Notícia

Insetos de água doce podem transportar altos níveis de poluentes para insetos terrestres

Fonte

Universidade Örebro

Data

sábado, 31 outubro 2020 12:05

Áreas

Ecologia. Gestão de Resíduos. Saneamento.

Em sua tese de doutorado em Ciência Ambiental na Universidade Örebro, na Suécia, Alina Koch estudou como os insetos de água doce transportam produtos químicos altamente fluorados – chamados PFAS – para os insetos terrestres. Atualmente, há pouca pesquisa sobre esse processo – que o PFAS pode passar pela cadeia alimentar quando um animal se alimenta de outro.

PFAS é o termo coletivo usado para designar os milhares de produtos químicos feitos pelo homem que são abundantes em roupas, maquiagem e outros produtos de uso diário. Os produtos químicos PFAS não se decompõem na natureza, e alguns PFAS são suspeitos de causar câncer. Como o uso de PFAS é tão comum hoje, esses produtos químicos existem em ambientes em todo o mundo.

Alina Koch estudou como os PFAS se transferem de insetos que vivem na água quando são presas de insetos terrestres. Um exemplo são os mosquitos, que são comidos por aranhas. Outros animais, como pássaros, anfíbios e morcegos, comem insetos que nasceram na água, como as libélulas.

A pesquisadora realizou seu estudo principalmente em dois lugares: Kvarntorp, fora de Kumla, no centro da Suécia, e o Aeroporto de Ronneby, na costa sudeste da Suécia. Em Kvarntorp, a natureza ao redor foi afetada por várias indústrias desde os anos 1940, que vazaram e ainda estão vazando produtos químicos em poços abertos cheios de água nas proximidades. Em Ronneby, a Força Aérea Sueca treinou por muito tempo a extinção de incêndios com espuma de combate a incêndios contendo PFAS. A prática resultou no vazamento de grandes quantidades de substâncias altamente fluoradas.

“As concentrações de PFAS em Ronneby são trinta vezes maiores que os padrões de emissão suecos para água potável. Nas águas circundantes em Kvarntorp, os níveis são três a dez vezes mais altos. Os níveis de PFAS encontrados em insetos de Kvarntorp são equivalentes a fontes pontuais de poluição em outras partes do mundo. Ao mesmo tempo, as concentrações em Ronneby são muito maiores”, explicou Alina Koch.

Os “produtos químicos eternos”

O estudo mostra níveis muito altos de PFAS em insetos aquáticos coletados em 2017 a três metros da água em Kvarntorp. No total, [o nível de poluentes] atingiu mais de 100 miligramas. Os níveis de poluentes PFAS são normalmente medidos em nanogramas, onde um miligrama é igual a um milhão de nanogramas.

Alina Koch vê sua tese como uma contribuição para o conhecimento sobre como o PFAS impacta o meio ambiente, os animais e os humanos.

“Como os PFAS existem em todo o mundo, eles são chamados de ‘produtos químicos eternos’, pois não se decompõem. Uma continuação do meu estudo será estudar a cadeia alimentar restante. O que acontece depois que os insetos são comidos por cobras, lagartos, anfíbios, pássaros, morcegos e mamíferos? Talvez o PFAS se acumule na cadeia alimentar, impactando os humanos também”, destaclou Alina.

Alina também destaca que seus resultados podem fornecer um ponto de partida para reduzir os efeitos das emissões locais de PFAS.

Acesse a notícia completa na página da Universidade Örebro (em inglês).

Fonte: Maria Elisson, Universidade Örebro. Imagem: Jan Haerer via Unsplash.