Notícia
Pesquisa avalia emissão de gases do efeito estufa na Amazônia e no Pantanal
Com experimentos realizados em campo e em laboratório, pesquisa do Instituto de Química da UFF avalia a variação de emissão de óxido nitroso nos dois biomas brasileiros
Luizamartinez via Wikimedia Commons
Fonte
UFF | Universidade Federal Fluminense
Data
segunda-feira, 18 dezembro 2023 17:35
Áreas
Biodiversidade. Biologia. Biomas. Ciência Ambiental. Clima. Ecologia. Geociências. Geografia. Gestão Ambiental. Modelagem Climática. Mudanças Climáticas. Saúde Ambiental. Solo. Sustentabilidade.
O impacto das ações humanas no meio ambiente tem influenciado cada vez mais as mudanças climáticas. No Brasil, cientistas avaliam as alterações que acontecem nos biomas nacionais, sobretudo na floresta amazônica, considerada a maior floresta tropical do mundo com cerca de 6,74 milhões de km2, estendendo-se por sete países além do Brasil e parte do território da Guiana Francesa.
Dada a importância desse ecossistema, na pesquisa ‘Mecanismos de emissão de óxido nitroso (N2O) em áreas alagáveis de florestas tropicais: modelagem de eventos extremos na Floresta Amazônica’, Gabriela Cugler – doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geociências (Geoquímica) da Universidade Federal Fluminense (UFF) – estudou a emissão de óxido nitroso nos solos de áreas naturalmente alagáveis na Amazônia e no Pantanal.
De acordo com o último relatório da Convenção-Quadro da Organização das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC), a temperatura do planeta pode aumentar até 2,6ºC até o fim do século. Na Amazônia, a diminuição do nível de chuva nos períodos de estiagem, somada ao avanço do desmatamento, pode levar à ampliação da seca em algumas áreas, enquanto o aumento das chuvas em outras regiões da floresta pode provocar o alagamento de locais nunca antes alagados.
Esses eventos são intensificados pelo efeito estufa, um fenômeno natural que possibilita a vida na Terra ao reter parte da radiação emitida pelo Sol pelos gases presentes na atmosfera, chamados de gases do efeito estufa (GEE). Entre eles, está o óxido nitroso (N2O), capaz de agravar a destruição da camada de ozônio e cuja principal forma de emissão, apontada até o momento, na Amazônia e no Pantanal, é pelo solo de áreas alagadas. Gabriela Cugler explicou que a agricultura e as indústrias são grandes fontes de produção do gás, mas que existe uma lacuna de informações ao tentar entender qual o impacto das emissões de N2O pelas florestas naturais. “Seja uma floresta tropical ou temperada, onde elas se encaixam dentro desse cenário?”, questionou.
A pesquisadora destacou a importância da floresta amazônica, que não tem como principal função a produção de oxigênio. Como ressaltou Gabriela Cugler, nas escolas é ensinado que as plantas consomem gás carbônico para a liberação de oxigênio no processo de fotossíntese. “A partir desse conhecimento, foram realizados estudos ao redor do mundo para entender melhor a participação das florestas nesse cenário (de controle de gases do efeito estufa), então já temos uma noção de que as florestas são importantes nesse contexto, mais ainda nas áreas tropicais por serem quentes. É importante considerar que o calor afeta muito o metabolismo dos microrganismos”, disse Gabriela.
Ressaltando que os seres nessa faixa climática são bastante afetados pela alteração de temperatura, a pesquisadora observou que as florestas tropicais, em razão da temperatura, influenciam na produção de óxido de nitroso e começou a quantificar as taxas de emissão na Amazônia e no Pantanal, especificamente em ecossistemas alagáveis, regiões que passam de três a quatro meses sob influência da água.
O estudo avaliou como a produção de N2O funciona em diferentes cenários do bioma amazônico, considerando a presença ou não de água e de árvores, em quatro trabalhos: dois de campo – na Amazônia e no Pantanal, para avaliar o que acontece com o ambiente com o aumento ou diminuição do nível de água – e dois experimentos em laboratório apenas na Amazônia, buscando entender o impacto desses eventos extremos de seca ou alagamento.
A Dra. Viviane Figueiredo Souza, coorientadora do estudo, destacou que existem realidades previstas de mudanças extremas na Amazônia, como áreas que se tornarão mais secas e regiões que podem passar a apresentar maior frequência de chuvas. A ideia do projeto é justamente avaliar essas realidades já estabelecidas pela produção científica, que abordam também o ponto de mudança da floresta em que ela não vai mais conseguir se recuperar e entrar em um novo estágio.
“Com esses cenários, quisemos entender como o N2O, um gás de efeito estufa extremamente potente comparado ao dióxido de carbono (CO2) e ao metano (CH4), comporta-se diante dessas situações que vão afetar diretamente os processos microbiológicos, consequentemente afetando a produção dele no solo”. A pesquisadora reforçou que a Amazônia já está passando por alterações e explica a importância da pesquisa de Gabriela Cugler: “Ela pegou áreas que nunca foram secas e secou para ver como seria e também fez o contrário, alagou áreas que nunca foram alagadas e que não tem previsão de serem alagadas naturalmente, porque são áreas de florestas mais altas”.
A pesquisa ainda está em andamento, os próximos passos do estudo são: avaliar o papel das estruturas das plantas na produção do gás do efeito estufa e verificar como essa emissão acontece considerando a adição de fertilizantes no solo, como ocorre com a expansão da agricultura no bioma amazônico, e não apenas com o ambiente natural.
Acesse a notícia completa na página da Universidade Federal Fluminense.
Fonte: Francielly Barbosa, UFF. Imagem: Parque Nacional do Pantanal Matogrossense. Fonte: Luizamartinez via Wikimedia Commons.
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