Notícia

Pesquisadores alertam para mortalidade em massa ligada às ondas de calor marinhas no Mar Mediterrâneo

Estudo internacional concluiu que ondas de calor marinhas, associadas às alterações climáticas, causam eventos de mortalidade em dezenas de espécies

Mario Munaretto via Universidade do Porto

Fonte

Universidade do Porto

Data

segunda-feira, 1 agosto 2022 06:45

Áreas

Biologia. Ciência Ambiental. Ecologia. Mudanças Climáticas. Oceanografia. Sustentabilidade.

Um estudo internacional pioneiro, que envolveu mais de 30 equipes de pesquisa, incluindo investigadores do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental  (CIIMAR) da Universidade do Porto, em Portugal, revelou que, nos últimos anos, os eventos de mortalidade em massa de espécies marinhas afetaram todas as regiões mediterrâneas devido às ondas de calor marinhas que são, a cada ano, mais frequentes e agressivas.

O estudo, publicado recentemente na revista científica Global Change Biology, demonstrou que, entre 2015 e 2019, o Mediterrâneo sofreu uma série de ondas de calor marinhas que afetaram todas as regiões da bacia, o que resultou em eventos recorrentes de mortalidade em massa.

A análise mostrou que populações de cerca de 50 espécies (incluindo corais, esponjas e macroalgas, entre outras) foram afetadas por estes eventos ao longo de milhares de quilômetros de costa mediterrânica, desde o Mar de Alboran até à costa oriental da bacia.

O trabalho conduzido pelo Institut de Ciències del Mar (ICM-CSIC), na Espanha, agregou os esforços de investigadores de 11 países diferentes e permitiu abordar, pela primeira vez, os efeitos das mortalidades em biodiversidade marinha à escala mediterrânea.

“Especificamente, os impactos das mortalidades foram observados entre a superfície e 45 metros de profundidade, onde as ondas de calor marinhas registadas foram excecionais, afetando mais de 90% da bacia mediterrânica e atingindo temperaturas superiores a 26ºC em alguns locais”, explicou o Dr. Jean-Baptiste Ledoux, pesquisador do CIIMAR e um dos autores do estudo.

Espécies-chave: as mais afetadas

De acordo com o trabalho, algumas das espécies mais afetadas são fundamentais para manter o funcionamento e a biodiversidade dos principais habitats costeiros como os prados de Posidonia oceanica ou os coralígenos, mais conhecidos como jardins de coral, dois dos habitats mais emblemáticos do Mediterrâneo.

Este é um estudo pioneiro com o objetivo de avaliar os efeitos da mortalidade em massa à escala mediterrânica durante cinco anos consecutivos. A participação ativa de 30 grupos de pesquisa permitiu constatar a incidência e a gravidade da mortalidade em cada canto da bacia: este é o quadro mais completo até agora desenhado dos impactos dos eventos de aquecimento extremo nos organismos marinhos e ecossistemas do Mediterrâneo.

“Infelizmente, os resultados do trabalho mostram que o Mar Mediterrâneo está sofrendo uma aceleração dos impactos ecológicos associados às alterações climáticas, representando uma ameaça sem precedentes para a saúde e o funcionamento dos seus ecossistemas”, lamentou o Dr. Jean-Baptiste Ledoux.

Da exceção à norma

A crise climática está afetando gravemente os ecossistemas marinhos em todo o mundo e o Mediterrâneo não é exceção. Mais concretamente, as ondas de calor marinhas associadas às alterações climáticas causam eventos de mortalidade maciça em todos os ecossistemas costeiros desta bacia, como resultado do aumento da sua frequência, intensidade e extensão.

“Neste cenário, é essencial conhecer a relação entre as diferentes respostas biológicas da biodiversidade marinha e os diferentes níveis de exposição ao calor”, afirmou o Dr. Jean-Baptiste Ledoux, acrescentando que, até à data, “a elevada variabilidade das respostas observadas entre espécies e populações a escalas espaciais e temporais muito diferentes tem minado a nossa capacidade de explorar esta relação”.

Contudo, agora, graças à resolução temporal e espacial abordada no estudo, foi possível demonstrar que existe uma relação positiva significativa entre a duração das ondas de calor e a incidência de eventos de mortalidade.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade do Porto.

Fonte: Eunice Sousa/CIIMAR e Universidade do Porto. Imagem: gorgonia-vermelha (Paramuricea clavata),afetada pelas altas temperaturas no mar Mediterrâneo. Fonte: Mario Munaretto via Universidade do Porto.

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