Notícia
Novo material poroso transforma o resíduo do vidro em um produto de maior valor agregado
Indústrias que utilizam o vidro como matéria-prima ou como embalagem para seus produtos sempre geram resíduos de vidro durante o processo: apenas no Brasil, são produzidas cerca de um milhão de toneladas de resíduos de vidro por ano
marcelabr via Pixabay
Fonte
UFRN | Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Data
sexta-feira, 28 janeiro 2022 17:45
Áreas
Gestão de Resíduos. Indústrias. Química. Tecnologias.
Atualmente, o vidro é um material essencial. Esse contexto atual faz emergir a preocupação com os resíduos da sua produção, provenientes de vários momentos, como retalhos que sobram durante o recorte das peças, quebras no decorrer do processo de produção ou materiais com qualidade inadequada para aquele produto específico.
Pensando nisso, um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) desenvolveu e recebeu a patente de um material poroso que transforma o resíduo do vidro em um produto de maior valor agregado. Denominado LPM-3, o material tem uma estrutura zeolítica do tipo MFI, o que significa a conjunção de três características principais: a presença de aluminosilicatos (materiais com alumínio, silício e oxigênio) na sua constituição, uma estrutura porosa bem definida e com tamanho de poros bem definidos.
Segundo a Dra. Sibele Berenice Castellã Pergher, cientista que coordenou o desenvolvimento da patente, essas condições fazem com que esses materiais funcionem como peneiras moleculares, permitindo a seleção de moléculas pelo tamanho. O material patenteado poderá ser empregado em diferentes segmentos da indústria química, em processos como catálise, separação e adsorção. A professora do Instituto de Química da UFRN destacou também que materiais com a estrutura MFI já existem e são comercializados, contudo, não a partir do resíduo do pó de vidro.
Indústrias que utilizam o vidro como matéria-prima ou como embalagem para seus produtos sempre geram resíduos de vidro durante o processo. Apenas no Brasil, são produzidas cerca de um milhão de toneladas de resíduo de vidro por ano. De todo esse resíduo produzido, apenas 45% é reciclado. Esse resíduo reciclado tende a voltar para a indústria de vidro, produzindo materiais mais frágeis e com maior probabilidade de trincas.
Atualmente, a produção de zeólitas não é econômica, devido à pureza necessária dos reagentes, além do tratamento térmico a temperaturas superiores a 500ºC, processo de alto gasto energético. Uma das áreas de pesquisa promissoras é na utilização de novas matérias-primas que diminuam o preço e proporcionem os mesmos elementos necessários para a obtenção das zeólitas. “Percebemos aqui uma oportunidade interessante para o setor produtivo, razão pela qual o produto, o LPM-3, é já uma das causas da criação da start-up ZeoGlass”, destacou a Dra. Sibele Pergher.
A invenção contou com a parceria da professora Dra. Dulce Maria de Araújo Melo, bem como da Dra. Paloma Vinaches Melguizo e do Dr. José Antônio Barros Leal Reis Alves. “A importância dessa patente, bem como de outras que estamos desenvolvendo no laboratório, é contribuir com a preservação do meio ambiente através de estratégias inteligentes de aproveitamento de resíduos, visando a produção e a comercialização de novos produtos”, concluiu a Dra. Sibele Pergher.
Acesse a notícia completa na página da UFRN.
Fonte: Wilson Galvão, AGIR/UFRN. Imagem: marcelabr via Pixabay.
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