Notícia

Nova ferramenta oferece esperança na luta contra a extinção de plantas

Novas pesquisas fornecem informações importantes sobre quais pressões estão causando quais danos e onde

Erick Caldas Xavier via Wikimedia Commons

Fonte

Universidade Newcastle

Data

quinta-feira, 22 dezembro 2022 06:25

Áreas

Biodiversidade. Biologia. Botânica. Desmatamento. Ecologia. Engenharia Florestal. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas. ODS. Políticas Públicas. Queimadas. Recursos Naturais. Sustentabilidade.

Num poderoso discurso de abertura da Conferência da Biodiversidade das Nações Unidas (CoP15), em Montreal, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que “estamos travando uma guerra contra a natureza” e apelou a um “pacto de paz com a natureza”.

A transformação da produção agrícola, pecuária e madeireira para tornar as práticas sustentáveis mitigaria os maiores fatores de risco de extinção de espécies de plantas terrestres em diversos ecossistemas, de acordo com um artigo publicado na revista científica Conservation Biology. Saber disso nos permite começar a fazer esse ‘pacto de paz com a natureza’.

O estudo utilizou dados do Brasil, África do Sul e Noruega em uma nova métrica, para identificar oportunidades para reduzir o risco de extinção de espécies vegetais. O trabalho foi uma colaboração entre cientistas e conservacionistas internacionais, liderados pela Universidade Newcastle, no Reino Unido.

Redução de Ameaças e Restauração  

Os autores aplicaram a nova métrica STAR (Species Threat Abatement and Restoration) a espécies de plantas vasculares que foram avaliadas em listas críticas nacionais. A semelhança entre os três países foi a ameaça considerável que as atividades agrícolas representam para as espécies de plantas. No Brasil, o risco de extinção das 2.791 espécies de plantas endêmicas incluídas no estudo pode ser reduzido em 29% com o combate à ameaça das atividades agrícolas. As 1.894 espécies de plantas endêmicas estudadas na África do Sul também poderiam ter seu risco de extinção reduzido em 36%, enquanto a Noruega poderia ver uma redução de 54% no risco de extinção das 301 espécies de plantas terrestres estudadas.

A situação única de cada país foi revelada pela identificação de novas oportunidades para reduzir o risco de extinção de espécies. No Brasil, mitigar a ameaça da expansão urbana poderia reduzir o risco de extinção de espécies em 21%, enquanto mitigar a ameaça de incêndios, causados pelas mudanças climáticas e pelo desmatamento, poderia reduzir o risco de extinção em mais 10%. Na África do Sul, as espécies invasoras representam uma grande ameaça à flora endêmica, e lidar com essa ameaça pode reduzir o risco de extinção de plantas em 21%. Na alta latitude da Noruega, uma redução de 39% no risco de extinção de espécies poderia ser alcançada ao enfrentar a ameaça da mudança climática, que é um desafio particularmente difícil para a conservação, uma vez que a mudança climática não pode necessariamente ser combatida localmente.

A Dra. Louise Mair, autora principal do estudo e professora da Escola de Ciências Naturais e Ambientais da Universidade Newcastle, explicou: “O estudo demonstra a importância de considerar as necessidades de conservação da maior diversidade possível de espécies. Embora a maior oportunidade para reduzir o risco de extinção de plantas terrestres e vertebrados terrestres, como anfíbios, aves e mamíferos, venha da mitigação de ameaças da agricultura, a importância relativa de enfrentar outras ameaças diferiu para plantas em comparação com um estudo anterior sobre vertebrados terrestres”.

“Embora poucas espécies endêmicas ocorram na Noruega, este estudo mostrou que a Noruega pode de fato contribuir para reduzir os riscos de extinção global por meio da manutenção das populações de plantas vasculares ártico-alpinas”, disse a Dra. Magni Olsen Kyrkjeeide, pesquisadora do Instituto Norueguês de Pesquisa da Natureza.

Lara Monteiro, colaboradora do Instituto Internacional para Sustentabilidade e doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Recursos Naturais da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, e Eduardo Fernandez, co-presidente da IUCN SSC Brazil Plant Red List Authority e coordenador da Red List Unit no Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, acrescentaram: “Além de demonstrar a importância de enfrentar diferentes ameaças afetando a persistência da flora brasileira, este estudo também destaca o considerável esforço de pesquisa que o Brasil tem feito até agora, e a importância de investir na expansão das avaliações de listas vermelhas nacionais para detectar espécies Ameaçadas e Quase Ameaçadas. Desenvolver pesquisas sobre ações mais efetivas para combater e mitigar a perda de espécies em cenários de mudanças climáticas, como a restauração da paisagem florestal, pode nos ajudar a trazer de volta milhares de espécies que estão à beira da extinção e, assim, permitir a conquista de metas nacionais”.

Maior diversidade de espécies

As listas vermelhas nacionais fornecem um recurso essencial para permitir que tais análises capturem uma maior diversidade de espécies; apenas 13% das espécies de plantas têm uma avaliação global de risco de extinção, mas a África do Sul fez uma avaliação nacional de todas as 20.401 espécies de plantas dentro de suas fronteiras, enquanto o Brasil avaliou quase 22% (7.830 de 35.683 espécies) de sua flora altamente diversificada. Análises que utilizam dados de listas vermelhas nacionais, como as apresentadas neste estudo, não apenas facilitam a inclusão de uma maior diversidade de espécies, mas também fornecem informações sobre o contexto único de conservação de cada país.

A métrica STAR aplicada neste estudo fornece uma ferramenta para permitir que os tomadores de decisão locais e nacionais avaliem sua contribuição potencial para a redução global do risco de extinção de espécies, permitindo que eles se envolvam em processos de política internacional de conservação através das lentes de seu contexto nacional. Tais análises serão fundamentais para apoiar a conservação de espécies no Quadro de Biodiversidade Global pós-2020 que está sendo acordado na 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Montreal.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade Newcastle (em inglês).

Fonte: Universidade Newcastle. Imagem: Floresta Nacional do Iquiri (AM). Fonte: Erick Caldas Xavier via Wikimedia Commons.

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