Notícia

Redução do desmatamento e do tráfico de animais pode evitar pandemias

Cientista brasileira integra grupo de especialistas que mostra como os danos econômicos e a perda de vidas têm custos maiores que o controle ambiental

Pixabay

Fonte

UFRJ | Universidade Federal do Rio de Janeiro

Data

terça-feira, 4 agosto 2020 13:50

Áreas

Desmatamento. Ecologia. Economia. Políticas Públicas. Saúde Pública.

Estudo publicado na revista científica Science e assinado por uma equipe internacional e interdisciplinar de cientistas e economistas – entre eles a brasileira Dra. Mariana Vale, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – mostra como investimentos por parte de governos de todo o mundo para coibir o tráfico de animais selvagens e frear a destruição de florestas tropicais podem prevenir futuras pandemias. O custo é elevado, em torno de 22 bilhões de dólares, mas irrisório se comparado aos 2,6 trilhões de dólares perdidos para a COVID-19 e às mais de 600 mil mortes que o vírus já causou.

Os especialistas argumentam que o custo total das medidas preventivas recomendadas para os próximos 10 anos corresponde a apenas 2% dos custos eventuais estimados para combater a pandemia da COVID-19, os quais, segundo alguns economistas, poderiam superar valores entre 10 e 20 trilhões de dólares.

No artigo, os especialistas observam que o SARS-CoV-2, o HIV, o Ebola e outros vírus que passaram de hospedeiros animais para os seres humanos no último século tiveram relação com o contato próximo entre pessoas e animais silvestres, como morcegos e primatas, entre outros. Em alguns casos, os animais infectaram humanos diretamente; em outros, a via de infecção foi indireta, por meio de animais domésticos consumidos por humanos.

Os autores do artigo observam também que locais limítrofes a florestas tropicais, onde mais de 25% da vegetação original foi perdida, tendem a ser focos de transmissões virais entre animais e humanos. Morcegos, por exemplo, que são os prováveis reservatórios de Ebola, SARS e do vírus que transmite a COVID-19, passam a se alimentar nas proximidades de povoados quando o seu habitat florestal é perturbado pela construção de estradas, extração de madeira e outras atividades humanas.

De acordo com a pesquisadora, as nações desenvolvidas poderiam pagar a maior parte desse plano de prevenção, que é uma fração do que perdem com pandemias. “Os 22 bilhões de dólares anuais para a prevenção de pandemias são menos de 1% do gasto dos EUA com o setor militar, por exemplo, e a COVID-19 é, sem dúvida, uma ameaça muito maior para a vida dos americanos que alguma guerra iminente”, ressaltou a Dra. Mariana Vale.

Além da cientista da UFRJ, estão entre os coautores da análise ecólogos, médicos, infectologistas, economistas e ambientalistas de diversas instituições de ensino e pesquisa – entre elas Universidade Duke, Universidade Princeton, Universidade Harvard, Universidade Rice, Universidade George Mason, Universidade Boston, Universidade de Illinois, Universidade de Wisconsin-Madison (nos EUA) e Universidade Duke Kunshan (China) – e organizações sem fins lucrativos, como a Conservation International, o Instituto Earth Innovation, a EcoHealth Alliance, o Safina Center e, ainda, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF Quênia).

Outras recomendações dos pesquisadores:

  • Investir entre 217 e 279 milhões de dólares anualmente em medidas precoces de detecção e controle. Isso inclui a criação de um acervo sobre genética viral, que poderia ser usado para identificar a fonte de novos patógenos emergentes cedo o bastante para desacelerar ou cessar sua propagação e, finalmente, acelerar o desenvolvimento de testes sorológicos para monitorar surtos futuros e de vacinas para preveni-los.
  • Investir 19 milhões de dólares por ano em programas para combater o comércio de animais silvestres na China e educar consumidores e caçadores sobre os riscos potenciais.
  • Investir 19 bilhões de dólares por ano em programas e políticas que poderiam reduzir em até 50% o desmatamento tropical em áreas críticas.
  • Alocar 852 milhões de dólares por ano para reduzir a propagação de vírus em transmissões interespécies, como ocorre na criação de animais domésticos para consumo humano.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFRJ.

Fonte: Sidney Coutinho, Conexão UFRJ. Imagem: Pixabay.

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