Notícia
Pesquisa cria índice para avaliação das condições de ciclovias e ciclofaixas
Testado em Aracaju, modelo aponta nível ‘crítico’ da ‘ciclabilidade’ da capital
Divulgação
Fonte
UFS | Universidade Federal de Sergipe
Data
sexta-feira, 15 fevereiro 2019 10:10
Áreas
Mobilidade, Mobilidade Urbana, Sustentabilidade.
Repensar a mobilidade urbana é um desafio que envolve vários aspectos sociais, como questões econômicas e ambientais para melhorar a qualidade de vida. Nessa discussão, uma alternativa que está sendo debatida é a presença da bicicleta no trânsito como uma opção de transporte diário. Porém, mesmo com um alto número de ciclistas, a ideia ainda não é tão disseminada.
Ao observar essas necessidades, o pesquisador José Waldson Costa de Andrade construiu o primeiro índice para avaliação da ciclabilidade em uma cidade, utilizando Aracaju como pontapé da pesquisa. A inquietação pessoal foi a grande motivação da sua tese. Em 2007, ele fundou a organização “Ciclo Urbano” para pesquisar a utilização de bicicletas e, desde então, participa de movimentos que debatem o tema.
O objetivo é identificar se as cidades são “amigas” da bicicleta e mostrar como um projeto bem estruturado é capaz de modificar a lógica individualista que pode ser percebida no espaço urbano. “A cidade mais ‘ciclável’ do mundo é uma cidade onde o trânsito seja compartilhado de forma equitativa e isso faz parte dos desafios da ciclabilidade. Existe uma dificuldade muito grande que é a infraestrutura e o que se vê é uma política de desincentivo à mobilidade”, diz José Waldson.
O trabalho levou em conta não só critérios qualitativos de ciclovia (como qualidade de piso e sinalização), mas também aspectos ambientais, técnicos e sociais. O fruto dos apontamentos foi a construção do Índice de Ciclabilidade com cinco categorias e 12 indicadores (veja infográfico na página da UFS).
Construção da pesquisa
José Waldson começou a desenvolver sua pesquisa pelo Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) em 2015 para trabalhar com unidades de conservação, mas por não se identificar com o tema, resolveu mudar seu foco. Somente em 2016 ele decidiu realmente trabalhar com a questão das bicicletas em Aracaju.
“A construção do processo metodológico teve seus pilares na troca de saberes. Da minha parte o saber acadêmico, e da parte do Waldson o saber e a vivência na militância em movimentos ligados com a mobilidade urbana e também a experiência como usuário das ciclovias”, afirma a orientadora da dissertação, professora Laura Gomes.
Com o novo tema definido, a dissertação foi construída a partir da observação das cinco ciclovias mais utilizadas na cidade e a contagem de ciclistas foi um dado fundamental. Para fazer essa contagem, Waldson estipulou dias e horários específicos para cada ciclovia, de acordo com critérios da engenharia de tráfego.
Desafios e constatações
Apesar de já ter bastante vivência na área, José Waldson não pôde deixar de observar algumas surpresas no caminho. Segundo ele, a grande quantidade de mulheres pedalando foi algo inesperado que trouxe um lado positivo nos resultados obtidos. Porém, a falta de iniciativa do poder público em melhorar as condições para utilização das bicicletas ainda é algo grave que impede um bom desenvolvimento urbano.
“A gente luta tanto para que as pesquisas ultrapassem os muros da universidade, mas percebemos que o governo ainda não tem percepção de que deve colher essas informações que a academia está produzindo”, diz José Waldson.
Além disso, é preciso conscientização por parte de toda a população para que possa existir um bom compartilhamento do espaço público. No entanto, José Waldson avalia que, independente das dificuldades ainda existentes, a tese já é uma grande conquista.
“O peso científico tem muita importância para validar a pesquisa. Como o Ciclo Urbano trazia muita experiência prática, nós não tínhamos respaldo teórico para firmar o que acontece com Aracaju. Agora, a pesquisa nos proporcionou isso. Consegui atingir meu objetivo e fiquei muito satisfeito, mas me sinto agora muito desafiado a continuar. Isso aqui ainda é apenas uma parte do meu sonho”, afirma o pesquisador.
Acesse o conteúdo completo na página da Universidade Federal de Sergipe.
Fonte: Letícia Nery e Marcilio Costa, UFS. Imagem: Divulgação (Mapa elaborado pelo pesquisador. Adaptação: Giordanna Belotti).
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