Notícia
Identificada fonte de grande aumento nas emissões de substância destruidora de ozônio não regulamentada
Nova pesquisa, liderada pela Universidade de Bristol e pela Universidade de Pequim, descobriu que as emissões de diclorometano provenientes da China mais que dobraram na última década
Pixabay
Fonte
Universidade de Bristol
Data
sexta-feira, 17 dezembro 2021 10:40
Áreas
Qualidade do Ar. Mudanças Climáticas. Políticas Públicas.
Desde a assinatura do Protocolo de Montreal, houve uma queda dramática nas emissões das principais substâncias responsáveis pelo empobrecimento da camada de ozônio estratosférico, a parte da atmosfera que nos protege da nociva radiação solar.
Em comparação com os CFCs e outros compostos destruidores de ozônio regulamentados, o diclorometano dura pouco tempo na atmosfera – cerca de seis meses. Principalmente por esse motivo, sua produção e uso não foram controlados pelo Protocolo de Montreal da mesma forma que as substâncias destruidoras da camada de ozônio de vida mais longa.
O Dr. Luke Western, da Escola de Química da Universidade de Bristol, no Reino Unido, destacou: “As redes internacionais de monitoramento sabem que as concentrações atmosféricas globais de diclorometano têm aumentado rapidamente na última década, mas até agora não estava claro o que estava impulsionando esse aumento”.
Para responder a essa pergunta, pesquisadores da Universidade de Pequim, da Administração Meteorológica da China e da Universidade de Bristol se uniram para examinar novos dados coletados na China. Seus resultados foram publicados na revista científica Nature Communications.
Minde An, estudante de pós-graduação da Universidade de Pequim e pesquisador visitante da Universidade de Bristol conduziu o estudo. “A China é um importante produtor e usuário de compostos como o diclorometano. Portanto, queríamos examinar as medições dentro do país para determinar sua contribuição para as emissões globais. Nossos cálculos revelaram que a participação da China nas emissões globais totais cresceu de cerca de um terço para dois terços na última década. O aumento das emissões globais desde 2011 é do mesmo tamanho que o aumento das emissões da China. Acreditamos que as emissões de diclorometano da China aumentaram devido ao seu uso como solvente em várias aplicações industriais e à expansão da indústria de clorometanos na China”, explicou o pesquisador.
Os controles atuais sobre o uso de diclorometano na China estão relacionados apenas à sua toxidade ou ao seu papel na poluição do ar urbano. Os níveis de diclorometano são regulamentados nos produtos de consumo e há restrições às taxas de liberação dos processos industriais, mas não há controle sobre a quantidade total que pode ser emitida para a atmosfera.
Historicamente, as taxas de emissão de diclorometano têm sido pequenas o suficiente para não preocupar demais os pesquisadores que estudam a recuperação da camada de ozônio. No entanto, o recente aumento precisa ser cuidadosamente observado no futuro.
“Se os níveis atuais de diclorometano persistirem, podemos esperar um atraso de alguns anos na recuperação da camada de ozônio. No entanto, se eles continuarem a crescer na taxa que vimos na última década, isso pode levar a um atraso de mais de uma década, embora as emissões futuras sejam altamente incertas. Importante é a localização das emissões descobertas neste estudo. Compostos de vida curta, como o diclorometano, são parcialmente destruídos na baixa atmosfera antes de atingirem a camada de ozônio. No entanto, em algumas partes da Ásia, existem regiões onde a atmosfera pode transportar essas substâncias para a estratosfera de forma relativamente rápida. Isso significa que as emissões dessas regiões podem ter um impacto maior do que as liberadas em outros lugares”, disse o Dr. Ryan Hossaini, da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, e coautor do estudo.
Apesar dessas preocupações, há sinais de que mudanças podem estar chegando. No mês passado, um projeto de regulamento do Ministério da Ecologia e Meio Ambiente da China listou o diclorometano como um novo poluente cujo uso em diversos setores, como decapagem de tinta ou produção de espuma isolante, poderia ser proibido.
O professor Dr. Matt Rigby, também da Escola de Química da Universidade de Bristol, disse estar esperançoso de que esses resultados possam ser repetidos no futuro para determinar o impacto das mudanças na regulamentação do diclorometano e outros compostos de interesse do Protocolo de Montreal. Ele acrescentou: “Um dos resultados mais importantes deste trabalho é mostrar o que pode ser alcançado por meio da estreita colaboração entre cientistas de todo o mundo. Essas medições da China são altamente valiosas para pesquisadores e legisladores interessados na camada de ozônio e no clima. Esperamos continuar este trabalho no futuro, para fornecer às partes do Protocolo de Montreal informações cada vez mais precisas para ajudar a garantir que a recuperação da camada de ozônio permaneça no caminho certo”.
Acesse o artigo científico completo (em inglês).
Acesse a notícia completa na página da Universidade de Bristol (em inglês).
Fonte: Universidade de Bristol. Imagem: Pixabay.
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