Notícia
Pesquisa desenvolvida na UFLA transformará rejeitos do rompimento da Barragem do Fundão em tijolos de adobe
O adobe é um tijolo maciço constituído basicamente de terra crua e água, geralmente moldado em fôrma, em um processo artesanal ou semi-industrial
Reprodução
Fonte
UFLA | Universidade Federal de Lavras
Data
quarta-feira, 11 setembro 2019 15:00
Áreas
Cidades, Gestão Ambiental, Gestão de Resíduos, Sustentabilidade
O rompimento da Barragem do Fundão, ocorrido em 2015 no distrito de Bento Gonçalves, em Mariana (MG), é considerado o maior desastre ambiental do país. Cerca de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram lançados, destruindo casas, poluindo rios e causando mortes. O impacto gerado ao meio ambiente nessa região fez com que pesquisadores buscassem meios para recuperar as áreas degradadas pela tragédia. Uma pesquisa desenvolvida no Departamento de Ciências Florestais da Universidade Federal de Lavras (DCF/UFLA), pelo professor Dr. Lourival Marin Mendes, visa a aplicação do rejeito de mineração na produção de tijolos feitos de barro, conhecidos como adobe.
O adobe é um tijolo maciço constituído basicamente de terra crua e água. Geralmente, é moldado em fôrma, em um processo artesanal ou semi-industrial. Essa é uma técnica milenar que foi muito aplicada no Brasil durante a colonização e está presente até hoje nas cidades históricas de Minas Gerais. “Mariana está próxima da rota turística, faz parte da Estrada Real, e o uso desses tijolos vem ao encontro da conservação do patrimônio histórico. Além disso, produzir o adobe utilizando o rejeito possibilita a recuperação não só ambiental, como também econômica da região”, explica Lourival.
O rejeito, após o rompimento, espalhou-se por uma vasta área, o que torna acessível o trabalho dos pesquisadores em campo, que irão recolher o material para análises e produção dos tijolos. “Precisamos avaliar o rejeito para conseguirmos chegar mais próximos das características principais do adobe feito de terra. Iremos fazer a caracterização da lama, incluindo novos materiais para melhorar a qualidade do tijolo. De certa forma, podemos dizer que esse trabalho será um meio de remediar parte do problema que assolou a região”, diz o professor.
A pesquisa, que foi contemplada em edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) em parceria com a Fundação Renova, está situada no eixo “memória histórica, cultural e artística” e tem o objetivo de desenvolver metodologias construtivas simples, utilizando os rejeitos de mineração, desenvolvendo técnicas de baixo custo, para a fabricação dos adobes.
O professor Lourival enfatiza também o lado social do trabalho. “Faremos uma ação direta com a população local e depois pretendemos disponibilizar material didático simples, com linguagem clara, e distribuir para as pessoas que foram afetadas pelo desastre, para que possam recuperar seus patrimônios e, quem sabe, gerar um plano de negócios, trazendo renda para as famílias”.
Acesse o conteúdo completo na página da UFLA.
Fonte: Caroline Batista, jornalista – bolsista Dcom/Fapemig. Imagem: Reprodução.
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