Notícia

Pesquisa da UFSM e Embrapa mostra que o trigo absorve mais CO2 do que emite

Cultura apresentou ‘balanço negativo’ de carbono, ajudando a reduzir gases de efeito estufa

Divulgação

Fonte

UFSM |Universidade Federal de Santa Maria

Data

sexta-feira, 7 julho 2023 06:15

Áreas

Agricultura. Agronomia. Carbono. Ciência Ambiental. Meteorologia. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas. Solo. Tecnologias.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontou que o trigo tem condições de absorver mais carbono do que emite, contanto que bem manejado, com a redução ao máximo dos períodos de entressafra (pousio), em que o solo fica sem outros cultivos. Com o objetivo de avaliar as diferenças entre emissão e retenção de carbono no sistema de produção trigo-soja, quantificando os fluxos de CO2 em uma lavoura comercial de grãos, o estudo apontou que, durante o ciclo produtivo, o trigo atua como ‘descarbonizante’, ajudando a reduzir os gases de efeito estufa da atmosfera.

A pesquisa teve autoria de Gustavo Pujol Veeck, então doutorando em Física da UFSM, e de outros colegas pesquisadores, entre os quais Tiago Bremm, doutorando de Meteorologia da UFSM; a Dra. Lidiane Buligon, professora do Departamento de Matemática; o Dr. Rodrigo Josemar Seminoti Jacques, professor do Departamento de Solos, e a Dra. Débora Regina Roberti, professora do Departamento de Física da UFSM, orientadora de Gustavo. Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Environmental Quality.

A professora Débora explicou que a UFSM já executou estudos semelhantes, mas este foi o primeiro em uma lavoura comercial, de dimensões maiores, e não em áreas experimentais. À Universidade coube o processamento dos dados coletados por pesquisadores da Embrapa Trigo em uma lavoura em Carazinho por meio de uma torre de fluxo. De acordo com a professora, a torre de fluxo, que abrange uma área de 30 a 40 hectares, permite uma resposta rápida sobre os fluxos de gases no sistema, gerando uma sólida base de dados em apenas um ano, enquanto outras técnicas de campo demandam até mais de cinco anos para uma resposta segura em relação ao balanço de carbono no ambiente.

Trigo ‘descarbonizante’

O balanço de carbono foi registrado em cada etapa do sistema de produção, abrangendo o cultivo do trigo, o pousio de primavera (entre a colheita do trigo e a semeadura da soja), o cultivo da soja e o pousio de outono (após a colheita da soja até a entrada da cultura de inverno). Para avaliar o balanço de CO2, a pesquisa considerou a retenção no sistema de produção e a emissão para a atmosfera, descontado o carbono que foi exportado nos grãos colhidos.

O balanço de carbono em cada etapa da produção de grãos, após descontada a quantidade extraída pelos grãos na colheita, mostrou que o trigo incorporou no sistema 75g de CO2 por metro quadrado (m2); a soja, apenas 3g CO2/m2; e os dois períodos de pousio emitiram 572g CO2/m2.

Assim, o trigo apresentou o que os pesquisadores chamam de ‘balanço negativo’ de carbono, já que a cultura sequestra mais carbono do que emite para a atmosfera. A absorção da cultura do trigo durante o ciclo neutralizou as emissões dos períodos de pousio e garantiu a oferta líquida de 185g CO2/m2, ou seja, 1.850kg de CO2 por hectare, comprovando a possibilidade de o trigo atuar como cultura ‘descarbonizante’ na produção de grãos do sul do Brasil, região responsável por mais de 90% do trigo e por 30% da soja produzidos no país.

Os resultados da pesquisa apontam ainda os impactos negativos do pousio no sistema de produção de grãos em relação à emissão de CO2. Em apenas 30 dias, foi capaz de emitir 27% de todo o carbono que o trigo e a soja acumularam em 11 meses de cultivo. Dessa forma, o cultivo de inverno ajuda a equilibrar o sistema, já que a soja absorve praticamente o mesmo valor de COque emite, enquanto o trigo retira CO2 da atmosfera.

Alternativas para reduzir ou eliminar o pousio entre as culturas no outono, tornando o balanço de carbono ainda mais negativo, seriam plantas de cobertura, para produção de grãos e de forragens.

Acesse o resumo do artigo científico (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal de Santa Maria.

Fonte: Ricardo Bonfanti/UFSM e Assessoria de Imprensa da Embrapa. Imagem: Torre de fluxo captou os dados em uma lavoura em Carazinho. Fonte: Divulgação.

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