Notícia

Recuperação de carbono e biodiversidade em florestas no Pará

Projeto pode auxiliar políticas ambientais no estado do Pará

Divulgação

Fonte

FAPESPA | Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas

Data

sábado, 19 fevereiro 2022 11:25

Áreas

Biodiversidade. Ciência Ambiental. Ecologia. Engenharia Florestal. Monitoramento Ambiental. Políticas Públicas.

O pesquisador Dr. Fernando Elias, pós-doutorando em Ecologia na Universidade Federal do Pará (UFPA) e membro da Rede Amazônia Sustentável, coordena um projeto que tem como objetivo estabelecer parâmetros de recuperação do carbono e biodiversidade em florestas secundárias – áreas que sofreram desmatamento e estão em processo de regeneração natural pós-abandono – em quatro regiões específicas no estado do Pará (Bragantina, Marabá, Parauapebas e Santarém). O crescimento dessas florestas é considerando uma estratégia de mitigar as mudanças climáticas e as perdas da biodiversidade, tendo em vista que essas áreas conseguem absorver elevadas quantidades de CO2 durante o seu desenvolvimento e servem como abrigo da fauna e flora regional.

O projeto teve foco em regiões estratégicas do estado, abrangendo áreas que sofreram desmatamento antigo, como a região Bragantina, e recente, como as regiões Santarém e Marabá. Diversos fatores ambientais são variáveis entre essas regiões, o que pode influenciar no tempo de recuperação das florestas secundárias. Por exemplo, áreas recém-desmatadas tendem a ter maior cobertura vegetal na paisagem, banco de sementes ativos, estrutura do solo intacta, dentre outros fatores, que potencializam a recuperação florestal em detrimento de áreas altamente degradadas.

A pesquisa conseguiu distinguir, por meio do monitoramento dessas florestas, os processos particulares dessas regiões quanto à absorção de carbono. De maneira geral, as regiões exibiram diferentes taxas de acúmulo de carbono. Foi possível perceber que a região Bragantina apresenta lenta recuperação e resgate do carbono entre as demais regiões investigadas. Vale lembrar que, historicamente, a região Bragantina é a fronteira agrícola mais antiga da Amazônia, possuindo vários ciclos de corte e uso da terra, e consequentemente solos pobres em nutrientes. Tais características retardam a recuperação florestal nessa região. Em contrapartida, a região de Santarém apresenta um acúmulo temporal mais rápido do carbono por decorrência da alta cobertura vegetal e desmatamento recente na região, que contribuem para o alto índice de recuperação nessa localidade.

O estudo ainda mostra que o acúmulo de carbono em florestas secundárias pode ser predito em até 78% pela idade de abandono, e que as taxas de acúmulo de carbono das florestas secundárias nas diferentes regiões paraenses são mais baixas quando comparadas com outras estimativas anteriores na Amazônia.

O Dr. Fernando esclareceu a importância da pesquisa em contribuir com a obtenção de dados e informações tanto para o auxílio no desenvolvimento de politicas públicas de restauração ambiental, bem como compreender as particularidades socioambientais de cada região do Estado. ‘’Ainda faltam esses parâmetros na literatura, e é muito importante que a gente defina esses parâmetros, uma vez que cada região tem a sua especificidade ambiental que pode interferir na recuperação;  algumas regiões se recuperam rápido e outras nem tanto, então, precisamos desses dados de recuperação para embasar as políticas ambientais paraenses, a exemplo do Plano Estadual Amazônia Agora que, dentre outras ações, prevê a restauração de mais de 7 milhões de hectares de floresta até 2035’’, destacou o pesquisador.

O projeto foi selecionado no âmbito do Programa de Bolsas de Atração de Jovens Talentos da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (FAPESPA). Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Forest Ecology and Management.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia na página da FAPESPA.

Fonte: Myckael Portugal, FAPESPA. Imagem: Divulgação.

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