Notícia
Software possibilita controlar pressão de água em rede de distribuição
Divulgação
Fonte
Elton Alisson | Pesquisa para Inovação
Data
terça-feira, 30 janeiro 2018 16:00
Áreas
Recursos Hídricos, Saneamento, Sustentabilidade
Um software já utilizado pela Coca-Cola Femsa para reduzir o desperdício de líquido no envase de refrigerantes permitiu reduzir em 2% a perda de água por vazamento – percentual equivalente a 2,5 milhões de metros cúbicos por ano – na distribuição na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.
Batizado de Leaf, o sistema, desenvolvido pela I.Systems – uma empresa apoiada pelo Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da FAPESP –, será testado agora para controlar a captação de água de rios que abastecem a região fluminense, compreendida pelos municípios de Araruama, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Cabo Frio, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia e Saquarema.
“Em razão dos bons resultados alcançados com a aplicação do software no controle da distribuição de água surgiu a oportunidade de expandir seu uso para a captação e, dessa forma, abranger todo o sistema de abastecimento da Região dos Lagos”, disse Igor Santiago, presidente da I.Systems.
De acordo com Santiago, a tecnologia de controle de diversas variáveis em uma linha de produção baseado em lógica fuzzy (ramo da inteligência artificial), desenvolvida pela startup, é hoje utilizada por mais de 35 empresas.
A economia de 2% na perda por vazamento foi possível devido ao controle da pressão da água pelo software nas redes de distribuição da concessionária responsável pelos serviços de saneamento da região fluminense, a Prolagos.
“O controle de pressão da água em uma rede de distribuição é considerado um dos pontos operacionais mais importantes na distribuição de água. Enquanto uma pressão baixa pode não ser suficiente para transportar água para os pontos mais distantes e elevados de uma cidade, altas pressões aumentam as perdas por vazamento e podem gerar rompimento de tubulações”, explicou Santiago.
A fim de controlar a pressão nos diversos pontos de uma tubulação, as redes de distribuição utilizam bombas (boosters, em inglês), para direcionar o fluxo da água com alta pressão, e válvulas redutoras de pressão (VRPs), com o objetivo de estabilizar a pressão nos diversos pontos da tubulação. A tecnologia atual, contudo, não consegue observar em tempo real e de forma integrada toda a rede de distribuição.
“A tecnologia disponível até então basicamente olha para a pressão da água antes da bomba ou da válvula e decide o que esses equipamentos devem fazer. Só que isso pode gerar impactos mais para a frente, como a falta de água nas torneiras ou uma elevação de pressão que pode gerar ruptura de duto”, disse Santiago.
Controle remoto
A solução desenvolvida pela empresa foi interligar no sistema de inteligência artificial diversas informações, como o dia da semana (se feriado ou não), o horário, a temperatura na região, a época do ano (período de férias ou não) e a previsão de chuva, entre outras, para ajustar automaticamente a pressão da água na rede de distribuição.
Ao observar esse conjunto de informações, o sistema é capaz de adaptar a pressão às demandas instantâneas de água e prever o fornecimento para um período de até 72 horas.
“Por meio desse conjunto de informações, o sistema de inteligência artificial faz uma projeção e atribui uma responsabilidade de pressão de água para cada bomba e válvula da rede de distribuição”, disse Santiago.
“É como se todas as válvulas e bombas que compõem a rede passassem a funcionar com uma inteligência única, de forma global e integrada, e não de modo individual. Com isso, é possível evitar que a atuação em uma válvula, por exemplo, cause efeitos indesejados em outro ponto da rede e otimizar a operação como um todo”, afirmou.
Durante uma semana, o sistema se adequou ao perfil de fornecimento da região e otimizou automaticamente o controle de pressão. O resultado foi uma redução da vazão média no período de 5,8%, sem prejudicar o abastecimento.
O controle mais eficiente proporcionado pelo software também resultou em uma redução de 15% na vazão mínima noturna e, consequentemente, gerou uma redução nos índices de perda da região.
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