Notícia

Novo biolubrificante feito a partir do pequi pode ser alternativa renovável e não tóxica para a indústria

Biolubrificante pode solucionar um dos principais gargalos da área de combustíveis e lubrificantes minerais, que é o processo de oxidação de seus produtos

Jean Marconi/Flickr

Fonte

Agência UFC

Data

sexta-feira, 11 março 2022 09:45

Áreas

Biotecnologia. Indústria. Negócios. Química. Tecnologias.

No Cariri, ele faz grande sucesso na mesa ‒ e, na região central do País, o êxito não é diferente. Agora, além de especiaria da gastronomia brasileira, o popular pequi está sendo transformado, por pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC), em lubrificante para a indústria. Manifestando diversas vantagens em relação aos similares de origem mineral, como seu caráter renovável e a baixa toxicidade, o produto mostra-se promissor também por apresentar maior vida útil. O pedido de patente do invento já começou a ser escrito.

O fruto do pequizeiro é uma fonte oleaginosa muito explorada na área de alimentos e também na cosmetologia, porém não é usado como fonte de matéria-prima para a produção de lubrificantes de base biológica (biolubrificantes) e biocombustíveis. A utilização pioneira do pequi para este fim pode solucionar um dos principais gargalos da área de combustíveis e lubrificantes minerais, que é o processo de oxidação de seus produtos, o qual faz com que eles percam parte de sua eficiência.

“Naturalmente, o óleo de pequi, extraído principalmente da polpa do fruto, possui substâncias antioxidantes, as quais podem atuar na redução do fenômeno de oxidação e, dessa maneira, aumentar a vida útil enquanto lubrificante”, explicou a Dra. Nágila Ricardo, professora do Departamento de Química Orgânica e Inorgânica. “O óleo de pequi por si só pode superar esse entrave”, considerou a especialista.

Com isso, além de se apresentar como uma alternativa ambientalmente correta em relação aos lubrificantes minerais, o biolubrificante de pequi ainda se posiciona em situação de vantagem se comparado a similares de origem vegetal, como os feitos a partir de soja e mamona, por conta de sua riqueza em substâncias antioxidantes.

A professora Nágila vem coordenando a pesquisa, iniciada ainda entre 2013 e 2014. Os estudos são desenvolvidos no Laboratório de Polímeros e Inovação de Materiais (LabPIM/UFC) e contam com parcerias dos departamentos de Engenharia de Alimentos e de Engenharia de Transportes e de professores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

No início, a investigação tinha por objetivo produzir biodiesel do pequi, conforme projeto desenvolvido pela então mestranda Tathilene Bezerra Mota Gomes Arruda, hoje doutora, sob a orientação da professora Nágila Ricardo. Após essa experiência, a linha de pesquisa na síntese de biolubrificantes foi ganhando mais espaço.

O biolubrificante de pequi está sendo desenvolvido para que possa ser utilizado nos já conhecidos mercados de lubrificantes, como em motores marítimos e automotivos, fluidos de corte e fluidos hidráulicos, entre outros. Além disso, destacam os pesquisadores, o produto também poderá ser usado em aplicações mais finas, como na biomedicina, cosmetologia e indústria de alimentos.

A oferta renovável do produto retirado do pequi é uma das condições que garantem viabilidade econômica do biolubrificante, conforme defende Tathilene Arruda, que iniciou as pesquisas no laboratório com o biodiesel de pequi. “A viabilidade da produção dos biolubrificantes pode ser comparada à do biodiesel, uma vez que ambos são materiais com características químicas e sínteses muito similares”, destacou. Atualmente, o desenvolvimento do biolubrificante de pequi é o foco da pesquisa de doutorado de Elano Nery Ferreira, pelo Programa de Pós-graduação em Química da UFC, também sob orientação da professora Nágila Ricardo.

No Brasil, contudo, a produção e a utilização dos biolubrificantes ainda não ocorrem de modo tão extensivo quanto em mercados como o europeu. Além disso, destacou a professora Nágila Ricardo, o País ainda não possui legislação específica para este tipo de produto, como acontece em outras nações.

“Contudo, nossa pesquisa espera fornecer as soluções de mercado em termos de síntese para este tipo de produto, adiantando-nos aos possíveis entraves que possam ocorrer em sua produção”, analisou a professora. O biolubrificante de pequi ainda está sendo investigado em novos aspectos, passando por diversos testes de eficácia. “O intuito é que, ao final do doutorado, possamos ter um portfólio de lubrificantes que fortifiquem o biolubrificante de pequi como uma alternativa segura, limpa e biodegradável e com características similares ou até mesmo superiores aos lubrificantes de base mineral”, projetou Elano Ferreira.

Acesse a notícia completa na página da Agência UFC.

Fonte: Sérgio de Sousa, Agência UFC. Imagem: Jean Marconi/Flickr.

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