Notícia

Jovens indígenas reforçam uso de tecnologia na gestão territorial

Curso uniu tecnologias ancestrais de conhecimento da terra com ferramentas de geotecnologia de última geração, com o objetivo de facilitar o cruzamento de dados colhidos em campo pelos indígenas com imagens de satélite e de fortalecer a vigilância e o monitoramento territorial

Po Yre Mekrangnotire

Fonte

IPAM | Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

Data

terça-feira, 6 dezembro 2022 10:45

Áreas

Ciência de Dados. Conhecimento Tradicional. Conservação. Engenharia Florestal. Geociências. Monitoramento Ambiental. Sensoriamento Remoto. Sustentabilidade Ambiental. Tecnologias.

Jovens indígenas responsáveis pelas atividades de monitoramento nas Terras Indígenas Baú e Menkragnoti participaram de um curso entre os dias 28 de novembro e 02 de dezembro com pesquisadores do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM). Dhemerson Conciani, pesquisador na instituição e responsável pelo mapeamento de vegetação nativa do Cerrado no MapBiomas, e o Dr. Ray Alves, pesquisador no núcleo indígena do IPAM, apresentaram as possibilidades de uso das plataformas MapBiomas e SOMAI (Sistema de Observação e Monitoramento da Amazônia Indígena), bem como do aplicativo ACI (Alerta Clima Indígena), para o monitoramento dos territórios.

A proposta do curso foi unir tecnologias ancestrais de conhecimento da terra com ferramentas de geotecnologia de última geração, com o objetivo de facilitar o cruzamento de dados colhidos em campo pelos indígenas com imagens de satélite e de fortalecer a vigilância e o monitoramento territorial do povo Mebengokre sobre o seu território. Também como resultado, a iniciativa espera contribuir para manter em pé as florestas nas Terras Indígenas e no Pará. Ao todo, participaram 14 jovens das aldeias associadas ao Instituto Kabu.

“Os dados históricos permitem que os jovens tenham também uma referência visual do que aconteceu no território, reafirmando o que é transmitido oralmente pelos anciões”, disse Dhemerson Conciani, pesquisador no IPAM e no MapBiomas.

O SOMAI, desenvolvido pelo IPAM em parceria com organizações indígenas como a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), é uma plataforma virtual de acesso livre, que funciona como uma biblioteca de dados geográficos e científicos para que pessoas indígenas insiram, pesquisem e analisem informações sobre seus territórios. A nova versão do SOMAI foi lançada durante a COP27.

Também desenvolvido pelo IPAM, em parceria com Conselho Indígena de Roraima, Instituto Raoni e COCALITIA, o ACI é um aplicativo gratuito para celular que possibilita que usuários que vivem em terras indígenas criem seus próprios alertas para proteger os territórios contra possíveis ameaças.  No ACI é possível registrar alertas de atividades que violam o território, por exemplo, desmatamento, garimpo, queimadas, pesca e caça ilegal. Esses alertas criados no ACI registram coordenadas, fotos e áudios para agilizar a coleta e o compartilhamento das informações.

“Sabemos que o acesso à internet nas aldeias é limitado, por isso o aplicativo foi planejado para funcionar offline. Os indígenas podem coletar todos os dados sem se preocupar com conexão”, explicou o Dr. Ray Alves, pesquisador no IPAM.

Assim que celulares ou tablets se conectam à internet, os dados coletados em campo são enviados automaticamente à plataforma SOMAI, juntando as informações coletadas pelo próprio povo Mebengokre com a base de dados da plataforma. No SOMAI, indígenas podem realizar a gestão dos dados coletados e gerar relatórios de forma rápida e automatizada, acelerando o processo de formalização de possíveis denúncias.

“Além dos alertas, indígenas podem também registrar áreas de uso tradicional do seu povo, como locais sagrados, áreas de caça e coleta, trilhas e rotas de uso tradicional, e outras informações que considerem importantes, podendo contribuir para os esforços de etno-mapeamento e gestão territorial”, complementou o Dr. Ray Alves.

Para o pesquisador Dhemerson Conciani, a combinação das ferramentas de geotecnologia com o trabalho de campo que os indígenas já realizam nas bases de monitoramento vai ampliar ainda mais a capacidade de detecção precoce de ilícitos nas Terras Indígenas. Como o MapBiomas, que é uma rede colaborativa, formada por ONGs, universidades e startups de tecnologia, que produz mapeamentos da cobertura e uso do solo do Brasil com dados a partir de 1985.

“Os indígenas já realizam trabalhos na proteção de florestas. O que buscamos com essa troca de experiências é facilitar a detecção e acelerar o processo de documentação e comunicação das atividades ilegais, para a fortalecer os territórios indígenas”, avaliou Dhemerson Conciani.

A oficina teve apoio financeiro do Funbio/Fundo Kayapó e contou com suporte do IPAM e do MapBiomas.

Acesse a notícia na página do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.

Fonte: IPAM. Imagem: Cerca de 14 jovens de aldeias associadas ao Instituto Kabu integraram as atividades. Fonte: Po Yre Mekrangnotire.

Os comentários constituem um espaço importante para a livre manifestação dos usuários, desde que  cadastrados no Canal Ambiental e que respeitem os Termos e Condições de Uso. Portanto, cada comentário é de responsabilidade exclusiva do usuário que o assina, não representando a opinião do Canal Ambiental, que pode retirar, sem prévio aviso, comentários postados que não estejam de acordo com estas regras.

Leia também

2024 ambiental t4h | Notícias, Conteúdos e Rede Profissional em Meio Ambiente, Saúde e Tecnologias

Entre em Contato

Enviando
ou

Fazer login com suas credenciais

ou    

Esqueceu sua senha?

ou

Create Account