Notícia
Unidades de Conservação brasileiras são incapazes de proteger as espécies que se deslocam por sobrevivência
Em mais de 70% dos cenários analisados, há indícios de que as espécies devem se deslocar para fora de áreas protegidas em busca de condições climáticas adequadas
Lima Andruška via Wikimedia Commons
Fonte
UFRJ | Universidade Federal do Rio de Janeiro
Data
segunda-feira, 4 dezembro 2023 13:15
Áreas
Biodiversidade. Biologia. Ciência Ambiental. Conservação. Ecologia. Geografia. Monitoramento Ambiental. Zoologia.
A mudança na distribuição geográfica das espécies é um dos efeitos sobre a biodiversidade provocados pelas alterações climáticas. As áreas adequadas e preservadas para a permanência de uma espécie estão ficando inabitáveis, enquanto outras desprotegidas se transformam em novo habitat. Um estudo publicado na revista científica Biological Conservation analisou artigos produzidos sobre esse tema para o Brasil, identificando que, sozinha, a atual rede de Unidades de Conservação (UCs) não será capaz de proteger a biodiversidade nacional frente às alterações no clima.
O estudo avaliou 341 projeções para plantas e animais terrestres. Em mais de 70% dos cenários, há indícios de que as espécies devem se deslocar para fora de unidades em busca de condições climáticas adequadas ou terão sua distribuição total muito reduzida. A previsão é que Amazônia, apesar de ser o bioma com maior cobertura de UCs no país, alcance a maior taxa anual de perda de espécies dentro das áreas protegidas, seguida da Mata Atlântica e do Cerrado, dois hotspots de biodiversidade onde a alta taxa de desmatamento aumenta ainda mais a vulnerabilidade das espécies.
O grande problema está relacionado ao fato de as Unidades de Conservação nacionais serem estáticas e a biodiversidade se movimentar em busca de melhores condições ambientais. A maioria das UCs foi concebida com o intuito de conter o desmatamento e a ação antrópica direta, mas sem levar em consideração o deslocamento das espécies em resposta à emergência climática. “O estudo alerta sobre a potencial perda da principal função das Unidades de Conservação, que foram desenhadas para garantir a manutenção da biodiversidade. Buscando boas condições climáticas em regiões desprotegidas, as espécies continuarão em risco”, comentou a Dra. Stella Manes, pesquisadora do Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS) e uma das autoras do estudo.
Entre as recomendações dos autores para garantir a manutenção da proteção destas espécies no futuro, está o simples fato de considerar o impacto das mudanças climáticas no desenho de novas áreas de conservação para onde as espécies estão sendo empurradas e se deslocam por sobrevivência. “Muitas das projeções indicam que as mudanças climáticas empurrarão as espécies para fora das Unidades de Conservação, onde estarão desprotegidas. O estabelecimento de novas Unidades de Conservação é fundamental”, disse Artur Malecha, biólogo do Laboratório de Vertebrados do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que também assina o estudo. Segundo outra autora, a professora Dra. Mariana Vale, também do Instituto de Biologia da UFRJ, o deslocamento da biodiversidade não coloca apenas as próprias espécies em risco, mas também pode desencadear uma perda nos benefícios providos diretamente por elas para a população nacional.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Fonte: Sidney Rodrigues Coutinho, Conexão UFRJ. Imagem: Lima Andruška via Wikimedia Commons.
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