Notícia

Pesquisa na Espanha discute e enfrenta os desafios da descarbonização no transporte rodoviário

Fonte

Universidade Politécnica de Madri

Data

segunda-feira, 10 maio 2021 06:35

Áreas

Energia. Governança Ambiental. Mobilidade. Mudanças Climáticas. Sustentabilidade.

Na Espanha, a Estratégia de Descarbonização de Longo Prazo 2050 estabelece que a descarbonização do setor de transportes deve vir em conjunto com a intensificação das medidas de eficiência energética, a par da substituição dos combustíveis fósseis por outros produtos de baixo consumo energético ou de zero emissões líquidas de carbono. No ano de 2030, em resultado das medidas previstas no Plano Nacional Integrado de Energia e Clima da Espanha, como a alteração dos modelos de mobilidade e o aumento da eletrificação [de veículos], é prevista uma quota de 28% das energias renováveis ​​nos transportes, bem como uma redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) de 30% entre 2021 e 2030. A caminho da neutralidade climática neste setor a partir do ano 2030, e para chegar a um nível de emissões de GEE de apenas 2 MtCO2eq em 2050, em comparação com os 90 MtCO2eq emitidos em 2018, é necessário avançar nas medidas de eficiência energética, eletrificação do setor, promoção de combustíveis líquidos e gases renováveis, digitalização e planejamento urbano integrado.

No que diz respeito ao transporte rodoviário e nesse horizonte de 2050, há tecnologia para descarbonizar o setor a 100%, embora, devido à vida útil dos veículos, à penetração dos híbridos e à maior dificuldade em descarbonizar os veículos pesados, no ano de 2050 um consumo residual de combustíveis fósseis poderão ainda permanecer.

Diante desses objetivos nacionais [na Espanha] de redução do consumo de energia e das emissões de GEE no setor, podem ser colocadas as seguintes questões:

• O que se entende por descarbonização?
• Que tipo de emissões de GEE estão sendo consideradas nesses objetivos?
• Estão sendo consideradas apenas as emissões diretamente associadas à fase de uso do combustível?
• Todo o ciclo de vida do veículo e a fonte de energia estão sendo considerados dentro desses objetivos de descarbonização?

Todas essas questões precisam ser respondidas, esclarecendo o que está sendo considerado em cada uma dessas metas ou objetivos futuros. Diante dessa situação, a pegada de carbono surge como um índice necessário para se ter uma perspectiva mais completa do impacto nas mudanças climáticas. A pegada de carbono de um produto, processo ou serviço é definida como a soma das emissões e remoções de GEE em um sistema de produto, expressa em termos de CO2 equivalente e com base em uma análise do ciclo de vida, usando uma única categoria de impacto, a das mudanças climáticas (ISO, 2018). De acordo com o Quinto Relatório de Avaliação de Mudanças Climáticas (IPCC, 2013), os GEEs considerados são dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorocarbonos (HFCs), perfluorocarbonos (PFCs), hexafluoreto de enxofre (SF6) e trifluoreto de nitrogênio (NF3).

Este índice possui diferentes metodologias de cálculo, com diferentes escopos e considerando diferentes etapas dentro dos limites do sistema avaliado para seu cálculo, gerando disparidade nos resultados obtidos e ocasionando diferentes interpretações. Na Espanha, estão sendo realizadas pesquisas para esclarecer e tentar unificar resultados, permitindo comparações sob condições de estimativa análogas. O objetivo deste estudo é realizar uma revisão bibliográfica exaustiva de estudos científicos recentes, que permita uma análise comparativa de estudos de pegada de carbono de diferentes tecnologias de propulsão de veículos utilizados no transporte rodoviário. Para isso, primeiramente, são estabelecidas as fronteiras do sistema a ser considerado, que, neste caso, inclui todo o ciclo de vida da fonte de energia (CVFE) e todo o ciclo de vida do veículo (CVV). Ambos os ciclos convergem na etapa de uso do veículo e a soma das emissões totais de GEE em cada um deles permite uma estimativa completa da pegada de carbono a ser obtida.

A pesquisa espanhola, que se estenderá ao longo de 2021, está estruturada em cinco grandes blocos:

• Introdução: bases metodológicas, conceitos básicos e abordagem geral do estudo
• Ciclo de vida do combustível (fase de uso de energia)
• Ciclo de vida do combustível (fase de geração de energia)
• Ciclo de vida do veículo desde sua fabricação até o final de sua vida útil
• Harmonização de resultados e conclusões.

O objetivo final da pesquisa é tirar conclusões claras e objetivas sobre a pegada de carbono das diferentes tecnologias de propulsão / fontes de energia utilizadas no transporte rodoviário, eliminando assim o “ruído” gerado pelos estudos parciais. É especialmente relevante enfatizar as condições temporais e geográficas que determinam os resultados obtidos e o quadro a que se enquadram. Neste sentido, as referências básicas são o estudo europeu realizado pelo Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia em conjunto com o EUROCAR (Conselho Europeu de Pesquisa e Desenvolvimento Automotivo) e da CONCAWE para o ciclo de vida do combustível e os resultados do modelo norte-americano GREET (Gases de efeito estufa, emissões reguladas e uso de energia em tecnologias), desenvolvido pelo Centro de Avaliação de Sistemas do Departamento de Energia do Laboratório Nacional Argonne, dos Estados Unidos.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Politécnica de Madri (em espanhol).

Fonte: Universidade Politécnica de Madri. Imagem: Connor Wang via Unsplash.