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Manejo adequado de agroflorestas em florestas tropicais pode fornecer microhabitats adequados para sustentar populações de anfíbios

Conservar pequenos riachos, lagoas e estradas de terra em agroflorestas ajuda na manutenção da biodiversidade de anfíbios

Shashank Dalvi, National Science Foundation

Fonte

Penn State | Universidade Estadual da Pensilvânia

Data

sábado, 29 janeiro 2022 15:25

Áreas

Biodiversidade. Ecologia.

Embora ecossistemas de florestas tropicais em todo o mundo estejam sendo modificados e fragmentados por agroflorestas plantadas para produzir commodities como café, seringueiras e palmeiras areca, as comunidades de anfíbios podem sobreviver nessas paisagens transformadas – se as agroflorestas forem manejadas para sustentar a biodiversidade.

Essa é a conclusão de um novo estudo liderado por ecologistas da vida selvagem da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State), nos Estados Unidos, que pesquisaram as populações de anfíbios em Western Ghats, uma cordilheira que cobre uma área de cerca de 160.000 quilômetros quadrados paralela à costa sudoeste da Índia. Embora a floresta tropical tenha sido amplamente interrompida por modificações da terra pelo homem, a região é um dos oito mais importantes locais de biodiversidade do mundo.

O Western Ghats, que abriga anfíbios não encontrados em nenhum outro lugar do mundo, foi o local ideal para realizar a pesquisa, de acordo com o Dr. David Miller, professor de Ecologia Populacional da Vida Selvagem. A região tem mais de 250 espécies de anfíbios, algumas das quais estão ameaçadas e muitas só recentemente descobertas.

“O que acontece ecologicamente em Western Ghats tem importância internacional”, disse o Dr. Miller, cujo grupo de pesquisa na Faculdade de Ciências Agrícolas da Penn State estudou a saúde das populações de sapos e salamandras em todo o mundo. “Manter um nível de biodiversidade da floresta tropical suficiente para sustentar as populações de anfíbios é importante. As paisagens das agroflorestas podem oferecer habitats secundários que podem apoiar e sustentar a biodiversidade local”, destacou o pesquisador.

O estudo analisou as populações de anfíbios e o manejo da terra para exploração de café, borracha e palmeira areca – três das maiores agroflorestas de commodities em Western Ghats. Os pesquisadores descobriram que a ‘disponibilidade de microhabitats’ – a presença de riachos, lagoas e estradas de serviço não pavimentadas – teve uma grande influência no número de anfíbios e na distribuição de espécies.

“Nosso estudo descobriu que pequenas coisas podem fazer uma grande diferença. Por exemplo, um riacho muito pequeno – apenas uma vala – que tenha um metro de largura transportando água da chuva durante as monções é suficiente para fornecer um habitat significativo para anfíbios. Então, se pudermos persuadir os gestores de terras agroflorestais a não desviar ou reduzir esses tipos de características da paisagem para facilitar o cultivo, isso seria uma grande vitória”, disse Vishnupriya Sankararaman, doutoranda no Departamento de Ciência e Gestão de Ecossistemas da Penn State.

Em descobertas recentemente publicadas na revista científica Ecological Solutions and Evidence, os pesquisadores relataram que as agroflorestas de café tinham a maior riqueza de espécies e números de rãs, em comparação com a seringueira e a palmeira areca, provavelmente porque o café é uma árvore que gosta da sombra que cresce sob o dossel da floresta tropical.

A disponibilidade de microhabitats foi o mais forte preditor de ocupação de anfíbios – a presença de corpos d’água e estradas de terra mesmo que de pequenas dimensões aumentou a riqueza de espécies em 35%. A presença de riachos por si só não alterou a riqueza de espécies, mas até três vezes mais sapos foram encontrados perto de riachos.

A presença de estradas de plantio também aumentou a riqueza de espécies em mais de 20%. Sendo não pavimentadas e com pouco tráfego de veículos, as estradas de plantações parecem fornecer habitats adicionais para os anfíbios, apontaram os pesquisadores. A presença de todos os três microhabitats em um local aumentou a riqueza de espécies em 75%.

A pesquisa mostrou a importância de estratégias de manejo da terra que mantenham o dossel nativo diversificado e corpos de água doce e outros microhabitats na sustentação das populações de anfíbios. “Os gerentes de terras precisam receber incentivos para manter – ou pelo menos não perturbar – lagoas, córregos e caminhos de terra durante a estação das monções”, disse Vishnupriva Sankararaman.

As populações de anfíbios estão diminuindo em todo o mundo e precisam de proteção, ela acredita. “Eles fornecem enormes serviços ecossistêmicos aos proprietários de terras – os sapos são ‘pesticidas naturais’ que consomem mais biomassa de insetos do que quase qualquer outro animal. Eles têm um significado financeiro real e nos permitem comer de forma mais orgânica, usando menos produtos químicos na produção agrícola. Mas, além disso, essas criaturas evoluíram ao longo de milhões de anos e têm um valor imensurável por si só”, concluiu a pesquisadora.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Penn State (em inglês).

Fonte: Jeff Mulhollem, Unviersidade Estadual da Pensilvânia. Imagem: Shashank Dalvi, National Science Foundation.

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