Notícia

Pesquisadores geram hidrogênio a partir do esgoto

Pesquisa internacional utiliza matéria orgânica do esgoto para produzir o gás, com alto potencial energético

Dan Keck/Flickr

Fonte

Agência UFC | Universidade Federal do Ceará

Data

terça-feira, 26 novembro 2019 09:25

Áreas

Biotecnologia. Energia. Inovação. Sustentabilidade.

Em meio à busca por matrizes alternativas de energia, para além do petróleo e do metano, o hidrogênio surge como uma possibilidade. Renovável e não poluente, o gás tem a vantagem de não ser danoso ao meio ambiente, sendo um forte candidato a matéria-prima para a geração de energia elétrica e de combustível. O impedimento para seu uso, no entanto, está em um fator primordial para a indústria: a quantidade de energia externa necessária para sua produção.

Uma solução para esse problema pode estar em uma pesquisa internacional desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com as universidades norte-americanas Princeton e Columbia e com o Laboratório Nacional de Energia Renovável dos Estados Unidos. Em testes laboratoriais, os pesquisadores conseguiram produzir hidrogênio a partir do esgoto, sem a necessidade dessa energia externa.

A pesquisa, publicada na  revista científica Energy & Environmental Science, foi possível com uma tecnologia bioeletroquímica, que é recente no meio acadêmico e ainda não empregada no Brasil. O princípio é a utilização da energia química da matéria orgânica do esgoto para produzir elétrons, que podem ser manipulados para gerar corrente elétrica contínua e para criar determinadas reações químicas. São essas reações que possibilitam a criação do hidrogênio.

Essa tecnologia funciona como uma célula combustível microbiana, capaz de transformar a energia química presente no esgoto em corrente elétrica. Trata-se de um modelo simples: um cubo de acrílico com dois eletrodos, um ânodo e um cátodo. Os elétrons que vão de um eletrodo a outro são coletados e utilizados, por meio de um sistema de controle de energia (PMS, na sigla em inglês), na geração da tensão elétrica necessária para produzir o hidrogênio.

“A evolução do hidrogênio é uma reação endergônica, ou seja, precisa de uma energia externa para acontecer, não ocorre espontaneamente. Sempre que se produz hidrogênio, é necessário colocar energia no processo”, explica a professora Dra. Fernanda Leite Lobo, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental, uma das colaboradoras da pesquisa.

“Conseguimos isolar as reações, a da produção de energia através do esgoto e a da evolução do hidrogênio, isolando eletricamente os eletrodos que estão no esgoto e armazenando essa energia por um tempo”, diz a pesquisadora, ressaltando que é justamente essa energia armazenada (processo que ocorre em uma escala de milissegundos) a fonte que passa a permitir a produção do hidrogênio, eliminando a necessidade de qualquer fonte externa de energia.

O estudo ainda é apenas uma “prova de conceito” (feito apenas para gerar evidência de que a tecnologia pode ser aplicada) e foi realizado nos laboratórios norte-americanos em uma escala ainda pequena. A ideia, porém, é que a pesquisa possa viabilizar uma nova forma de ver o tratamento de esgoto, já que estaria atrelado à produção de uma energia com grande potencial de mercado.

Entre os próximos passos da pesquisa estão a aplicação da metodologia agora nos laboratórios da UFC e a formação de parceria com o Harbin Institute of Technology (HIT), da China, para novos testes, algo que deve ocorrer já em 2020.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Kevin Alencar, Agência UFC. Imagem: Dan Keck/Flickr.

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