Notícia

Será que nossa saúde depende dos ambientes que frequentamos?

Pixabay

Fonte

Eleanor Nelsen, Virgínia Tech

Data

quinta-feira, 20 julho 2017 16:00

Áreas

Meio Ambiente, Qualidade do Ar, Saúde

Quando consideramos como os ambientes internos influenciam nossa saúde, muitas vezes pensamos primeiro em como esses ambientes mudam nosso estilo de vida, encorajando-nos a ser mais sedentários ou menos sociais. Mas há uma outra maneira em que nosso tempo dentro de um lugar fechado afeta nossa biologia: o contato com substâncias deste ambiente.

Em um artigo publicado na revista científica Environmental Science and Technology, pesquisadores da Universidade e Instituto Politécnico da Virgínia (Virginia Tech), nos Estados Unidos, apresentaram um modelo conceitual de engenharia para estudar como o ambiente interno influencia o que está “exposto”.

O “exposto” é o agregado de todos os produtos químicos, micróbios e radiação a que você está exposto em relação à água que você bebe, aos alimentos que você come, ao ar que você respira e aos objetos que você toca“, disse a Dra. Linsey Marr, professora de engenharia civil e ambiental na Faculdade de Engenharia da Virgínia Tech. “É tudo com o que seu corpo entra em contato”.

No ambiente interno ou em “áreas construídas”, o projeto do local; os materiais de construção; os diversos sistemas de ar condicionado, o tipo de iluminação e até mesmo fatores como a escolha do sabão  para lavar as mãos – todos esses itens afetam esse “exposto”.

Compreender essas influências é um passo em direção ao projeto de edifícios que têm um impacto positivo na saúde humana.

“Por exemplo, a Legionella é um agente patógeno normalmente encontrado na água potável, mas a rota de exposição e transmissão da bactéria é pelo ar: as bactérias causam doenças quando as gotículas de água em aerossol são respiradas”

“Estamos tentando levantar algumas das questões fundamentais que precisamos abordar quando consideramos a exposição do ambiente construído”, afirmou o Dr. A. J. Prussin, que também participa do estudo.

Os Centros para o Controle de Doenças nos Estados Unidos estimam que os fatores ambientais podem ser responsáveis ​​por até 90 por cento das doenças humanas. Para a maioria dos americanos, que gastam cerca de 90 por cento do seu tempo em ambientes fechados, o ambiente que provavelmente terá o maior impacto em termos de saúde é aquele criado por edifícios como escritórios e casas, onde a exposição das pessoas é bem diferente da que acontece em ambientes externos.

No trabalho científico, os pesquisadores descrevem a exposição interna em termos de produtos químicos, partículas e micróbios no ar, água potável ou superfícies de contato. E enfatizam que uma das chaves para estudar o “exposto” com precisão é reconhecer que essas substâncias e rotas de exposição são interdependentes.

Quando respiramos em um ambiente com pó, também adquirimos os micróbios e produtos químicos que se apegam a essas partículas. Os desinfetantes adicionados à água potável para alterar suas comunidades microbianas também criam subprodutos químicos. E, embora geralmente seja claro se uma substância entra no seu corpo a partir do ar, da água ou do contato com uma superfície, o caminho que essa substância leva para estar disponível ali pode ser complexo.

As substâncias na água podem ser aerossolizadas no ar e depois podem se depositar sobre superfícies; as partículas que estão sobre superfícies podem ser sopradas no ar ou lavadas e se juntarem à água.

Por exemplo, a Legionella é um agente patógeno normalmente encontrado na água potável, mas a rota de exposição e transmissão da bactéria é pelo ar: as bactérias causam doenças quando as gotículas de água em aerossol são respiradas.

“Não é simples. Não podemos simplesmente nos concentrar no problema da água”, disse o Dr. Dongjuan Dai, autor principal do artigo. “A água e o ar estão correlacionados”.

Os controles de engenharia podem alterar a exposição e melhorar a saúde – os sistemas de mitigação do radônio são um exemplo comum. Mas antes que os engenheiros possam determinar quais materiais de encanamento ou sistemas de ventilação ou tipos de tinta são mais benéficos, eles devem identificar exatamente como cada uma dessas escolhas influencia a exposição interna e o impacto sobre a saúde.

Investigar a conexão entre saúde e a exposição é mais complicado. Em vez de identificar um único patógeno responsável por uma doença específica, os pesquisadores devem considerar uma rede de milhares de exposições inter-relacionadas e suas contribuições combinadas para condições como asma e obesidade, por exemplo.

Cientistas e engenheiros com diferentes formações precisarão trabalhar juntos para resolver esse problema. “O problema do exposto, por sua natureza, requer uma abordagem colaborativa interdisciplinar”, disse a Dra. Marr. “Nenhuma pessoa tem conhecimentos suficientes para abordar adequadamente esse problema”.

Centro de Tecnologia Crítica e Ciências Aplicadas da Virginia Tech reúne especialistas em engenharia ambiental trabalhando em identificação de comunidades microbianas, qualidade de água potável, poluentes aéreos e outras especialidades.

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