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Grandes árvores das florestas subtropicais no Sul do Brasil são importante recurso para a estocagem do carbono

Pesquisadora da UFRGS estuda as variáveis que influenciam no estoque de biomassa de florestas do RS e SC: estudo é o primeiro sobre quantificação de biomassa nesses locais

Divulgação, UFRGS

Fonte

UFRGS | Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Data

sábado, 17 abril 2021 13:50

Áreas

Ecologia. Energia. Engenharia Florestal.

Pesquisadores, no mundo todo, buscam conhecimento e soluções para questões relacionadas ao aquecimento global e aos problemas ambientais. Um dos focos de atuação de redes internacionais de cientistas é o estudo dos diferentes tipos de formações florestais e seu papel na fixação do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. Por serem capazes de armazenar quantidades significativas de biomassa, as florestas são um componente importante do ciclo de carbono, pois as plantas absorvem CO2. Porém a contribuição de cada tipo de formação nesse processo é variável.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a doutoranda Kauane Maiara Bordin, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, voltou-se ao estudo das florestas subtropicais do Sul do Brasil para quantificar a biomassa nelas estocada e avaliar quais os fatores que estão relacionados a esses estoques. Os primeiros resultados desse trabalho foram publicados em março de 2020 em artigo na revista científica Forest Ecology and Management – Climate and large-sized trees, but not diversity, drive above-ground biomass in subtropical forests – , mostrando que os principais fatores relacionados ao estoque de biomassa nessas florestas são o clima e a proporção de árvores grandes. A biomassa é uma medida de estrutura da floresta, muito relacionada à estocagem de carbono nas árvores. Sua quantificação é obtida a partir de uma equação que combina a altura, o diâmetro e a densidade da madeira das árvores.

O clima, caracterizado por variações anuais na temperatura, afeta negativamente a estocagem de biomassa, enquanto que a alta proporção de árvores de grande porte influencia positivamente, ou seja, florestas maduras, que possuem árvores grandes, são responsáveis por estocar quantias maiores de biomassa. O estudo indica que essas florestas estão desempenhando um papel fundamental na persistência de longo prazo do armazenamento de carbono, uma vez que as árvores grandes respondem por 64% da biomassa total armazenada nas florestas pesquisadas. Já a variação anual de temperatura teve um efeito negativo, indicando que os locais que têm muita amplitude térmica tendem a acumular menos carbono ao longo dos anos.

Os achados são importantes porque evidenciam que a conservação dessas áreas –, já que permite que as árvores atinjam tamanhos grandes – é fundamental para a manutenção da estocagem de carbono. Em relação à influência da variável climática, Kauane explica que: “Esse efeito nos acendeu uma luz, porque as mudanças climáticas podem fazer com que, no futuro, ocorram eventos extremos de frio e calor, impactando negativamente os estoques de biomassa e o ciclo do carbono de modo geral”.

A Dra. Sandra Cristina Müller, professora e orientadora do trabalho e também coordenadora do Laboratório de Ecologia Vegetal da UFRGS (Leveg), onde Kauane desenvolve a pesquisa, destaca que a grande novidade do estudo é que a relação entre o porte das árvores e a capacidade de estocar carbono ainda não era conhecida para a região Sul do Brasil. “Temos muitos estudos que falam da região da Amazônia, das regiões temperadas da Europa, dos Estados Unidos, de áreas subtropicais na China, mas aqui para o Sul da América do Sul, que compreende essa grande área subtropical de florestas, não tínhamos ainda nenhuma publicação que relatasse esse padrão”, afirmou a professora Sandra.

Colaboração em rede

Kauane dedica-se ao estudo de florestas desde a graduação em Ciências Biológicas na Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), onde, como bolsista de Iniciação Científica, em 2014, fez identificação e medição das árvores da Floresta Nacional de Chapecó. No mestrado, já no PPG em Ecologia da UFRGS, a pesquisadora voltou a Chapecó para fazer nova medição, acompanhando as mudanças na área ao longo do tempo.

No doutorado, com o objetivo de expandir seus estudos para mais áreas florestais, ela analisou outras florestas das parcelas permanentes do Leveg e contou com uma rede de cientistas de instituições parceiras e do próprio laboratório, que, inclusive, são coautores do artigo. Dessa forma, foi possível caracterizar 119 sítios de florestas subtropicais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina em termos de estoque de biomassa e chegar aos resultados apresentados no artigo.

A formação da rede de cientistas é um fator destacado também pela orientadora Sandra como fundamental para uma pesquisa deste porte: “o trabalho da Kauane conseguiu compilar diferentes estudos, e isso é outra coisa extremamente relevante, porque saímos do nosso núcleo e fomos atrás de outros pesquisadores que trabalham aqui na região, que têm dados tanto de Santa Catarina como do Rio Grande do Sul e fizemos um grande compilado para ter esse padrão mais regional”.

Acesse a notícia completa na página do Portal UFRGS Ciência.

Fonte: Patrícia Barreto dos Santos Lima, UFRGS Ciência. Imagem: Divulgação, UFRGS.

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