Notícia
Naufrágios podem trazer novos conhecimentos sobre a ecologia marinha
Monitorização da vida marinha em torno dos naufrágios pode fornecer aos cientistas um conjunto de dados para compreender melhor as mudanças nos ambientes subaquáticos
rorozoa via Freepik
Fonte
Universidade de Edimburgo
Data
terça-feira, 2 janeiro 2024 15:45
Áreas
Arqueologia. Biodiversidade. Ecologia. Ecologia Marinha. Monitoramento Ambiental. Oceanografia. Saúde Ambiental.
Rastrear espécies que vivem em locais de embarcações submersas pode oferecer pistas vitais sobre como essas formas de vida se adaptam para sobreviver, de acordo com um novo estudo que envolve arqueólogos da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido.
A vigilância dos locais dos naufrágios pode ajudar nos esforços futuros para proteger as espécies aquáticas em risco de alterações no ecossistema marinho. O estudo está lançando nova luz sobre a chamada conectividade – a capacidade das espécies se moverem livremente de um lugar para outro para poderem encontrar alimento e procriar. A pesquisa também ajuda a compreender o complexo processo conhecido como sucessão – como a mistura de espécies e habitats num determinado local muda ao longo do tempo.
Os pesquisadores estão estudando processos como a perturbação, causada por alterações temporárias nas condições ambientais, e a degradação provocada pela destruição de habitats.
Locais diferentes
“Os navios naufragados, desde grandes navios até pequenos botes, fornecem estruturas artificiais e materiais que são totalmente diferentes do ecossistema circundante” disse a Dra. Georgia Holly, pesquisadora da Escola de História, Clássicos e Arqueologia da Universidade de Edimburgo.
A equipe de estudo tem observado como os naufrágios podem abrigar recursos ecológicos valiosos e se tornar o lar de uma rica variedade de organismos. Microrganismos, algas e invertebrados, como corais e esponjas, crescem em detritos e materiais submersos.
Pequenos peixes e crustáceos muitas vezes encontram abrigo nas fendas de material afundado, enquanto peixes maiores e predadores usam naufrágios como locais de alimentação e paradas para descanso enquanto nadam de um lugar para outro.
Pontos críticos de biodiversidade
No entanto, embora os naufrágios possam se tornar ‘pontos críticos de biodiversidade’, também podem abrigar espécies invasoras nocivas ou materiais perigosos, afirmaram os pesquisadores. Estes podem causar danos aos habitats existentes na área circundante e introduzir substâncias nocivas, como o petróleo.
Estima-se que três milhões de naufrágios estejam espalhados pelos oceanos, rios e lagos e muitos foram recuperados pela vida aquática. Estas relíquias, muitas vezes indescritíveis, que contêm pistas vitais sobre o comportamento humano passado, são classificadas como Patrimônio Cultural Subaquático pela UNESCO.
Principais habitats
“Embora os naufrágios sejam amplamente reconhecidos pelo seu significado cultural, são também frequentemente habitats ecológicos importantes, formando ecossistemas semelhantes a ilhas, importantes tanto para a biodiversidade como para o patrimônio e os meios de subsistência das populações costeiras”, afirmou a Dra. Georgia Holly.
Para ajudar a desenvolver esta disciplina emergente, a equipe de pesquisa sugere o estabelecimento de uma rede global de monitorização do patrimônio biocultural para naufrágios que estão prontos para exploração científica.
O uso sensível de tecnologias avançadas pode ajudar a garantir que os naufrágios permaneçam protegidos como recursos ecológicos e culturais.
A pesquisa, publicada na revista científica BioScience, foi concluída por uma equipe de ecologistas e arqueólogos do Reino Unido e dos EUA.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Edimburgo (em inglês).
Fonte: Universidade de Edimburgo. Imagem: rorozoa via Freepik.
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