Notícia
Salinização dos ecossistemas de rios e lagos: uma agenda de pesquisa para uma ameaça global
Equipe científica de dez países uniu forças para revisar o conhecimento atual sobre a salinização de ecossistemas de água doce e estabelecer um roteiro para melhorar a compreensão do efeito dos sais nestes ecossistemas
Florenci Vallès, Montsalat
Fonte
Universidade de Barcelona
Data
terça-feira, 1 fevereiro 2022 06:50
Áreas
Biodiversidade. Ecologia. Monitoramento Ambiental.
O aumento da salinidade em habitats de água doce — rios, lagos, pântanos — é uma ameaça global à conservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais em todo o mundo. As atividades humanas, como mineração e agricultura intensiva, bem como o aumento do nível do mar causado pelas mudanças climáticas, estão elevando as concentrações de sais nas águas. A poluição salina altera o ambiente natural e causa a perda de espécies, a dispersão de organismos invasores e a interrupção do ciclo de nutrientes, por exemplo. Mas também tem outro efeito devastador: prejudica os serviços ecossistêmicos que lagos, rios e reservatórios prestam à sociedade. Apesar dos óbvios efeitos dramáticos da salinização, ainda não há conhecimento científico suficiente para prever suas consequências para os ecossistemas de água doce.
Uma equipe científica envolvendo dez países uniu forças para revisar o conhecimento atual sobre o assunto e estabelecer um roteiro para melhorar a compreensão do efeito dos sais nos ecossistemas aquáticos de todo o mundo. O trabalho, publicado na revista científica Trends in Ecology & Evolution, tem como primeiro autor o pesquisador de pós-doutorado David Cunillera-Montcusí, e um dos coautores é o professor Dr. Miguel Cañedo-Argüelles, ambos membros do ‘Grupo de Pesquisa em Ecologia, Hidrologia e Gestão da Água Doce’ da Faculdade de Biologia da Universidade de Barcelona, na Espanha. O artigo também inclui equipes da Universidade de Vic – Universidade Central da Catalunha, da Instituição Catalã de Pesquisa e Estudos Avançados (ICREA) e do Museu Nacional de Ciências Naturais (MNCN-CSIC), entre outras instituições.
Especificamente, a equipe propõe uma agenda de pesquisa para a comunidade científica internacional que aborda os desafios mais prementes de uma perspectiva global, regional, local e temporal, olhando as principais deficiências neste campo de pesquisa.
O perigo da salinização da água doce
Segundo os autores, o conhecimento atual sobre salinização em todo o mundo é bastante desigual dependendo da área geográfica. Na África ou da América do Sul, por exemplo, os fatores de salinização estão se intensificando e são pouco estudados. E, em geral, grande parte do trabalho atual ignora pequenos habitats de água doce, como lagoas, que são ecossistemas muito importantes na biodiversidade regional.
Também faltam informações sobre os efeitos de diferentes tipos de sais no meio aquático, bem como sobre seu impacto ambiental em escala regional e paisagística, e sobre processos em escala ecossistêmica (emissões de gases de efeito estufa, remoção de nutrientes). Por outro lado, a maioria dos estudos se concentra em invertebrados aquáticos, enquanto ainda há falta de conhecimento sobre o efeito da salinização em microrganismos que conduzem o ciclo de nutrientes e no topo da pirâmide alimentar aquática (peixes, répteis e anfíbios).
“Como parte de nosso trabalho, desenvolvemos uma agenda de pesquisa com lacunas mais urgentes a serem preenchidas e estamos propondo várias maneiras de abordá-las de diferentes perspectivas. Para cada perspectiva, listamos três eixos principais e propomos experimentos, métodos ou aspectos que promovam novos estudos para promover o conhecimento neste campo de pesquisa”, explicou o Dr. David Cunillera-Montcusí.
“A tendência global de salinização de lagos e rios representa um grande desafio para a biodiversidade de água doce, o funcionamento dos ecossistemas e as sociedades humanas que deles dependem”, acrescentou o professor Miguel Cañedo-Argüelles.
“Enfrentar este desafio requer um esforço conjunto da comunidade científica, profissionais, comunidades locais e formuladores de políticas”, disse a Dra. Sandra Brucet, pesquisadora da Universidade de Vic – Universidade Central da Catalunha. “Com o trabalho colaborativo da equipe internacional que publicou o artigo de revisão, queremos impulsionar este esforço global para avançar nesta direção e despertar interesse sobre a salinização de rios e lagos, para a qual devemos estar preparados”, concluíram os pesquisadores.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Barcelona (em espanhol).
Fonte: Universidade de Barcelona. Imagem: Florenci Vallès, Montsalat.
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