Notícia

Pesquisa desenvolve novo modelo para sustentabilidade da caatinga

Resultados do estudo mostraram que integração intermediária entre homem e natureza produz mais água, energia e alimentos na caatinga

Dr. Helder de Araújo

Fonte

UFPB | Universidade Federal da Paraíba

Data

sábado, 8 agosto 2020 11:50

Áreas

Agricultura. Ciência Ambiental. Ecologia. Governança Ambiental. Recursos Naturais.

Estudo de pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) fornece novo modelo de paisagens agrícolas sustentáveis para a região semiárida da caatinga brasileira.

No estudo “Um modelo de paisagem agrícola sustentável para áreas secas tropicais”, em tradução livre, publicado na revista científica Land Use Policy, os pesquisadores avaliaram como diferentes coberturas das paisagens (naturais, agrícolas e degradadas) na caatinga influenciam a manutenção de água no solo, a criação de energia a partir da biomassa e a produção de alimentos derivados das práticas agropecuárias.

“Em áreas secas do mundo, a água no solo limita os processos biológicos e a produção de alimentos. No entanto, a manutenção dessa água em solos também está associada à cobertura e à densidade da vegetação, que são afetadas pela extração de madeira para produção de energia”, explica o Dr. Helder de Araujo, professor da UFPB e um dos autores do trabalho.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da UFPB, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), da Associação Plantas do Nordeste e da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, e contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Segundo o professor Helder de Araujo, como as ofertas de água, energia e alimento estão interligadas, as análises precisam ser avaliadas simultaneamente e não individualmente, como tem sido a prática até agora.

“Os resultados do estudo mostraram que paisagens com complexidade de estrutura intermediária (ou seja, aquelas que combinam vegetação natural e ecossistemas transformados pelo homem) são as mais eficientes para produzir água, energia e alimentos na caatinga”, destacou o professor da UFPB.

Os pesquisadores atestaram, no artigo, que o acréscimo de coberturas naturais na paisagem da caatinga brasileira aumentou a produção de energia de biomassa, de alimentos e de água no solo. “No entanto, a produção de água estabilizou quando a cobertura natural atingiu mais de 80% da paisagem. Também a safra de alimentos diminuiu no momento em que o revestimento natural ocupou mais de 50% da paisagem”, disse o Dr. Helder.

Para o professor da UFPB, o estudo forneceu quatro práticas que podem orientar o planejamento de paisagens agrícolas sustentáveis em áreas secas tropicais. A primeira foi que a manutenção de grandes áreas de vegetação natural ou restaurada é importante para paisagens agrícolas sustentáveis.

Já a segunda diz respeito à diversidade de culturas agrícolas, à rotação de culturas e à agricultura mista em sistemas agropecuários. Elas podem ser adotadas nas propriedades rurais e têm potencial de alcançar altos rendimentos produtivos nas áreas secas.

Por sua vez, a terceira revela que áreas degradadas devem ser evitadas nas paisagens. Elas comprometem os serviços ambientais e geram custos socioambientais altos para a população local. Finalmente, o estudo apontou que as paisagens agrícolas sustentáveis requerem grandes áreas para conservação. É necessária, de acordo com os pesquisadores, uma integração sistêmica delas com os sistemas de produção.

“Os resultados apontam que a legislação brasileira precisa ser atualizada, se o país deseja atingir o desenvolvimento sustentável de atividades agropecuárias em terras secas. As seguranças hídrica, alimentar e energética devem ser aproveitadas e planejadas a longo prazo nas regiões tropicais secas”, argumentou o Dr. Helder.

No artigo, os pesquisadores constataram ainda que as produções de água, energia e alimento diminuíram quando a porcentagem de áreas degradadas aumentou na região. Eles apontam que a melhoria do cenário requer mais conservação, incluindo restaurar áreas degradadas. Também salientam a necessidade de maior diversificação e adequação das práticas agrícolas e que os planejamentos, para a produção e conservação das unidades territoriais, integrem distintas propriedades rurais.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da UFPB.

Fonte: Jonas Lucas Vieira e Pedro Paz, Ascom/UFPB. Imagem: Dr. Helder de Araújo.

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