Notícia

Vazamento de óleo foi o “mais severo desastre ambiental” em oceanos tropicais

Derramamento afetou  extensão de mais de 3 mil quilômetros de costa

Marcos Brandão/Senado Federal

Fonte

UFC | Universidade Federal do Ceará

Data

quinta-feira, 16 janeiro 2020 09:15

Áreas

Biodiversidade. Gestão de Resíduos. Monitoramento Ambiental.

Os primeiros resultados dos estudos do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará (UFC) sobre o vazamento de óleo na costa nordestina do Brasil, ocorrido em 2019, apontam que o derramamento possui extensão de mais de 3 mil quilômetros de costa, fazendo desse o mais severo desastre ambiental já registrado em oceanos tropicais do planeta.

As análises estão em dois artigos publicados na revista científica Science. No primeiro artigo, intitulado “Brazil oil spill response: time for coordination“, os pesquisadores do LABOMAR calculam que o óleo atingiu mais de 40 unidades de conservação.

Além disso, houve impacto, ainda não mensurado, em uma grande diversidade de ambientes e ecossistemas marinhos e costais, como praias, manguezais, estuários, bancos de gramas marinhas, bancos de algas calcárias e recifes de corais.

Um dos autores do artigo, o professor Dr. Marcelo Soares, do LABOMAR, ressalta que o detalhamento dos impactos ainda deve ocorrer, mas alguns deles já podem ser percebidos. “Os mais relevantes são a contaminação a longo prazo de ecossistemas tropicais, perda de biodiversidade, insegurança alimentar de comunidades, perdas econômicas de pescadores artesanais, danos psicológicos às comunidades afetadas e danos às unidades de conservação”, diz o especialista.

O artigo aponta ainda que uma resposta rápida para combater os efeitos do óleo foi “quase impossível” por conta de uma falha na ação governamental, sendo percebida uma baixa coordenação de ações com as organizações não governamentais, as forças militares, a sociedade civil e os estados e municípios atingidos.

Outros fatores citados como prejudiciais são a extinção de comitês específicos para a resolução de acidentes com óleo; o atraso na aplicação de medidas corretivas e preventivas; a não aplicação do Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo, e cortes financeiros em pesquisas e políticas ambientais que pudessem auxiliar as instituições brasileiras a enfrentar o desastre e entender os impactos para os próximos anos.

Rodólitos

O segundo artigo, intitulado “Brazil oil spill response: protect rhodolith beds“, avalia o possível impacto nos bancos de rodólitos, ecossistemas marinhos compostos principalmente por algas calcárias presentes na costa brasileira. Trata-se de ambientes que, apesar de importantes pela diversidade biológica e presença de espécies de valor econômico, seguem sem proteção adequada.

No Brasil, os bancos de rodólitos cobrem uma área potencial de 229 mil quilômetros quadrados, e sua contaminação pelo óleo derramado pode comprometer a segurança alimentar das regiões onde estão presentes, já que prejudica a conservação da biodiversidade. Outro problema, de alcance global, é o consequente desequilíbrio na presença de carbono dos oceanos, já que os bancos de rodólitos possuem papel primordial na captura desse elemento.

O professor Marcelo Soares explica que um estudo feito com modelagem digital indica que a área de ocorrência dos bancos de rodólitos coincide com a área atingida pelo óleo, o que permite inferir a contaminação. “O óleo está no fundo do mar e se precipita junto a essas algas, prejudicando sua função de berçário da vida marinha e de captura de carbono, pois [esses bancos] podem agir como uma floresta marinha, tendo importante função no combate a mudanças climáticas”, lembra o pesquisador.

Acesse o resumo do primeiro artigo (em inglês).

Acesse o resumo do segundo artigo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFC.

Fonte: Universidade Federal do Ceará. Imagem: Marcos Brandão/Senado Federal.

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