Notícia

Pesquisa permite avaliar contaminação em solo de cemitério

Wikimedia Commons

Fonte

Diego Faria Cola, UNESP

Data

quinta-feira, 23 novembro 2017 10:00

Áreas

Saúde, Recursos Hídricos

Um projeto de pesquisa em nível de doutorado realizado no cemitério Nossa Senhora Aparecida, localizado na cidade de Piedade/SP, pretende avaliar a contribuição de metais potencialmente tóxicos na zona não saturada do solo. Está é a porção situada entre o lençol freático e a superfície do terreno, sendo a parte do solo que está parcialmente preenchida por água. Segundo Fernanda Felicioni, Flavio Andrade e Nilza Bortolozzo, autores do livro “A Ameação dos Mortos” (Ed. Maxprint, 2007), “o processo de decomposição bioquímica de cadáveres provoca a formação de um líquido viscoso denominado de necrochorume. Esse líquido, rico em nutrientes, contém em sua composição água, sais minerais, substâncias orgânicas e inorgânicas, apresentando assim as condições ideais para a proliferação de grande quantidade de micro-organismos, como vírus e bactérias, dentre outros organismos patogênicos”. Metais, como por exemplo o chumbo, cobre, zinco, níquel, crômio, bário, entre outros, também podem advir da decomposição de cadáveres, bem como de seus invólucros.

O estudo é realizado pelo químico Francisco Carlos da Silva, que fez mestrado em 2007 em Análise Geoambiental e atualmente faz seu doutoramento no programa em Ciências Ambientais da Unesp-Sorocaba, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Sérgio Tonello. Francisco explica que o estudo ocorre através da avaliação preliminar na área de estudo, por meio de ensaios geofísicos, ou seja, utilizando-se métodos indiretos de investigação do subsolo, não invasivos e, portanto, não destrutivos. Posteriormente, é realizada a coleta de amostras de solo que apresentarem concentrações anormais de metais para análise química mais apurada.

Francisco afirma que “a preocupação desta linha de pesquisa não é apenas a contaminação do aquífero freático, mas também a possibilidade de o produto da decomposição afetar, direta ou indiretamente, o ser humano”. Isto porque pode haver a absorção destes metais pelos vegetais através da irrigação e estes, posteriormente, serem consumidos pela população. É sabido que a ingestão de elementos químicos potencialmente tóxicos, via direta ou indireta, pode causar problemas de saúde para o ser humano e também para os animais, podendo provocar distúrbios e doenças variadas.

Segundo o pesquisador, esta pesquisa possibilita verificar os possíveis danos causados pela contaminação por metais em solo, permitindo que sejam evitados através da realização de estudos geotécnicos, geofísicos e hidrogeológicos antes da implantação dos cemitérios. Ainda segundo o pesquisador, as maiores dificuldades que enfrenta em seu estudo são a falta de recursos para realizar parte da pesquisa e a ausência de pesquisadores especialistas nessa área de estudo.

As áreas para sepultamento apresentam cada vez mais demandas pela sociedade, em virtude do aumento populacional. Porém, cemitérios são áreas que podem gerar alterações ao meio físico e por isso deve-se considera-los como sérias fontes de impacto ambiental, como está sendo comprovado por Francisco.

Desta forma, esta pesquisa apresenta grande importância para a sociedade pois, apesar das questões religiosas e culturais, os cemitérios são uma fonte potencial de contaminação. Assim, se não forem tomadas as medidas de projeto e operação necessárias, podem tornar-se um problema de saúde pública. Cemitérios instalados há muitos anos geralmente não possuem essas medidas e seu potencial poluidor deve, no mínimo, ser monitorado, pois, diferentemente dos cemitérios de hoje, os antigos são propensos a se tornarem bombas-relógio.

 

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