Notícia

Programas de manejo do fogo potencializam combate a incêndios

Estudo de grupo da UFMG analisou custos e efetividade das brigadas no Cerrado e na Amazônia Brasileira

Divulgação, ONG Aliança da Terra

Fonte

UFMG | Universidade Federal de Minas Gerais

Data

segunda-feira, 26 abril 2021 19:00

Áreas

Ciência Ambiental. Conservação. Desmatamento. Governança Ambiental. Monitoramento Ambiental.

Nos últimos dois anos, o Brasil ganhou destaque na imprensa mundial devido aos seus elevados índices de desmatamento e queimadas. Segundo dados do Portal da Transparência, nos anos de 2019 e 2020, o país reduziu em 58% a verba destinada à contratação de brigadistas e de pessoal treinado para trabalhar na prevenção e no controle de incêndios florestais em áreas federais.

Para entender os custos e a efetividade desses programas de manejo do fogo no Cerrado e na Amazônia brasileira, um grupo de pesquisadores do Centro de Sensoriamento Remoto (CSR) e do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais (Lagesa) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com a ONG Aliança da Terra, quantificou as despesas orçamentárias de programas públicos e privados de manejo, medindo a redução das áreas queimadas em Unidades de Conservação (UCs) e em propriedades rurais privadas.

“Nosso objetivo era observar se o investimento financeiro em brigadas é capaz de reduzir a quantidade de incêndios, ou seja, queríamos saber se elas são realmente efetivas”, disse o professor Dr. Ubirajara de Oliveira, pesquisador do CRS e um dos autores de artigo publicado na revista científica Forest Policy and Economics que apresenta os resultados do estudo.

As brigadas de incêndio são grupos organizados que atuam na prevenção e no combate aos incêndios e queimadas. As públicas, como as do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por exemplo, atuam principalmente nas UCs. As privadas, representadas no estudo pela ONG Aliança da Terra, são contratadas por fazendeiros para fazer o manejo e o combate dentro de fazendas.

O Dr. Ubirajara Oliveira explicou que o grupo utilizou dados do período de 2012 a 2016, fornecidos pelo ICMBio e pela Aliança da Terra. O grupo observou o histórico das áreas queimadas por meio de imagens de satélite, de modo a entender se, após o início dos trabalho das brigadas, houve redução das áreas queimadas. “Comparamos o antes e o depois nos locais. O local onde a comparação não era possível, porque não havia brigada no início do período considerado, observamos áreas ambientalmente similares, ou seja, territórios próximos que apresentam a mesma vegetação e o mesmo clima” explicou o pesquisador.

O grupo concluiu que regiões que mantinham brigadas apresentavam menos incêndios. Além disso, brigadas que contam com mais pessoas e que dispõem de mais recursos também são mais efetivas. “Percebemos que o investimento em brigadas funciona e reduz de forma significativa a área queimada, ou seja, esse investimento é interessante para minimizar os incêndios, o que prova que as brigadas são boas alternativas para mitigar as queimadas florestais”, afirmou o pesquisador.

Redução de áreas queimadas pode chegar a 50%

O estudo mostrou que as UCs que mantêm brigadas de incêndio tiveram, em média, redução de 12% nas áreas queimadas, se comparadas àquelas que não dispõem desse recurso. Já as UCs que têm programa de Manejo Integrado do Fogo, com práticas de prevenção, registraram redução adicional de 6% em relação às que só têm brigadas. Em relação às propriedades rurais privadas, a redução média de áreas queimadas foi de 50% após os proprietários aderirem à plataforma de compromisso socioambiental da ONG Aliança da Terra.

“As brigadas são essenciais porque, além de apagarem os incêndios que já começaram, também atuam de forma preventiva, criando barreiras que impedem que o fogo se alastre. O crescimento das queimadas no país é alarmante, então precisamos de ações que minimizem o problema, como medidas políticas e de conscientização aliadas à atuação das brigadas. Estudos que utilizam modelagem computacional, como o que realizamos, ajudam no planejamento de todas as ações de prevenção e preservação e auxiliam na tomada de decisões políticas na esfera ambiental”, avaliou o professor Ubirajara Oliveira.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFMG.

Fonte: Luana Macieira, UFMG. Imagem: Divulgação, ONG Aliança da Terra.

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