Notícia
Segundo pesquisadores, para resposta e adaptação às mudanças climáticas é fundamental colaboração em todos os níveis de governo
Novo estudo sugere que a orientação da política regional é crítica – e eficaz – para estimular a adaptação climática local
Renzo D'souza via Unsplash
Fonte
Universidade de Alberta
Data
sexta-feira, 18 novembro 2022 06:45
Áreas
Cidades. Ciência Ambiental. Clima. Ecologia. Geografia. Gestão Ambiental. Mudanças Climáticas. ODS. Políticas Públicas. Queimadas. Saúde. Sociedade.
No Canadá, como na maioria dos lugares do mundo, o planejamento de adaptação às mudanças climáticas adota uma abordagem de cima para baixo. Mas novas descobertas de pesquisadores da Universidade de Alberta sugerem que uma abordagem integrada que incorpore orientação de política regional é crítica e eficaz na construção de resiliência às mudanças climáticas.
Liderada por Nicole Bonnett, estudante de doutorado da Universidade de Alberta e pelo Dr. Jeff Birchall, professor e diretor da Escola de Planejamento Urbano e Regional de Alberta, a pesquisa mostrou que os governos locais, encarregados da implementação de políticas que podem não ser adaptadas a uma área específica, são menos inclinados para agir de acordo com essas políticas que carecem dos detalhes práticos necessários para induzir uma ação significativa.
“Você está obtendo conhecimento e orientação do topo, mas se não for contextualmente específico, se não considerar o ambiente e a população local, o plano pode acabar parado na prateleira”, disse Nicole Bonnett.
No estudo, os pesquisadores analisaram as comunidades costeiras da Colúmbia Britânica, especificamente a Ilha de Vancouver – uma área com florestas densas, microclimas dinâmicos e outros fatores que a tornam suscetível a estressores relacionados à mudança climática – para determinar a extensão e a qualidade da integração climática nos planos estratégicos dos governos locais.
A urgência da ação é inevitável. Enquanto conduzia pesquisas de campo na Ilha de Vancouver, Nicole Bonnett foi cercada por incêndios florestais e evacuações em massa. “A ilha vê um monte de impactos climáticos, desde incêndios florestais até secas e aumento do nível do mar. Achei importante ir lá e observar alguns desses impactos em primeira mão em escala regional”, explicou a doutoranda.
Nicolle Bonnett visitou cada um dos sete distritos regionais da Ilha de Vancouver, obtendo uma maior compreensão da relação entre os governos regionais e seus municípios.
Na Colúmbia Britânica, no Canadá, os municípios operam sob estruturas políticas e administrativas regionais que podem orientar as prioridades de planejamento municipal. A cidade maior é o núcleo e geralmente, mas nem sempre, a sede do distrito regional, que também pode incluir vários outros municípios menores e áreas eleitorais. Embora semelhantes aos condados do restante do Canadá, os distritos regionais diferem no fato de que ‘pegam emprestados’ poderes dos municípios, em vez de ter poder sobre eles, exercendo um tipo de ‘imposição gentil’ e facilitando a cooperação e a tomada de decisão conjunta.
“Por causa desse relacionamento único e flexível, os municípios podem trabalhar com o que têm para adequar suas políticas e para mostrar alinhamento com os governos regionais. Essa oportunidade de coordenação pode resultar em mais ação e também melhorar a qualidade do planejamento da adaptação climática”, explicou Nicole Bonnett.
“O que nosso estudo demonstra é a importância de ter esse impulso e orientação de outros níveis de governo”, destacou o professor Jeff Birchall.
Mitigação e adaptação
Responder às mudanças climáticas envolve duas abordagens distintas, mas complementares: mitigação e adaptação. Os esforços de mitigação, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, visam diminuir a gravidade dos estressores climáticos. A adaptação é uma abordagem que tenta se antecipar aos efeitos, como limitar o desenvolvimento em áreas costeiras onde se espera que o nível do mar suba.
“Quando se trata de mudança climática, qualquer tipo de plano para se tornar mais resiliente precisa ter mitigação e adaptação – você nunca deve fazer nenhum deles isoladamente”, disse o professor Birchall. “Trata-se de equilibrar os dois e, a menos que todos possamos mitigar e reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), sempre teremos que nos adaptar, então o que precisamos agora é escolher a melhor abordagem. Isso significa colaboração entre todos os níveis de governo, porque todos os níveis de governo trazem diferentes pontos fortes”.
O planejamento da mudança climática na comunidade geralmente favorece a mitigação porque o retorno do investimento é rápido e claramente demonstrável. Esta é uma tendência que os pesquisadores veem não apenas na Ilha de Vancouver, mas em todo o país.
“Descobrimos que falta o uso de dados climáticos específicos da região, o que é o caso de todo o Canadá”, disse Nicole Bonnett, que acrescenta que é necessário mudar a mentalidade atual e permitir que as comunidades liderem algumas de suas próprias ações de adaptação enquanto também aproveitam a orientação e direção vinda de outros níveis de governo.
As intervenções recomendadas, disse a doutoranda, incluem o detalhamento das políticas de adaptação e sua integração em toda a estrutura de planejamento, bem como a incorporação delas em regulamentações específicas para fazer uso da legislação e colocar as adaptações climáticas em prática.
“Essas medidas podem ajudar os tomadores de decisão aqui e em outros lugares com seus esforços para melhorar a preparação e a resiliência climáticas. É importante ter essa perspectiva de baixo para cima, porque acho que veremos a adaptação sendo muito mais adotada, mas também muito mais eficaz na prática”, concluiu Nicolle Bonnett.
Os resultados foram publicados na revista científica Regional Studies.
Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Alberta (em inglês).
Fonte: Donna McKinnon, Universidade de Alberta. Imagem: Renzo D’souza via Unsplash.
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