Notícia

Fungos comestíveis e resíduos da agroindústria podem virar embalagens biodegradáveis

Além de ser resistente ao fogo, à água e ao impacto, produto atua como fertilizante para o solo

Divulgação, UFS

Fonte

UFS | Universidade Federal do Sergipe

Data

sábado, 14 setembro 2019 10:35

Áreas

Gestão de Resíduos. Sustentabilidade. Inovação.

O uso e o descarte indevido do plástico têm causado grandes problemas ao meio ambiente, principalmente para a vida marinha. Segundo dados do Fórum Econômico Mundial em Davos, realizado em 2019, estima-se que cerca de 8 milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos todos os anos. Até 2050, a previsão é de que haja mais plástico que peixes nos mares. Além disso, até lá, 99% das aves marinhas já terão ingerido algum tipo de plástico.

Parte desses resíduos que chegam à natureza é de embalagens que, mesmo possuindo potencial de reutilização, não é reciclada. No Brasil, de acordo como o Fundo Mundial para Natureza (WWF), das 11,3 milhões de toneladas de lixo produzidos por ano no país, somente 1,2% é reciclado.

Todos esses dados e projeções têm chamado a atenção de cientistas e pesquisadores no mundo todo. Encontrar alternativas ao uso do plástico e substituí-lo por algo ecologicamente viável têm sido um desafio urgente e cada vez mais necessário. Pensando nisso, a professora Dra. Regina Helena Marino e o estuante Maxwell Paca Matosdo Departamento de Engenharia Agronômica da Universidade Federal do Sergipe (UFS), desenvolveram uma bioembalagem utilizando micélio (ramificação formada por conjunto de filamentos de células emaranhadas) de fungos comestíveis e resíduos da agroindústria (palha e pó de coco, bagaço, polpa de fruta e papel).

“A vantagem desse produto é que ele é totalmente biodegradável. Enquanto o plástico dura em média de 100 a 150 anos para se decompor, a embalagem produzida com micélio leva em torno 50 dias a depender do tamanho”, afirma a professora Regina. Diferente das embalagens derivadas do petróleo (plástico e isopor), a produção da bioembalagem com micélios utiliza materiais que normalmente seriam descartados pela agroindústria. É o caso do bagaço da cana e o pó de coco. “Se pensarmos em termos de aproveitamento, é uma alternativa para qualquer tipo de agroindústria. Por exemplo, na usina [de cana de açúcar] tem muito bagaço sem destino. Parte desse material pode ser usado tanto para a produção de energia, quanto para produção de bioembalagens”, conta.

De acordo com os dados do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE), do Banco do Nordeste, Sergipe ultrapassou o Ceará e se tornou o segundo o maior produtor de cocos do país com 234 milhões frutos em 2018. Em relação à cana de açúcar, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), para a safra 2018/2019, a estimativa no estado é de crescimento 11,2% da área a ser cultivada em relação à da safra anterior, alcançando um plantio de 41,1 hectares.

Produção da embalagem

Enquanto outros métodos que também utilizam fungos para produzir bioembalagens duram em torno de 180 dias, a produção desenvolvida na UFS leva cerca de 70 dias, menos da metade do tempo. Essa otimização na produção é graças a um processo que utiliza temperatura e pressão elevada para a assepsia do material. “Com esse processo você reduz o tempo de produção da bioembalagem, porque não é utilizado o método de compostagem, como em outras pesquisas”, diz Maxwell.

O método de compostagem, citado pelo estudante, consiste em um conjunto de técnicas que estimulam o processo de decomposição de materiais orgânicos. Porém, mesmo proporcionando um destino útil aos resíduos, esse modelo não aproveita todo o material. “Durante o processo de compostagem, dois terços [do material usado na compostagem] são perdidos na forma de CO². Ou seja, do total, só um terço de composto permanecerá para a produção dessa bioembalagem”, explica a professora Regina.

Dos produtos que podem ser fabricados com esse material, além das embalagens, estão também recipientes e até revestimento acústico. Isso porque o fungo se adapta bem à diferentes formatos de embalagens e ainda é resistente ao fogo, a água e ao impacto.

Acesse a notícia completa na página da UFS.

Fonte: Igor Rocha e Marcilio Costa, UFSImagem: Divulgação, UFS.

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