Notícia

Usando abelhas como biomonitoras, pesquisadores verificam até que ponto a resistência antimicrobiana e poluentes estão se espalhando

Pesquisadores examinaram abelhas procurando integrons de Classe 1, principais impulsionadores da resistência aos antibióticos, e também metais tóxicos, como o chumbo

Muhammad Mahdi Karim via Wikimedia Commons

Fonte

Universidade Macquarie

Data

quarta-feira, 30 agosto 2023 13:50

Áreas

Biologia. Ciência Ambiental. Ecologia. Gestão de Resíduos. Microbiologia. Monitoramento Ambiental. Saúde. Sociedade. Toxicologia. Zoologia.

Pelo menos 700.000 pessoas morrem todos os anos devido a doenças resistentes a medicamentos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que estima que 10 milhões de pessoas morrerão devido à resistência antimicrobiana (RAM) até 2050. Mas existem poucas ferramentas para acompanhar sua propagação no meio ambiente.

Recentemente, em um estudo publicado na revista científica Environmental Science and Technology, pesquisadores recrutaram abelhas melíferas, que podem ser interessantes do ponto de vista científico já que interagem com contaminantes no solo, poeira, ar, água e pólen enquanto se alimentam.

“As abelhas interagem com os ambientes humanos, por isso são um bom indicador de poluição que pode representar risco de danos aos seres humanos”, disse a Dra. Kara Fry, primeira autora do estudo, pesquisadora da Escola de Ciências Naturais da Universidade Macquarie, na Austrália, e também pesquisadora sênior da Environment Protection Authority Victoria (EPA Victoria). “As abelhas vivem apenas cerca de quatro semanas, então tudo o que você vê em uma abelha é algo que está no meio ambiente agora”, continuou a pesquisadora.

A Dra. Fry, junto com o Dr. Mark Taylor, autor principal do estudo e cientista ambiental Chefe da EPA Victoria, examinou 18 colmeias de apicultores na Grande Sydney em uma mistura de tipos de uso da terra. Ela coletou amostras de oito abelhas de cada colmeia para ver o que havia em seu trato digestivo.

Especificamente, ela estava procurando elementos genéticos chamados integrons de Classe 1, principais impulsionadores da resistência aos antibióticos. Ela também procurou metais tóxicos, como o chumbo.

“À medida que os humanos libertaram as suas próprias bactérias no ambiente, os integrons de Classe 1 espalharam-se para outros sistemas naturais. Agora você pode encontrá-los em todos os continentes, até mesmo na Antártida. Você pode encontrá-los em espaços muito diversos”, disse a Dra. Kara Fry.

O estudo descobriu que mais de 80% das abelhas amostradas em todas as colmeias mostraram resultados positivos para um ou mais alvos de resistência antimicrobiana, surpreendendo os pesquisadores ao mostrar que a RAM é prevalente independentemente do contexto de uso do solo.

Os pesquisadores esperavam encontrar mais integrons em áreas mais densamente povoadas. Em vez disso, encontraram-nos distribuídos por uma área extremamente ampla, mas com concentrações mais elevadas em torno de corpos d’água, como represas e lagos.

“Suspeitávamos que a presença de corpos d’água locais que coletam o escoamento fosse uma fonte crítica de contaminação por RAM. Tudo o que sai da captação é drenado e depois permanece naquele sistema. Como previsto, os dados do nosso estudo mostraram que as áreas residenciais e industriais foram fortemente impactadas pelo chumbo ambiental, com maiores concentrações em áreas mais densamente povoadas. Por outro lado, a RAM foi muito mais difundida em todo o ambiente urbano”, destacou a Dra. Kara Fry.

Embora a capacidade de monitorizar os poluentes e determinar onde as suas concentrações são mais elevadas possa constituir uma ferramenta inestimável para compreender onde implementar ações ambientais, a descoberta da difusão da RAM também constitui um alerta para que as pessoas alterem o seu comportamento.

“Os principais impulsionadores da RAM são o uso indevido e excessivo de produtos antimicrobianos. A mensagem desta pesquisa reforça a necessidade de usar antibióticos quando necessário e conforme as instruções, e de descartá-los de forma adequada, devolvendo os medicamentos não utilizados à sua farmácia. Além disso, devemos também olhar para os produtos que usamos em nossas casas e evitar aqueles com agentes antimicrobianos adicionados”, reforçou a pesquisadora.

Os pesquisadores estão agora investigando o uso de abelhas para detectar outros contaminantes ambientais, bem como explorando se certas espécies de aves poderiam ser usadas no biomonitoramento.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Macquarie (em inglês).

Fonte: Fran Molloy, Universidade Macquarie. Imagem: Muhammad Mahdi Karim via Wikimedia Commons.

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