabay.

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