Notícia
O impacto da poluição sonora nas escolas
Nível de ruído em algumas escolas públicas de Fortaleza está acima do recomendado, causa problemas de saúde e pode prejudicar aprendizado
Ivan Ary Júnior/UFC
Fonte
Agência UFC | Universidade Federal do Ceará
Data
quarta-feira, 20 fevereiro 2019 10:00
Áreas
Cidades, Gestão Ambiental, Saúde, Sociedade.
Segunda maior fonte de poluição no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ruídos sonoros também podem ser motivo de incômodo na hora do estudo. Por isso, pesquisadores do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará têm avaliado como os ambientes de escolas públicas podem ser impactados por sons externos à sala de aula.
A pesquisa investigou o nível de ruído em três escolas de Fortaleza (uma de jardim de infância, uma de ensino fundamental e outra de ensino médio) e os efeitos disso no dia a dia escolar. Nas três, os ruídos percebidos estavam em níveis acima do recomendado pela OMS (até 55 decibéis) e pela legislação brasileira (até 60 decibéis), em alguns casos chegando a alcançar mais de 80 decibéis.
Para chegar aos dados, foi utilizado software de modelagem virtual que produziu mapas de ruídos a partir do volume e composição do tráfego, levando-se em conta também a arquitetura dos prédios na região, que podem ajudar a propagar ou a isolar o som. Também foi feita a validação presencial dos dados com o uso de decibelímetro.
Impactos
O excesso de barulho no ambiente escolar traz consequências diretas tanto para alunos, que podem ter o rendimento prejudicado, quanto para professores, potenciais vítimas de problemas de saúde. “A criança fica agitada e perde a atenção, e o professor precisa falar mais alto e fica com as cordas vocais danificadas”, resume o Prof. Mário Azevedo, que coordena os estudos juntamente com o Prof. Ivan Ary Júnior.
Reclamações quanto a essas questões foram percebidas durante as entrevistas realizadas pela pesquisa nas escolas estudadas. Os professores revelaram, principalmente, problemas de rouquidão, estresse e danos nas cordas vocais, que atribuíram à poluição sonora.
Já os estudantes apresentaram mudanças no comportamento causadas pelos ruídos, incluindo agitação, dificuldade de aprendizado, perda de concentração e distração visual durante as aulas. A influência disso no rendimento escolar ainda será tema de estudo para os pesquisadores da UFC.
Além do barulho em si, também pode ser prejudicial a vibração existente, principalmente, nas áreas próximas às linhas de metrô. Mesmo quando pouco perceptível, ela pode ter impacto na concentração e quietude do corpo. “A vibração é como um som de baixa frequência. Você pode não ouvir, mas seu corpo está sentindo”, explica Mário Azevedo.
A solução para o excesso de ruídos é algo que depende das especificidades da localização de cada escola e de seus problemas estruturais. Para a escola situada na rodovia, por exemplo, o Prof. Mário Azevedo afirma que uma cerca viva (barreira feita de plantas) na área externa, impedindo o som dos veículos de chegar à sala de aula, poderia ser o suficiente. Em outros casos, não é tão simples.
Escolas diretamente afetadas por várias fontes de ruídos, como a localizada próximo ao metrô elevado, precisariam de uma completa reestruturação ou até mesmo mudança de lugar. Até há formas de amenização, como a construção de barreiras de acrílico nas laterais da linha do trem para isolar o som, mas isso não eliminaria aspectos negativos como o da vibração nem o da passagem de aviões.
Investigar o nível de interferência que o excesso de ruídos tem no rendimento escolar dos alunos será o próximo passo do estudo. Com essas informações, os pesquisadores esperam desenvolver junto com o poder público uma maior atenção para os problemas de acústica das escolas, que poderão ser resolvidos de forma mais eficiente a partir de mudanças estruturais.
Acesse o conteúdo completo na página da Agência UFC.
Fonte: Prof. Mário Azevedo, do Departamento de Engenharia de Transportes. Imagem: Ivan Ary Júnior/UFC.
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