Notícia

Saúde mental: o ‘preço oculto’ da mudança climática

Mídia está perdendo oportunidades de contar sobre como as mudanças climáticas estão afetando a saúde mental das pessoas

Freepik (imagem gerada por Inteligência Artificial)

Fonte

Universidade de Alberta

Data

sábado, 13 julho 2024 13:25

Áreas

Ciência Social. Clima. Desigualdade Socioambiental. Educação Ambiental. Informação e Redes Sociais. Saúde Mental. Saúde Pública. Sociedade.

A mídia precisa publicar mais sobre o impacto da mudança climática na saúde mental das pessoas, de acordo com um novo estudo da Universidade de Alberta, no Canadá.

A mudança climática está afetando negativamente a saúde mental de várias maneiras diretas e indiretas, disse a Dra. Breanne Aylward, professora e pesquisadora da Escola de Saúde Pública da Universidade de Alberta. Eventos climáticos severos — como incêndios florestais, inundações e calor extremo — podem iniciar ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) em algumas pessoas. Mesmo aqueles que não são tão diretamente afetados pela mudança climática, especialmente os jovens, podem sofrer de ansiedade, às vezes conhecida como ‘eco-ansiedade’, apenas pela exposição às notícias.

Os meios de comunicação frequentemente relatam desastres climáticos, mas também há a oportunidade de melhorar a cobertura ao focar também nas medidas de adaptação contínuas que as comunidades implementam em resposta a esses acontecimentos, disse a professora Aylward. “Sabemos que a mudança climática já está impactando a saúde mental. Focar nos fatores de proteção, intervenções e estratégias de enfrentamento que as pessoas usam é realmente importante para estimular ações para reduzir riscos no futuro.”

O estudo da professora Breanne Aylward, publicado na revista científica Environmental Health, analisou como a imprensa no Canadá e nos Estados Unidos cobriu o clima e a saúde mental em mais de 1.000 artigos em inglês e francês entre 2016 e 2020.

No primeiro ano, poucos veículos deram muito espaço ao tópico, disse a pesquisadora. Mas a cobertura aumentou em 2019 antes de cair novamente em 2020, provavelmente por causa da pandemia de COVID-19.

“Mais veículos de notícias estavam falando sobre saúde mental durante eventos climáticos, mas não era uma conversa sustentada”, disse. “O volume de cobertura de notícias sobre questões climáticas e de saúde mental contrasta fortemente com as reportagens gerais sobre mudanças climáticas”.

Apenas cerca de metade dos artigos que se referiam aos efeitos das mudanças climáticas na saúde mental mencionavam adaptações ou estratégias de resposta para prevenir ou reduzir resultados prejudiciais à saúde mental, acrescentou. “Nós achamos isso bem surpreendente.”

Quando os artigos incluíam intervenções ou estratégias de enfrentamento, a maioria se concentrava em “estilo de vida individual ou estratégias comportamentais”, com menos intervenções institucionais ou governamentais identificadas, abordagens baseadas na natureza ou soluções tecnológicas.

A estratégias poderiam incluir o estabelecimento de espaços acessíveis aos cidadãos, como cafés ou encontros climáticos, onde as pessoas pudessem compartilhar suas emoções, disse a Dra. Breanne Aylward.

“Pesquisadores que se concentram no clima e na saúde mental precisam comunicar suas descobertas “além de artigos acadêmicos” para a mídia, enquanto combatem a desinformação”, destacou a professora

Com esta finalidade, a Universidade de Alberta lançou recentemente uma nova iniciativa de pesquisa chamada Climate Change and Health Hub — a primeira do tipo no Canadá — reunindo mais de 30 pesquisadores de todas as faculdades de ciências da saúde, ciências naturais e aplicadas e ciências sociais e humanas.

Incluída no hub está a informação por evidências, que inclui a comunicação de descobertas de pesquisa e estratégias de adaptação ao público. Estudos nos EUA mostraram que a melhor maneira de inspirar as pessoas a agir sobre as mudanças climáticas é por meio de uma ‘lente de saúde’. Enquadrar as mudanças climáticas como uma questão de saúde pública, concluiu a professora Aylward, poderia envolver um público mais amplo e ressaltar que a ação sobre as mudanças climáticas também traz benefícios para a saúde.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Alberta (em inglês).

Fonte: Geoff Mcmaster, Universidade de Alberta. Imagem: Freepik (imagem gerada por Inteligência Artificial).

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