Notícia
Torre Verde na Rocinha reproduz conceito de economia circular
Em cada andar da torre os visitantes têm contato com uma tecnologia socioambiental, como energia solar, compostagem e aproveitamento da água da chuva
Divulgação, FAPERJ. Maquete: Azevedo Agência de Arquitetura
Fonte
FAPERJ | Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Data
domingo, 30 outubro 2022 15:35
Áreas
Economia. Economia Solidária. Educação Ambiental. Energia. Engenharia Ambiental. Gestão Ambiental. Gestão de Resíduos. Saúde Ambiental. Sociedade. Sustentabilidade, Tecnologias.
Projeto pioneiro no Brasil sobre economia circular e inovação tecnológica, a Torre Verde – Rocinha começou a receber a visita de alunos de duas escolas da comunidade. Contemplado no edital Apoio às Bases para o Parque de Inovação Social e Sustentável na Rocinha da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), o projeto adota um conjunto de práticas de tecnologia socioambiental e pretende servir de modelo para replicação. O sistema inclui geração de energia através de placas solares, captação de água da chuva para irrigação automática de hortas e jardins suspensos e transformação de resíduo orgânico em adubo através de uma aceleradora de compostagem.
A torre é uma estrutura de andaime com quatro pavimentos, dimensão total de 5m x 5m x 12,5m, incluindo uma rampa de acessibilidade. No nível mais alto foram instaladas oito placas solares para a geração de energia limpa. No terceiro andar ficam acomodadas quatro caixas d’água de 500 litros cada e é também o local da horta comunitária para a produção de alimentos orgânicos. No segundo nível, com rampa de acesso à torre, há um local para manuseio de mudas e adubo e o andar térreo, reservado para armazenamento de material. A aceleradora de compostagem, a mesa trituradora e a balança ficam em uma sala de uma das escolas, próxima à torre.
Segundo Monica Garcia, uma das idealizadoras do projeto e diretora da Associação Brasileira de Pesquisa e Projetos em Educação (ONG Entrelaces), a Torre verde foi um processo de aprendizado e construção, com a ajuda do ex-presidente e atual conselheiro da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), José Alberto Sampaio Aranha. “Temos aprendido muito ao longo do processo, que começou com uma ideia e foi se adaptando a partir da realidade em campo”, explicou. No início, chegou a ser recusado pela FAPERJ, que exigia um local determinado, com matrícula no Registro Geral de Imóveis (RGI) para sua implantação. O que parecia um obstáculo acabou sendo o caminho para o local ideal do protótipo da torre, que passou a ocupar o pátio das escolas municipais CIEP Doutor Bento Rubião e Luiz Paulo Horta (na Estrada da Gávea, 522), nas quais estudam 780 alunos do ensino fundamental.
Monica contou que o momento fundamental na concepção da torre foi quando o arquiteto Rodrigo Azevedo, da Azevedo Agência de Arquitetura (AAA), parceiro do projeto, sugeriu uma estrutura vertical em vez de horizontal, devido à falta de espaço na comunidade. “Foi o que validou nossa proposta”, afirmou Monica. Nos seis meses desde a assinatura do contrato, Monica, que é especialista em gestão financeira, foi ajustando o projeto em função do orçamento e das interações com os diversos parceiros. Para se ter uma ideia, só o aluguel dos andaimes custa R$ 12.500 por mês.
A Torre Verde – Rocinha (@projeto_torre_verde) é um esforço de colaboração, uma parceria público-privada (PPP) viabilizada através do apoio técnico da ONG Entrelaces, da Azevedo Agência de Arquitetura, da Impacto Insolar Painéis Solares, da Atuação Ambiental AMB&TECH, da Aceleradora de compostagem DarVida, da Cooperativa Popular Amigos do Meio Ambiente (Coopama), da Minha Coleta logística de resíduos e do Instituto TJM (Tamo Junto) Rocinha. “Além dos recursos investidos, o edital da FAPERJ teve o mérito de trazer várias universidades para interagir com os projetos de campo”, ressaltou a economista formada na Universidade Bentley, nos Estados Unidos, com MBA em Finanças pelo Ibmec.
O principal objetivo da Torre Verde é a disseminação da economia circular, baseada nos pilares dos 3R’s (Reduzir, Reutilizar e Reciclar) para alunos, familiares, professores, diretores, funcionários e interessados. A meta é reduzir os impactos ambientais gerados pelo lixo (orgânico e inorgânico); transformar os resíduos orgânicos em adubo; gerar energia verde; desenvolver um modelo de subsistência através de hortas comunitárias que produzam alimentos orgânicos em um sistema de policultivo; promover a valorização social e geração de renda através da contratação de mão de obra local e promover o entrelaçamento cultural e a troca de saberes entre a comunidade da Rocinha e governos, empresas, sociedade civil e universidades.
Com inauguração marcada para 18 de novembro, quando passará a receber visitantes, a Torre Verde já está acolhendo as turmas de alunos das duas escolas, que, de capacete – uma recomendação do engenheiro de segurança – têm a experiência literal de colocar a mão na massa – no caso a terra – e demais insumos, como o adubo obtido pela reciclagem do lixo orgânico das duas cozinhas das escolas, usados na horta comunitária e nas jardineiras, distribuídas ao longo da estrutura como forma de guarda-corpo. A torre, que à noite recebe uma iluminação arroxeada, específica para estimular o crescimento das plantas, acaba funcionando como um living lab (laboratório aberto) para os alunos. Giliard Barreto, morador e agente comunitário da comunidade, com a ajuda da engenheira agrícola e ambiental Beatriz Giglio, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) é quem está responsável por receber as visitas à torre, que até 15 de novembro estão restritas aos alunos. “A Torre tem sido um exemplo de organização social na forma de negócio”, disse Monica Garcia.
Acesse a notícia completa na página da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro.
Fonte: Paula Guatimosim, FAPERJ. Imagem: Divulgação, FAPERJ. Maquete: Azevedo Agência de Arquitetura.
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