Notícia

Pesquisa sinaliza para aumento de 20% na produção de etanol derivado do bagaço de cana

Paredes celulares geneticamente modificadas viabilizam produção de álcool de segunda geração

Antonio Scarpinetti, Jornal da Unicamp.

Fonte

Jornal da Unicamp | Universidade Estadual de Campinas

Data

quinta-feira, 25 outubro 2018 11:30

Áreas

Energia, Gestão Ambiental, Gestão de Resíduos, Sustentabilidade.

Um projeto científico coordenado por funcionário de uma universidade pode causar estranheza. Particularmente, em uma área como a biológica e envolvendo modificação genética. Este é o caso do Dr. Pedro Araújo, técnico do laboratório do Departamento de Genética, Evolução, Microbiologia e Imunologia do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, coordenado pelo professor Dr. Marcelo Menossi.

Biólogo de formação, com mestrado e doutorado em biologia vegetal na mesma instituição, tão logo chegou ao laboratório como técnico aprovado em concurso, depois da pós-graduação, recebeu apoio do docente para que pudesse desenvolver pesquisas, atividade que sempre o interessou. Hoje Dr. Araújo coordena o projeto que visa melhorar a biomassa vegetal da cana-de-açúcar com o objetivo de aumentar o aproveitamento dos açúcares do bagaço da cana e, com isso, alavancar a produção de álcool a partir dele, o chamado álcool de segunda geração, já que o de primeira geração se origina da fermentação do caldo – conhecido como garapa. 

Escopo do projeto

Essencialmente, o objetivo do projeto é melhorar o rendimento do processo que permite extrair açúcares ainda existentes no bagaço da cana – que hoje é simplesmente queimado ou utilizado como fonte de calor para a produção de energia elétrica nas próprias usinas – para a produção de álcool de segunda geração. Para tanto há necessidade de, com o emprego de intervenções genéticas adequadas, provocar alterações nas paredes das células que constituem a espécie de cana-de-açúcar hoje plantada, mantendo-a entretanto com as mesmas características físicas e capacidade produtivas.

Dito de outra forma, as modificações nas estruturas das células da cana visam evitar que as enzimas que atuam na fermentação dos açúcares contidos no bagaço tenham sua ação inibida durante o processo devido à formação de substâncias, denominadas limitantes, que impedem que a transformação ocorra com maior amplitude, afetando o rendimento e tornando-o antieconômico.

O Dr. Araújo esclarece que as paredes das células, que se espalham por toda a planta, garantindo-lhe a sustentação, têm uma composição extremamente complexa, constituídas que são por várias moléculas e polímeros, em que predominam a celulose, a hemicelulose e a lignina. Todo esse sistema tem o controle genético de milhares de genes que constituem o DNA das células. “O nosso primeiro trabalho foi selecionar genes, entre milhares deles, que atuam no processo que desejávamos alterar na planta, de maneira a aumentar a disponibilidade dos açúcares presentes na parede celular do bagaço. Caracterizamos cinco deles com base em dados da literatura específica e das expertises dos dois professores colaboradores”, revela.

Na verdade, enfatiza Araújo, os três principais componentes do bagaço – a celulose, a hemicelulose e a lignina –, continuam a fazer parte da parede celular, só que as ligações entre eles passam a ser mais frágeis e podem ser rompidas mais facilmente. Na realidade foram modificadas, de forma pontual, as ligações na parede celular, sem prejuízo do seu desenvolvimento e composição, que poderiam comprometer o crescimento e rigidez da planta.

Segundo o pesquisador, além de sinalizar na direção de um maior aproveitamento da planta, a pesquisa vem em auxílio do mercado porque existem empresas investindo na produção de álcool de segunda geração, cuja obtenção passa a ser muito mais viável a partir de uma cana transgênica, geneticamente modificada, cujo desenvolvimento enfrenta ainda dificuldades técnicas.

Acesse a notícia completa no site do Jornal da Unicamp.

Fonte: Carmo Galoo Netto, Jornal da Unicamp. Imagem: Antonio Scarpinetti.

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