Notícia

Vegetação em creches pode melhorar sistema imunológico das crianças

Novo estudo experimental coordenado pelo Instituto de Recursos Naturais da Finlândia mostrou, pela primeira vez, que o sistema imunológico de crianças de de três a cinco anos que frequentam creches melhorou em apenas um mês quando vegetação rasteira, grama e canteiros foram adicionados às áreas externas

Helena Lopes via Unsplash

Fonte

Universidade Tampere

Data

sábado, 17 outubro 2020 14:25

Áreas

Imunologia. Microbiologia. Saúde. Sociedade.

Um alto nível de higiene, um estilo de vida urbano e um contato insuficiente com a natureza reduzem a diversidade de micróbios em nosso sistema orgânico. A homogeneidade dos micróbios aumenta o risco de doenças do sistema imunológico, como atopia, diabetes, doença celíaca e alergias diversas.

Dezenas de estudos comparativos descobriram anteriormente que crianças que vivem em áreas rurais e estão em contato com a natureza têm uma probabilidade menor de contrair uma doença resultante de distúrbios do sistema imunológico. Um estudo recente mostrou que o contato repetido com elementos da natureza cinco vezes por semana diversificou os micróbios que oferecem proteção contra doenças transmitidas pelo sistema imunológico em creches.

“Este estudo com crianças em creches é o primeiro em que essas mudanças que oferecem proteção contra doenças foram encontradas ao adicionar aspectos diversificados da natureza a um ambiente urbano”, disse o Dr. Aki Sinkkonen, pesquisador do Instituto de Recursos Naturais da Finlândia (Luke), que liderou o estudo. Os grupos de pesquisa do Dr. Heikki Hyöty, professor de Virologia, e do Dr. Juho Rajaniemi, professor de Planejamento Urbano da Universidade de Tampere, na Finlândia, participaram do estudo.

“Os resultados deste estudo são encorajadores na busca de novas oportunidades de prevenção de doenças do sistema imunológico. Outros estudos para atingir essa meta já estão em andamento”, destacou o Dr. Heikki Hyöty.

A biodiversidade aumenta a diversidade microbiana

Durante o estudo, vegetação rasteira, grama e canteiros, nos quais as crianças plantavam e cuidavam das plantações, foram adicionados a áreas pavimentadas, ladrilhadas e revestidas de cascalho em creches.

O contato com a natureza repetido cinco vezes por semana durante um mês aumentou a diversidade microbiana na pele das crianças. Também ocorreram alterações nos hemogramas. O aumento da gamaproteobactéria, que fortalece a defesa imunológica da pele, aumentou o conteúdo da citocina TGF-β1 multifuncional no sangue e reduziu o conteúdo da interleucina-17A, que está ligada a doenças imunotransmissíveis. “Isso apoia a suposição de que o contato com a natureza previne distúrbios do sistema imunológico, como doenças autoimunes e alergias”, disse o Dr. Sinkkonen.

“Também descobrimos que a microbiota intestinal das crianças que estavam em contato com a vegetação [nas creches] era semelhante à microbiota intestinal das crianças que estavam em contato com florestas [ou áreas verdes] todos os dias”, disse a pesquisadora Dra. Marja Roslund, da Universidade de Helsinque.

Com base neste estudo e em estudos comparativos anteriores, o Dr. Sinkkonen fez o seguinte pedido: “As áreas externas das creches devem ser transformadas em áreas verdes, porque isso vai melhorar a regulação do sistema imunológico das crianças em apenas um mês. Além disso, as habilidades motoras e a capacidade de concentração das crianças vão melhorar, e elas terão uma relação mais próxima com a natureza”.

De acordo com o Dr. Juho Rajaniemi, o estudo mostra que um ambiente de vida agradável que melhora o bem-estar pode ser construído com custos baixos. “Devem ser planejados tantos ambientes verdes funcionais quanto possível nas cidades”, incentivou o pesquisador.

Micróbios naturais oferecem várias proteções

Quando estamos em contato com a natureza, nos expomos a uma ampla gama de micróbios, que ativam diferentes partes de nosso sistema de defesa. “Devemos modificar nosso cotidiano para estar em contato com a natureza. Seria melhor se as crianças pudessem brincar em poças e todos pudessem ter contato com solo orgânico. Poderíamos levar nossos filhos para a natureza cinco vezes por semana para ter [esse] impactodos micróbios”, incentivou o Dr. Sinkkonen, que lembra da importância da vacinação antitetânica.

Durante o estudo, 75 crianças de creches de três a cinco anos foram acompanhadas por um mês em dez creches das cidades de Lahti e Tampere, na Finlândia. As modificações em termos de micróbios em crianças que frequentavam creches com áreas verdes foram comparadas com crianças que frequentavam creches normais (sem área verde) ou creches naturais (sem área verde, mas com passeios regulares). Os resultados sugerem que a intervenção na biodiversidade aumenta as vias imunorregulatórias e fornece um incentivo para futuras abordagens profiláticas para reduzir o risco de doenças imunomediadas nas sociedades urbanas.

O estudo foi publicado na revista científica Science Advances.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Tampere (em inglês).

Fonte: Universidade Tampere e Instituto de Recursos Naturais da Finlândia. Imagem: Helena Lopes via Unsplash.

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