Notícia
Indígenas têm duas vezes mais chances de morrer em incêndios florestais
Regiões no Peru, Bolívia e Brasil são apontadas como focos de exposição à fumaça, com taxas de mortalidade 6 vezes mais altas que a da população em geral
Jesse Allen e Robert Simmon via Wikimedia Commons
Fonte
IPAM | Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia
Data
segunda-feira, 8 maio 2023 06:30
Áreas
Biomas. Ciência Ambiental. Desmatamento. Engenharia Florestal. Geociências. Geografia. Monitoramento Ambiental. ODS. Qualidade do Ar. Queimadas. Saúde. Saúde Ambiental. Toxicologia.
Novo estudo, publicado na revista científica Environmental Research Health revelou que indígenas da bacia amazônica têm duas vezes mais chances de morrer prematuramente devido à exposição à fumaça emitida por incêndios florestais do que a população sul-americana. Regiões no Peru, Bolívia e Brasil são apontadas como focos de exposição à fumaça, com taxas de mortalidade 6 vezes mais altas que a da população em geral.
“Estudos como esse ressaltam a importância da gente olhar para a questão do uso do fogo na Amazônia como uma questão de saúde pública, o que nem é pensado atualmente. Estamos perdendo vidas por causa dos aumentos das queimadas e isso só tende a piorar nesse cenário acirrado pelas mudanças climáticas. Precisamos olhar para o uso do fogo e, realmente, reforçar políticas que controlem esse uso”, afirma a Dra. Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coautora do estudo.
Os resultados mostraram que a fumaça dos incêndios florestais na América do Sul foi responsável por aproximadamente 12.000 mortes entre 2014 e 2019, com cerca de 230 delas ocorrendo em territórios indígenas. A exposição a partículas de fumaça nocivas é muito maior durante a estação seca da Amazônia, entre agosto e novembro, quando incêndios florestais mais que dobram a concentração de compostos químicos em suspensão na atmosfera.
A Dra. Eimy Bonilla, autora principal do estudo, destacou: “embora os territórios indígenas sejam responsáveis por poucos incêndios na bacia amazônica, nossa pesquisa mostra que as pessoas que vivem nesses territórios sofrem riscos de saúde significativamente maiores devido às partículas de fumaça, em comparação com a população em geral.”
Pesquisas anteriores sobre o tema se concentraram nos impactos de saúde dos países em escalas maiores ou dependiam fortemente de dados de internações hospitalares. Isso não destaca com precisão o impacto sobre as pessoas que vivem em territórios indígenas, localizadas mais próximas dos incêndios, expostas a partículas de fumaça por períodos mais longos e que, muitas vezes, não têm acesso a cuidados médicos adequados, materiais de higiene ou água potável.
O novo estudo, liderado por pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, usou uma combinação de modelos de transporte químico atmosférico e uma função de resposta de concentração atualizada para estimar a taxa de mortalidade de indígenas expostos a altas concentrações de MP 2.5, nome dado às partículas microscópicas emitidas pelas queimadas.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
Fonte: IPAM. Imagem: fumaça sobre a floresta amazônica. Fonte: Jesse Allen e Robert Simmon via Wikimedia Commons.
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