Notícia
Recuperação de manguezais para reduzir efeitos das mudanças climáticas
Pesquisa aponta que áreas do ecossistema que recebem projetos de recuperação têm maior capacidade de retirada de carbono em relação às que se recuperam naturalmente
Alexander Ferreira/LABOMAR)
Fonte
Agência UFC | Universidade Federal do Ceará
Data
quinta-feira, 21 março 2019 09:00
Áreas
Biodiversidade, Conservação, Mudanças Climáticas.
As nuances dos manguezais, ecossistema costeiro, são tratadas em trabalho desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará (UFC), evidenciando a importância de regenerar áreas degradadas para reduzir os efeitos das mudanças climáticas.
O estudo aponta que áreas recuperadas de manguezais são importante fonte de retirada de carbono da atmosfera (inclusive com maior potencial do que áreas que se recuperam naturalmente), sobretudo pelo papel da espécie Rhizophora mangle, planta típica da vegetação de mangue. Além disso, identificou-se que os caranguejos têm papel fundamental nesse processo.
A pesquisa, publicada recentemente, em inglês, no periódico Wetlands Ecology and Management, avaliou a retirada de carbono da atmosfera em duas áreas de manguezal degradadas, situadas em um afluente do rio Potengi, em Natal, no Rio Grande do Norte. Uma das áreas recebeu projetos de recuperação, e a outra, se regenerou naturalmente. O recorte do trabalho publicado consiste em avaliar a biomassa acima do solo e o estoque de carbono dos diferentes fragmentos florestais manejados em um período de 10 anos, bem como discutir a eficácia das medidas de gestão aplicadas desde a intervenção.
As duas áreas pesquisadas haviam sido desflorestadas para dar lugar a tanques de criação de camarão, sendo posteriormente abandonadas. Durante a derrubada de árvores, o solo foi fisicamente alterado e as populações de caranguejo foram afetadas. Em 2006, passado o período dos criatórios de camarão no local, teve início o acompanhamento do processo de recuperação de ambas as áreas.
Antes do manejo ser iniciado, foi feita uma avaliação para garantir a igualdade de condições entre as duas áreas. Uma área menor (denominada área restaurada) foi escolhida para receber – em maior densidade do que as áreas preservadas de manguezal – propágulos da espécie Rhizophora mangle. Propágulos são estruturas que se desprendem de uma planta adulta e funcionam como sementes.
O papel dos caranguejos
Os caranguejos são considerados “engenheiros” do ecossistema manguezal, desempenhando papel significativo na topografia e na biogeoquímica dos sedimentos, e também na diversidade, estrutura e biomassa das plantas.
Os dados sobre o conteúdo de carbono dos manguezais variam devido a diferenças nas condições abióticas (clima, configurações geomórficas, marés) e bióticas, como diversidade de espécies, herbivoria (relação em que partes de uma planta servem de alimento para um animal) e bioturbação (papel que os caranguejos desempenham revolvendo e escavando galerias no solo).
Um dos autores da pesquisa, o Prof. Dr. Luis Ernesto Arruda Bezerra, diz que a investigação mostra que esse processo de variação é altamente sensível e está relacionado à diversidade local de caranguejos, especialmente porque as atividades de consumo de propágulos e bioturbação do solo afetam os processos ecológicos e influenciam a estrutura das florestas de mangue.
O pesquisador destaca que esses efeitos sobre o fluxo de energia podem se refletir em ecossistemas adjacentes aos manguezais, como os recifes de corais. Além disso, as espécies de caranguejos presentes e o tamanho de suas populações devem ser levados em consideração quando da execução de projetos de recuperação de áreas degradadas de manguezais, bem como a escolha das espécies vegetais que serão utilizadas para o plantio. O acompanhamento das áreas estudadas continuará durante os próximos anos.
A avaliação é que a quantificação exata do estoque de carbono é necessária não apenas como base para melhorar o conhecimento sobre os ciclos de nutrientes dos manguezais, mas também para a inclusão do ecossistema em programas nacionais e internacionais de mitigação das mudanças climáticas.
Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.
Fonte: Marcos Robério, Agência UFC. Imagem: Alexander Ferreira/LABOMAR – Divulgação.
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