Notícia

Pesquisas alertam para o impacto das algas asiáticas nas espécies nativas do fundo do mar

Pesquisadores propõem rede de estações sentinelas para controlar a espécie e evitar que colonize novas áreas

Divulgação, Universidade de Sevilha

Fonte

Universidade de Sevilha

Data

terça-feira, 5 setembro 2023 11:20

Áreas

Biologia. Ciência Ambiental. Ecologia. Ficologia. Monitoramento Ambiental. Oceanografia. Saúde Ambiental. Sustentabilidade.

Diversas pesquisas realizadas pelo Laboratório de Biologia Marinha do Departamento de Zoologia da Universidade de Sevilha, na Espanha,  alertam para a expansão descontrolada e sem precedentes em nível mundial da alga asiática – Rugulopteryx okamurae -, com impacto importante nas espécies nativas dos fundos marinhos costeiros.

Os estudos refletem a necessidade de adoção de medidas urgentes que visem controlar a espécie e evitar que ela se instale em áreas ainda não colonizadas. A afirmação é do Dr. José Carlos García Gómez, professor de Biologia Marinha da Universidade de Sevilha, que juntamente com a sua equipe estuda há anos esta espécie, que chegou a Ceuta pela primeira vez em 2015, ano em que mais de 5.000 toneladas da alga foram retirados de suas praias.

“Não existe um sistema eficiente de erradicação in situ das algas e sua expansão está fora de controle. Temos um problema muito grave e é necessário trabalhar de forma coordenada, na implementação de uma grande rede internacional de estações sentinela que permitam, entre outros objetivos, a detecção precoce de espécies exóticas com potencial invasor para as erradicar precocemente”, destacou o pesquisador.

Embora a expansão das algas já tenha ficado fora de controle desde 2015, não se sabe ao certo como chegou à costa e onde se instalou pela primeira vez no litoral da Espanha. No ambiente marinho, a detecção de espécies exóticas invasoras é frequentemente efetuada nos portos ou zonas envolventes porque normalmente chegam presas aos cascos dos navios, e é aí que deve ser realizada sua erradicação: antes de saírem do porto; a proliferação, se desencadeada, será impossível de ser detida, explicou o professor.

A alga, nativa do Japão, instala-se geralmente nas rochas e espalha-se pelo Atlântico Leste, pela costa oeste africana, pelas ilhas Canárias, pelas ilhas portuguesas e pela costa continental portuguesa. A costa mediterrânica espanhola está ‘literalmente invadida’ desde o Estreito de Gibraltar até Almería, bem como outras zonas mais a norte, incluindo a costa de Marselha, já na França.

Consequências sérias

A expansão descontrolada das algas tem graves consequências para os ecossistemas marinhos nativos, nos quais espécies como ouriços-do-mar, mexilhões, estrelas-do-mar, corais ou esponjas – que precisam se instalar em solos rochosos- são deslocadas devido à sua capacidade de conquistar espaço, criando uma erva em segundo plano, monopolizando os recursos e capturando os nutrientes disponíveis, que lhe permitem crescer muito rapidamente.

“Em todas as invasões de algas marinhas há uma fase inicial de natureza explosiva da alga e ela se torna abundante, mas com o tempo o ecossistema nativo se reorganiza e, no final, acaba por impedir sua expansão excessiva – até reduzindo-a – e aceitando-o como mais uma espécie, mas sem ser tão abundante. Temos outros invasores no Estreito [de Gibraltar], eles estão lá e têm o seu espaço, mas com as algas asiáticas, oito anos depois da sua chegada, não há sinal de controle do ecossistema, como foi observado em outras macroalgas invasoras”, afirmou o pesquisador.

Neste momento, explicou o professor García Gómez, os estudos que dirige estão em fase científica que visa conhecer os pontos fortes e fracos da espécie, o que ajuda a estudar como lidar com ela e a encontrar reciclagem ou utilizar métodos que permitam valorizar o acúmulo de algas em qualquer atividade produtiva que implique a limpeza empresarial das praias sem custo para os municípios. Com as algas poderão ser produzidos fertilizantes provenientes de diferentes técnicas de compostagem, obtenção de biogás, produtos cosméticos ou outros produtos, linhas de pesquisa já realizadas por especialistas do Instituto de Investigação e Formação Agrária e Pesqueira (IFAPA) do Conselho Superior de Pesquisa Científica (CSIC) e outras universidades, bem como por associações independentes no domínio da economia circular.

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Sevilha (em espanhol).

Fonte: Universidade de Sevilha. Imagem: alga cria cobertura espessa no fundo do mar. Fonte: Divulgação, Universidade de Sevilha.

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