Notícia

Tecnologia ajuda a mapear qualidade de ruas e calçadas

Método de avaliação desenvolvido pela Unicamp e Universidade Estadual da Pensilvânia auxilia em projetos de novas vias

Dra. Marcela Noronha

Fonte

Jornal da Unicamp e Agência de Inovação Inova Unicamp

Data

terça-feira, 12 julho 2022 06:35

Áreas

Arquitetura. Cidades. Construção Civil. Engenharia Civil. Mobilidade Urbana. Sociedade.

No período em que morou na Itália, a Dra. Marcela Noronha, ex-doutoranda da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas (FECFAU/Unicamp), não precisava de carro. Ela ia para todos os lugares a pé. A realidade é diferente em Campinas, onde a arquiteta vive atualmente. Aqui, o uso dos veículos, próprios ou coletivos, é quase indispensável para sair de casa. A experiência fez Marcela repensar sobre o que torna as ruas urbanas tão caminháveis em determinadas regiões e perigosas ou até inviáveis para os pedestres em outras.

O resultado da pesquisa foi o desenvolvimento de um novo método de avaliação que utiliza a computação e a matemática para auxiliar os projetistas e planejadores urbanos. A tecnologia, com pedido de patente depositado pela Agência de Inovação Inova Unicamp, mapeia o desenho das ruas e fornece informações quantitativas que podem dar suporte a projetos privados ou políticas públicas de mobilidade urbana de forma automatizada.

O método, que compõe o Portfólio de Tecnologias da Unicamp, avalia o nível de serviço de ruas e calçadas a partir de 11 padrões descritos na literatura e alguns desenvolvidos pela inventora durante o doutorado-sanduíche, incluindo cruzamentos, faixas de estacionamento até o raio de giro das esquinas e a arborização das vias. A análise desses indicadores gera uma nota global que vai de A até E, informando se a via está ou não cumprindo seu papel ou se precisa, no caso de ruas já existentes, ser ‘retrofitada’ para a viabilização de um adensamento urbano sustentável. O termo retrofit, já abrasileirado, indica a adaptação de uma infraestrutura com o objetivo de ajustá-la para novas necessidades que não foram previstas no projeto inicial.

“Cada rua tem diferentes tipologias, fluxo de carros, número de faixas e largura da calçada. O que fizemos foi pensar quais são essas regras e como elas se combinam, com base na gramática da forma”, disse Marcela, que foi orientada pela Dra. Maria Gabriela Caffarena Celani, professora da FECFAU. Pela nova metodologia é possível comparar o estado inicial e final de uma rua para saber, antes do início da obra, o impacto que as intervenções podem causar no fluxo, segurança, acessibilidade e no nível de conforto para motoristas e, principalmente, para os pedestres.

Análises automatizadas

A metodologia foi testada em State College, no distrito de Centre County, localizado no Estado norte-americano da Pensilvânia. O levantamento, feito sob a orientação do Dr. José Pinto Duarte, professor de arquitetura e paisagismo da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State), apontou diversos problemas de caminhabilidade na pequena cidade universitária.

Segundo o professor José Duarte, há uma crença de que adaptar uma malha urbana a condições de tráfego diferentes para, por exemplo, promover o tráfego de pedestres em vez do veicular, implica em grandes alterações no traçado das ruas e é dispendioso. “O interessante nesta nova abordagem é que ela permite identificar os pontos chave em que alterações mínimas no traçado permitem atingir o impacto geral desejado. Assim, as intervenções são pontuais, podem ser feitas de forma incremental e com custos mínimos diferidos no tempo”, explicou o pesquisador.

A aplicação da metodologia nas ruas do distrito gerou um desenho aprimorado, ampliando o espaço destinado para os pedestres. A partir da sintaxe espacial, foram definidas as hierarquias viárias e as ruas com maior fluxo de pedestres na malha inicial do distrito e a proposição de alterações que incluíam a instalação de faixas de estacionamento junto às guias, travessias de pedestre elevadas e até a transformação de uma das ruas em calçadão. Após o ‘retrofit’, o conceito de uma das vias passou da nota E para B, melhorando a caminhabilidade.

O modelo tem foco no uso de regras e indicadores geométricos que simplificam a coleta de dados e permitem a automação do processo, podendo ser implementado em uma ferramenta de computador. Outra vantagem da metodologia está na capacidade de gerar múltiplas opções de intervenção para uma mesma rua, o que abre o diálogo com os projetistas, inclusive em processos participativos, nos quais a escolha não é determinada somente pela percepção do usuário ou apenas pelo resultado da máquina.

Acesse a notícia completa na página do Jornal da Unicamp ou na Agência de Inovação Inova Unicamp.

Fonte: Jornal da Unicamp e Ana Paula Palazi, Agência de Inovação Inova Unicamp. Imagem: Dra. Marcela Noronha.

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