Notícia

Pesquisadores utilizam taninos de árvore da Amazônia para produzir adesivos ecológicos para colagem de madeira

Pesquisadora da UFRA estudou os taninos, polifenóis que podem ser encontrados em diferentes vegetais e têm promissor interesse econômico devido à sua aplicação ecologicamente correta na produção de adesivos naturais

Divulgação, UFRA

Fonte

UFRA | Universidade Federal Rural da Amazônia

Data

sábado, 10 outubro 2020 14:20

Áreas

Recursos Naturais. Tecnologias.

Durante pesquisa de mestrado desenvolvida na Universidade Federal de Lavras (UFLA) com coorientação da professora Dra. Marcela Gomes da Silva, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), a engenheira florestal Elesandra da Silva Araujo estudou os taninos, polifenóis que podem ser encontrados em diferentes vegetais e têm promissor interesse econômico devido à sua aplicação ecologicamente correta em diversos produtos e processos, como na produção de adesivos naturais.

Elesandra destacou que a principal problemática relacionada ao uso dos taninos é sua oferta limitada, o que leva ao interesse em se conhecer novas espécies arbóreas com bons rendimentos em compostos tânicos para atender mercados futuros. Nesse contexto, o a pesquisadora estudou algumas árvores da Amazônia quanto ao seu potencial produtor de taninos naturais, entre elas a espécie Myrcia eximia DC. (Cumatê vermelho). Para isso, foram coletadas cascas do tronco da espécie em uma floresta secundária no município de São João da Ponta, no Pará, o que rendeu bons resultados.

Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Cleaner Production.

Além de quantificar o rendimento de taninos condensados, os pesquisadores avaliaram o desempenho desses taninos na produção de adesivos naturais para colagem de madeira. “Dentre os principais resultados da pesquisa, foi constatado que é possível se obter até 32,6% de taninos condensados do extrato da casca de M. eximia, conteúdo tânico até então superior ao das principais espécies florestais cultivadas no Brasil para extração desses compostos. Além dos bons rendimentos em taninos encontrado na espécie, foi verificado através dos resultados das propriedades físico-químicas e resistência mecânica do adesivo tanino-formaldeído produzido, o potencial uso desses taninos na produção de adesivos naturais para colagem de madeiras”, explicou Elesandra.

Segundo a pesquisadora, os adesivos utilizados atualmente em produtos de madeira são predominantemente de origem petroquímica, o que gera alguns problemas ambientais e para a saúde humana. “As desvantagens estão principalmente relacionadas à onerosidade, e, sobretudo, ao risco à qualidade de vida, decorrente da volatilização de formaldeído, substância química utilizada na cura dos adesivos. Em razão disso, os taninos estão sendo empregados em formulações adesivas em substituição aos derivados petroquímicos, porque ao serem polimerizados com o formaldeído, praticamente não permitem a sua volatilização”.

Para a professora Marcela Gomes da Silva, ainda se conhece pouquíssimo sobre a riqueza e a diversidade da flora amazônica, que pode ser fonte de inúmeros produtos para o desenvolvimento da região. “A pesquisa conduzida com cascas de cumatê mostrou que o uso destes recursos pode solucionar problemas existentes em empresas que fabricam painéis de madeira reconstituída. Ainda precisamos seguir com a pesquisa, e avaliar o desempenho desse adesivo em diferentes tipos de painéis de madeira reconstituída”, afirmou a Dra. Marcela. Para a próxima etapa do estudo, os pesquisadores estão buscando parcerias com empresas do setor de painéis de madeira para, em conjunto, direcionar da melhor forma possível o adesivo tânico oriundo da Myrcia eximia para a produção de painéis comerciais sustentáveis.

Segundo Elesandra, a pesquisa mostra também a importância da conservação ambiental do bioma amazônico: “Além de contribuir para a produção mais limpa do setor de painéis de madeiras, o nosso estudo evidencia a importância de se conhecer a rica composição das espécies florestais da Amazônia, principalmente diante da atual situação de enorme perda de biodiversidade do bioma causada pelo desmatamento nos últimos meses”, alertou. Segundo ela, muitas espécies ainda são desconhecidas quanto ao seu potencial tânico, as quais poderiam contribuir para a geração de renda nas comunidades locais, através do manejo sustentável das cascas para a extração de taninos, conciliando o uso com a conservação das espécies florestais.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFRA.

Fonte: Jussara Kishi, Ascom UFRA. Imagem: Divulgação, UFRA.

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