Notícia
O impacto da luz sobre as florestas
Juliana de Freitas, IEE/USP
Fonte
Igor Zolnerkevic, Revista Pesquisa Fapesp
Data
quinta-feira, 26 outubro 2017 16:00
Áreas
Biodiversidade
Populações de diversas regiões do país, como as da Amazônia, têm escassa iluminação pública. Na maior parte daquela região, nas noites de céu limpo, ainda se pode contemplar a faixa de estrelas da Via Láctea de modo tão nítido quanto talvez fosse possível enxergar antes da chegada dos europeus às Américas. Um estudo publicado na revista Science em junho do ano passado estimou que o excesso de luz artificial durante a noite impeça um terço da população mundial de enxergar a Via Láctea. Enquanto as populações inteiras de países europeus já se encontram privadas de noites naturalmente escuras, a poluição luminosa no Brasil só chega no mesmo nível em seus grandes centros urbanos, concentrados no litoral do país. Em um trabalho publicado em fevereiro deste ano na revista científica PLOS One, pesquisadores de São Paulo e do Reino Unido realizaram a primeira avaliação espaço-temporal da presença da luz artificial nos tipos de vegetação brasileiros.
A bióloga Juliana de Freitas e o ecólogo Waldir Mantovani, do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP), em colaboração com os também ecólogos Jonathan Bennie e Kevin Gaston, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, avaliaram a porcentagem de área de cada tipo de vegetação brasileira exposto à iluminação artificial ou a aumentos da intensidade luminosa ao longo do tempo. Para isso, sobre cada um dos 52 tipos de vegetação nativa mapeados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram sobrepostos mapas contendo os dados de iluminação artificial obtidos de satélites da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (Noaa), de 1992 até 2012. Dessa forma, os pesquisadores obtiveram a porcentagem de área de cada tipo de vegetação afetado por luz artificial detectável e por aumento na intensidade luminosa ao longo de 20 anos.
O estudo publicado na PLOS ONE indica que varia de 0 a 25% a área de cada um desses tipos de vegetação afetados por iluminação artificial. Como esperado, as vegetações menos prejudicadas se localizam nas porções menos povoadas do país. Os tipos de vegetação nas quais a porcentagem de área banhada por luz artificial detectável foi próxima de zero foram os afloramentos rochosos e as campinaranas – vegetação que ocorre sobre as manchas de solo arenoso e pobre na Amazônia, cujas fisionomias podem variar de formações campestres a florestais.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
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