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Desmatamento cresce nas regiões próximas a estradas no Brasil
Um artigo científico publicado recentemente na revista Science Advances revelou os resultados da primeira pesquisa que mapeou detalhadamente áreas livres de estradas em todos os seis biomas brasileiros.
A partir da identificação de áreas localizadas entre 1 e 5 quilômetros em relação a rodovias, ferrovias e estradas menores, os pesquisadores constataram que quanto maior a distância entre as áreas estudadas e a infraestrutura de transporte, menor a probabilidade de encontrar a região desmatada e maior a presença de vegetação nativa. Eles também apontam que, embora áreas livres de estradas e ferrovias detenham a grande maioria da vegetação nativa remanescente do país (81,5%), apenas 38% dessa vegetação se encontra protegida por algum instrumento legal (unidades de conservação, terra indígena). O estudo foi realizado em parceria entre pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Um dos principais desafios do grupo de pesquisadores foi a coleta de informações aprofundadas dos biomas Pampa, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal, visto que existem mais estudos a respeito das relações das rodovias e ferrovias com o desmatamento na Amazônia, nos quais os dados apontam desmatamento na faixa de até 5,5 km junto às estradas. Os pesquisadores, então, buscaram avaliar mais a fundo o impacto do transporte ferroviário em todos os seis biomas do país, já que havia uma lacuna na literatura acadêmica a respeito desse contexto.
As análises do estudo mostram que as áreas protegidas – como territórios quilombolas, unidades de conservação e terras indígenas – têm participação direta na conservação da fauna e flora locais, impactando positivamente nas regiões próximas às estradas quando comparadas às propriedades rurais privadas. Somado a isso, a pesquisa buscou regiões onde seria possível realizar restaurações ecológicas de resultado imediato sem que fosse prejudicada a propriedade privada de terras, com os objetivos de melhorar o ecossistema e atingir metas de conservação propostas atualmente pelo governo federal.
O estudo alega que existe um consenso de que o impacto de estradas e ferrovias é mais prejudicial quando essas rotas são inseridas em ecossistemas intactos e remotos. Diante disso, o país pode ser altamente afetado pelos planos de expansão mundial das redes rodoviárias e ferroviárias, já que 90% dessas futuras infraestruturas de transporte devem passar por regiões tropicais em ecossistemas praticamente intocados até então.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da UFRGS.
Fonte: Gabhriel Giordani, Ciência – Jornal da Universidade/UFRGS.
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