Notícia

Número de pessoas em extrema pobreza na América Latina sobe para 86 milhões

Relatório anual: “Panorama Social da América Latina” apontou crescimento da extrema pobreza, que representa um retrocesso de 27 anos e coloca a América Latina e Caribe como a região mais vulnerável do mundo aos efeitos das atuais crises sanitária e econômica

Hermes Rivera via Unsplash

Fonte

Nações Unidas Brasil

Data

sexta-feira, 28 janeiro 2022 16:35

Áreas

Desigualdade Socioambiental. Sociedade.

O número de pessoas vivendo em extrema pobreza na América Latina e Caribe atingiu a marca de 86 milhões. O dado foi divulgado no último dia 27 de janeiro pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), através do relatório anual Panorama Social da América Latina 2021. A Comissão estima que a taxa de extrema pobreza na região aumentou de 13,1% da população em 2020 (cerca de 81 milhões de pessoas) para 13,8% em 2021, um retrocesso de 27 anos nesse índice.

Esse aumento na extrema pobreza coloca os territórios da América Latina e Caribe como os mais vulneráveis do mundo diante da crise sanitária e econômica atual, segundo a avaliação da CEPAL.

Por outro lado, a Comissão identificou que a taxa geral de pobreza teve uma ligeira diminuição, passando de 33,0% para 32,1% da população. Isso significa que o número de pessoas em situação de pobreza passou de 204 para 201 milhões entre 2020 e 2021.

“Apesar da recuperação econômica experimentada em 2021, os níveis relativos e absolutos estimados de pobreza e de extrema pobreza mantiveram-se acima dos registrados em 2019, o que reflete a continuação da crise social”, apontaram os especialistas da Comissão, através do relatório.

“A crise também colocou em evidência a vulnerabilidade em que vive boa parte da população nos estratos de renda média, caracterizados por baixos níveis de contribuição para a proteção social contributiva e muito baixa cobertura da proteção social não contributiva”, acrescentou o texto.

COVID-19

O documento concluiu que a região experimentou um evidente retrocesso em sua luta contra a pobreza em 2020 devido à pandemia de COVID-19. Tanto a pobreza como a extrema pobreza aumentaram pelo sexto ano consecutivo. Em 2020, a pobreza extrema subiu para níveis registrados há 27 anos, enquanto a taxa geral de pobreza ficou em um nível similar ao do final da década dos anos 2000.

No estudo, a CEPAL indicou que em 2020 aumentou a proporção de mulheres que não recebem renda própria e se mantiveram as lacunas de pobreza nas áreas rurais, povos indígenas e crianças. Da mesma forma, ao examinar diferentes índices, entre eles, o coeficiente de Gini, constatou-se um aumento da desigualdade.

Segundo a Comissão Regional das Nações Unidas, a pobreza teria sido maior em 2020 se os países da região não tivessem adotado medidas como as transferências emergenciais de renda. A extrema pobreza teria sido cerca de 1,8 ponto percentual mais alta, e a pobreza geral teria sido 2,9 pontos percentuais mais alta, em média, em sete países.

Recuperação

Apesar do exposto, o Panorama Social 2021 registra que nos últimos dez meses de 2020 as transferências emergenciais anunciadas pelos países para mitigar o efeito da crise representaram uma despesa de 89,7 bilhões de dólares, enquanto nos primeiros dez meses de 2021 os gastos anunciados com essas medidas foram a metade: 45,3 bilhões de dólares.

“A ‘recuperação’ econômica de 2021 não foi suficiente para mitigar os profundos efeitos sociais e do trabalho da pandemia, estreitamente vinculados à desigualdade de renda e gênero, à pobreza, à informalidade e à vulnerabilidade em que vive a população”, declarou Alicia Bárcena, secretária-executiva da CEPAL. Ela deu a declaração durante sua apresentação em uma coletiva de imprensa virtual para lançamento do relatório e aproveitou a ocasião para pedir que as transferências monetárias de emergência sejam mantidas em 2022 ou até que a crise sanitária esteja controlada.

Desigualdade

Outro aspecto analisado através do relatório foi o aumento da desigualdade entre 2019 e 2020, rompendo uma tendência decrescente que vinha sendo observada desde 2002. O Coeficiente de Gini – utilizado internacionalmente para medir a distribuição de renda – aumentou 0,7% para a média regional entre 2019 e 2020. Essa deterioração está diretamente relacionada com as repercussões da pandemia.

América Latina e Caribe é uma das regiões do mundo que teve mais tempo de interrupção das aulas presenciais, em média cerca de 56 semanas de interrupção total ou parcial, o que gerou lacunas no desenvolvimento de habilidades cognitivas, a perda de oportunidades de aprendizagem e o risco de aumento do abandono escolar. Da mesma forma, o fechamento das escolas tem impactado na sobrecarga das tarefas de cuidado das mulheres. Por isso, o retorno seguro às aulas presenciais é urgente em 2022, sublinha a Comissão Regional das Nações Unidas.

No estudo, a CEPAL ressalta que sem o controle da crise sanitária a recuperação econômica não será sustentável. A região apresenta o maior número de óbitos por COVID-19 em âmbito global (1.562.845 até 31 de dezembro de 2021), um número que seguirá crescendo enquanto persistir a pandemia e representa 28,8% do total de óbitos por COVID-19 observado no mundo, apesar da população da região alcançar somente 8,4% da população mundial.

Acesse a notícia completa na página das Nações Unidas Brasil.

Fonte: Nações Unidas Brasil.

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