Notícia
Na Austrália, lã substitui o poliestireno em embalagens
Solução disruptiva pode ser eficaz
Divulgação, Universidade de Sydney
Fonte
Universidade de Sydney
Data
terça-feira, 12 outubro 2021 06:30
Áreas
Empreendedorismo. Gestão de Resíduos. Resíduos Sólidos. Sustentabilidade.
Depois de décadas passadas na indústria de embalagens de alimentos, a CEO Joanne Howarth, ex-aluna da Universidade de Sydney, que estudou economia e se descreve como uma “empreendedora nata”, ficou horrorizada com a quantidade de poliestireno usado em sua indústria e seu impacto devastador ao meio ambiente.
“Fui contratada pelo que hoje é o maior serviço de entrega de kits de refeição da Austrália e muito rapidamente passamos de 400 caixas por semana para 35.000. Trabalhamos em um depósito do tamanho de dois campos de futebol, gerenciando o ‘pick and pack’ e a distribuição para toda a Austrália, disse Joanne.
Do ponto de vista dos negócios, Joanne Howarth estava no topo. Mas com o passar dos meses, houve um feedback cada vez mais negativo dos clientes que, sob o modelo de assinatura do serviço, estavam coletando enormes quantidades de poliestireno, semana após semana. Joanne Howarth decidiu encontrar uma alternativa melhor e mais sustentável.
Da hipótese à solução
O poliestireno, fabricado em massa desde a década de 1960, é essencialmente plástico. É muito bom para isolar o calor e absorver choques (usado até no interior de capacetes) e não é solúvel em água, o que significa que pode acomodar o café e mantê-lo quente. Mas também é um dos materiais residuais menos reciclados – somente em Nova Gales do Sul, na Austrália, estima-se que 12.000 toneladas dele são enviadas para aterros sanitários a cada ano, ocupando 240.000 metros cúbicos de espaço em aterro.
E se não for para um aterro, é provável que acabe nos cursos de água e no oceano. Lá ele se decompõe lentamente em microesferas e é ingerido pela vida marinha enquanto destrói habitats marinhos e ameaça a biodiversidade. Além disso, também pode não ser bom para a saúde humana: há evidências que sugerem que pode causar câncer.
“Sempre fui apaixonada pelo planeta”, disse Joanne Howarth, que tem uma energia brilhante e envolvente. “E era óbvio que havia a necessidade de uma alternativa sustentável ao poliestireno.”
A resposta, ela descobriu: a lã. “Como uma garota da cidade, nunca pensei muito sobre lã”, disse ela. “Mas é a fibra mais notável: mantém as ovelhas aquecidas no inverno e frescas no verão.” Estudos preliminares sobre lã da Europa na década de 1980 mostraram-se promissores, e Joanne Howarth rapidamente contou com a ajuda de dois físicos têxteis para testar sua hipótese. Foi aí que começou o desenvolvimento da solução chamada ‘Woolpack’, apresentada pela empresa Planet Protector Packaging.
“Achei que poderíamos imitar a natureza, colocando um forro de lã dentro de uma caixa de papelão.” O produto resultante, que levou três anos para ser desenvolvido, é exatamente isso: um pedaço de lã, com cerca de um centímetro de espessura e um metro de comprimento. “As pessoas podem pensar: ‘Ah, é apenas lã…’, mas é muito mais do que isso. É um fluxo de resíduos desviado do aterro”, disse Joanne com orgulho.
E o mais importante, a lã supera termicamente o poliestireno: encontrar uma substância que possa fazer isso é uma conquista.
Na verdade, levou um ano apenas para encontrar o tipo certo de lã – fibra grossa, em vez de merino – que era necessária. Então Joanne Howarth descobriu que, embora a Austrália produza 25% da lã do mundo, a maior parte dela é exportada, quando passa por processos de limpeza para remover gordura e alguns contaminantes. E aí, a necessidade de importação.
“Foi a única maneira de decolarmos”, disse Joanne, antes de acrescentar que uma de suas próximas metas é devolver o processamento de lã à Austrália. “É um crime usarmos 20 toneladas de lã residual por semana, mas não termos mais uma indústria de lavagem e processamento de lã aqui, então estamos tecnicamente comprando nossa própria lã da China”.
“Esse é um fluxo de receita que a Austrália está perdendo”, disse Joanne Howarth com sua característica vivacidade empreendedora. “Podemos apoiar os agricultores australianos e fortalecer as comunidades rurais com soluções inovadoras como a Woolpack, que impulsionará a indústria da lã no futuro. Esta é uma grande oportunidade. ”
Joanne Howarth aponta que a Austrália é pequena no mercado global de embalagens: Austrália e Nova Zelândia juntas respondem por apenas 1,3% do uso global de poliestireno. A Ásia, por outro lado, responde por 46%. “Para acelerar nosso impacto, [iremos] onde somos realmente necessários”, disse ela com a presença global em mente. E a partir de 2022, é onde a Planet Protector Packaging estará: fornecimento para o Sudeste Asiático.
Por esse feito, Joanne Howarth recebeu o Prêmio de Inovação e Empreendedorismo 2021 para Ex-Alunos da Universidade de Sydney.
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Sydney (em inglês).
Fonte: Universidade de Sydney. Imagem: Divulgação, Universidade de Sydney.
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