Notícia
Química é fundamental na economia circular
Artigo publicado na revista Science tem a participação de professora da UFSCar e ressalta a importância da Química nos desafios da economia circular
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Fonte
UFSCar | Universidade Federal de São Carlos
Data
segunda-feira, 3 fevereiro 2020 11:50
Áreas
Economia Circular. Química Verde. Sustentabilidade.
Artigo publicado recentemente na revista científica Science traz um alerta de que transformações fundamentais no campo da Química são imprescindíveis à concretização de uma economia circular (EC) que de fato contribua para a sustentabilidade, e que a ausência dessa reflexão pode transformar a EC em um slogan, sem as mudanças reais necessárias à vida com qualidade na Terra. Dentre os autores do artigo está a Dra. Vânia G. Zuin, professora do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e professora visitante do Centro de Excelência em Química Verde da Universidade de York, no Reino Unido. Também participaram do estudo Dr. Klaus Kümmerer, do Instituto de Química Ambiental e Sustentável da Universidade Leuphana de Luneburgo, na Alemanha, e o Dr. James H. Clark, da Universidade de York.
“Como a economia circular busca redefinir a ideia de crescimento linear, questiona em sua base o consumo de recursos finitos e a geração de resíduos em um dado sistema produtivo. De outro lado, a Química tem um papel central no modo de produção e reprodução da vida. É a ciência que se ocupa essencialmente da constituição, transformação e movimentação da matéria e da energia e, assim, devemos pensar sobre os propósitos das pessoas que compõem este campo”, ressalta a Dra. Vânia Zuin. Ao refletir sobre esses propósitos, a pesquisadora trata desde reações químicas “verdes e sustentáveis” até condições de vida humana mais saudáveis, justas e inclusivas, abordando também possíveis condicionantes e limitações para a construção de “um mundo material e imaterial que fomente pensamentos e ações mais que verdes, críticos e plurais”. “É preciso repensar o modelo de Ciência que existe para alimentar a economia linear”, resume a especialista.
Assim, às dimensões abordadas mais frequentemente quando se fala em sustentabilidade – como, por exemplo, a importância da redução do consumo, do reuso, da reciclagem e da conscientização -, o artigo acrescenta a necessidade de adaptação da Química e seus produtos à economia circular. Essa adaptação implica, dentre outras transformações, o design de produtos desde as suas matérias-primas considerando a sustentabilidade e a redução da complexidade e da diversidade dos produtos disponíveis atualmente. “Tratar de design significa falar em pensar antes de simplesmente ‘desenhar’ uma molécula sem considerar as funções químicas e suas implicações, por exemplo. Sabemos que certos elementos ou grupamentos conferem toxicidade em certos compostos e, portanto, é preciso questionar a sua inclusão quando projetamos esses compostos”, detalha a Dra. Vânia Zuin. “Podemos evitar um problema, também no campo da Química, quando pensamos antes de agir. É a prevenção por meio do design proativo, eficiente e ético do começo, meio e fim, que é o começo de outro sistema”, complementa.
“Outra mensagem importante é não complicar, isto é, manter uma molécula ou fração – um extrato vegetal, por exemplo – intacta quimicamente o tanto quanto possível, sem inserir outras funcionalidades ou compostos que não são necessários, que podem, por exemplo, dificultar a reciclagem”, exemplifica, destacando que a ideia de simplificação se aplica a diferentes etapas do processo de elaboração e circulação dos produtos. “É preciso realizar a produção do modo mais simples possível – do ponto de vista Químico -, mas, também, local, evitando transportes de longas distâncias”, detalha.
Um outro marco destacado na publicação é a necessidade de responsabilidade pela propriedade de um produto ao longo de toda a sua vida, incluindo a reciclagem, o que leva a outro ponto central do trabalho: a necessidade de processos educativos. “Ao falar de educação, estamos falando de todos os níveis e modalidades, do Básico ao Superior, por meio da educação formal ou informal. Já no sentido do redesenho da Química para uma economia circular, tratamos da formação inicial das novas gerações de profissionais da área e da educação continuada para cientistas e demais profissionais já atuantes”, conclui a pesquisadora.
Acesse o artigo completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da UFSCar.
Fonte: Mariana Pezzo, UFSCar. Imagem:
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