Notícia
Um novo avanço na reciclagem de plásticos
Cientistas desenvolvem método de reciclagem que transforma polietileno em propileno, com alto valor agregado
sergiorojoes via Freepik
Fonte
UCSB | Universidade da Califórnia em Santa Bárbara
Data
quinta-feira, 6 outubro 2022 06:20
Áreas
Embalagens. Engenharia Ambiental. Gestão de Resíduos. Indústria. Inovação. Materiais. Química. Reciclagem. Tecnologias.
Cientistas da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara (UCSB) e da Dow, nos Estados Unidos, desenvolveram um processo inovador para transformar o plástico mais amplamente produzido – o polietileno (PE) – no segundo plástico mais produzido, o polipropileno (PP), que poderia reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE).
“O mundo precisa de mais e melhores opções para extrair a energia e o valor molecular de seus resíduos plásticos”, disse a Dra. Susannah Scott, coautora do estudo e professora da UCSB. Os métodos convencionais de reciclagem de plástico resultam em moléculas de plástico de baixo valor e, portanto, oferecem pouco incentivo para reciclar as montanhas de resíduos plásticos que se acumularam nas últimas décadas. Mas, acrescentou a professora Susannah Scott, “transformar polietileno em propileno, que pode ser usado para fazer um novo polímero, é como começamos a construir uma economia circular para os plásticos”.
“Começamos conceituando essa abordagem e demonstramos sua promessa primeiro por meio de modelagem teórica – agora provamos que isso pode ser feito experimentalmente de uma maneira escalável e potencialmente aplicável às demandas atuais da indústria”, disse o Dr. Damien Guironnet, também coautor do estudo e professor de Engenharia Química e Biomolecular na Universidade de Illinois, que publicou o primeiro estudo descrevendo as reações catalíticas necessárias em 2020.
O novo estudo, publicado na revista científica Journal of the American Chemical Society, anuncia uma série de reações catalíticas acopladas que transformam o PE, que é o plástico que representa 29% do consumo mundial de plástico, em propileno, que é o principal ingrediente para produzir o PP, que representa cerca de 25% do consumo mundial de plástico.
Este estudo estabelece uma prova de conceito para reciclagem de plástico PE com mais de 95% de seletividade em propileno. Os pesquisadores construíram um reator que cria um fluxo contínuo de propileno que pode ser convertido em PP facilmente usando a tecnologia atual – tornando essa descoberta escalável e rapidamente implementável.
“Nossa análise preliminar sugere que, se apenas 20% do PE do mundo pudesse ser recuperado e convertido por essa rota, isso poderia representar uma economia potencial de emissões de GEE comparável a tirar 3 milhões de carros das ruas”, disse Garrett Strong, doutorando que trabalha no projeto.
O objetivo é cortar cada molécula de PE muito longa várias vezes para obter muitos pedaços pequenos, que são as moléculas de propileno. Primeiro, um catalisador remove o hidrogênio do PE, criando um local reativo na cadeia. Em seguida, a cadeia é dividida em duas neste local usando um segundo catalisador, que cobre as extremidades usando etileno. Finalmente, um terceiro catalisador move o sítio reativo ao longo da cadeia PE para que o processo possa ser repetido. Eventualmente, tudo o que resta é um grande número de moléculas de propileno.
“Agora que estabelecemos a prova de conceito, podemos começar a melhorar a eficiência do processo projetando catalisadores mais rápidos e produtivos, possibilitando o aumento de escala”. Como nosso produto final já é compatível com os atuais processos de separação da indústria, melhores catalisadores tornarão possível implementar esse avanço rapidamente”, destacou a professora Susannah Scott.
O trabalho apresentado na publicação científica é altamente complementar a um artigo publicado na revista Science. Ambos os grupos usaram plásticos virgens e produtos químicos semelhantes. No entanto, a equipe envolvida no estudo publicado na revista Science usou um processo diferente em um reator em batelada fechado, exigindo uma pressão muito mais alta – que consome muita energia – e a necessidade de reciclar mais etileno.
“Se quisermos reciclar uma fração significativa dos mais de 100 milhões de toneladas de resíduos plásticos que geramos a cada ano, precisamos de soluções altamente escaláveis”, disse o professor Damien Guironnet. “Nossa equipe demonstrou a química em um reator de fluxo que desenvolvemos para produzir propileno de forma altamente seletiva e contínua. Este é um avanço fundamental para lidar com o imenso volume do problema que estamos enfrentando”.
Os pesquisadores da Dow também estiveram envolvidos neste trabalho. “A Dow está assumindo um papel de liderança na condução de uma economia mais circular, projetando para a circularidade, construindo novos modelos de negócios para materiais circulares e fazendo parcerias para acabar com o lixo plástico”, disse o Dr. Ivan Konstantinov, cientista sênior e coautor da Dow. “Como financiador deste projeto, estamos comprometidos em encontrar novas maneiras de eliminar os resíduos plásticos e somos incentivados por essa abordagem.”
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (em inglês).
Fonte: Sonia Fernandez, UCSB. Imagem: sergiorojoes via Freepik.
Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.
Por favor, faça Login para comentar