Notícia

Na Europa, ilhas de calor urbanas têm impacto econômico sobre a saúde

Estudo analisou 85 cidades europeias ao longo de três anos completos e também levou conta a proteção que as ilhas de calor oferecem no inverno

Freepik

Fonte

EPFL | Escola Politécnica Federal de Lausanne

Data

segunda-feira, 29 janeiro 2024 10:55

Áreas

Cidades. Ciência Ambiental. Clima. Engenharia Ambiental. Geografia. Gestão Ambiental. Saúde. Sociedade.

As ilhas de calor encontradas em muitas cidades europeias têm um impacto claro no risco de mortalidade humana – um impacto comparável à poluição atmosférica ou, em termos de custos, ao preço pago pelos habitantes das cidades pelos transportes públicos. É o que diz um estudo publicado recentemente na revista científica Nature Communications, que estimou em 192 euros (cerca de mil reais) o custo médio para os efeitos relacionados com o calor por residente adulto por ano.

O estudo é o primeiro a quantificar as consequências econômicas de um problema que é comum a muitas áreas urbanas em todo o mundo, mas que os cientistas ainda lutam para compreender em toda a sua complexidade. Para chegar a números tão simples e tangíveis, a equipe de pesquisa combinou dados e métodos de uma série de disciplinas, incluindo climatologia urbana, epidemiologia, economia, estatística e modelagem matemática.

“A nossa pesquisa mostra que as ilhas de calor não se referem apenas às pessoas que sentem muito calor no verão”, afirmou o Dr. Gabriele Manoli, coautor do estudo. “Elas também têm efeitos adversos significativos na saúde humana, levando ao aumento dos riscos cardiovasculares e respiratórios, por exemplo, e reduzindo a expectativa de vida geral”. O Dr. Gabriele Manoli é pesquisador e chefe do Laboratório de Sistemas Urbanos e Ambientais da Escola de Arquitetura, Engenharia Civil e Ambiental da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça.

Potencialmente mortal, mas também protetor

As ameaças representadas pelo calor urbano não são obviamente as mesmas em diferentes cidades, e as pessoas que vivem na Espanha estão obviamente mais habituadas a temperaturas mais elevadas do que as que vivem na Finlândia. Este estudo é o primeiro a examinar os efeitos das ilhas de calor urbanas em diferentes cidades e estações do ano, compilando grandes quantidades de dados e simulações a fim de avaliar tanto os danos causados pelas ilhas de calor no verão como a proteção que oferecem durante as ondas de frio no inverno.

Para cada cidade, os cientistas estimaram os riscos relacionados à temperatura e traduziram-nos em custos de saúde, tendo em conta os efeitos do verão e do inverno, bem como o efeito anual líquido. Até agora, poucas pesquisas foram realizadas sobre o impacto econômico do risco do calor urbano e o papel que as ilhas de calor desempenham no inverno. O estudo estimou a ‘poupança’ média em € 314 (cerca de R$ 1.670) para os efeitos relacionados ao frio por residente adulto por ano. Os cientistas descobriram que, por exemplo, a ilha de calor urbana de Genebra pode causar 4 mortes adicionais relacionadas com o calor por cada 100.000 residentes por ano – mas pode prevenir 3,4 mortes relacionadas com o frio.

Decisões informadas

Com este estudo, o Dr. Gabriele Manoli e colegas do Reino Unido, EUA e Singapura esperam que a pesquisa esclareça questões importantes e informe futuras estratégias de planejamento e mitigação climática.

O pesquisador explicou que a abordagem interdisciplinar pode ajudar os decisores políticos urbanos a avaliar os riscos relacionados com o calor e a conciliar os diversos fatores associados às ilhas de calor urbanas. “O objetivo é tornar essas áreas menos perigosas nos meses de verão, sem comprometer a proteção que podem proporcionar no inverno”, afirmou. “Nosso estudo mostrou que o impacto das ilhas de calor varia consideravelmente de uma cidade e de uma estação para outra. No futuro, os decisores políticos poderão utilizar esta informação concreta na sua tomada de decisões”, concluiu.

O artigo científico completo contém tabelas que listam todas as 85 cidades incluídas no estudo, juntamente com a mortalidade induzida pelas ilhas de calor, o número de anos de vida perdidos e os impactos econômicos estimados.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Escola Politécnica Federal de Lausanne (em inglês).

Fonte: Sandrine Perroud, EPFL. Imagem: Freepik.

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