Notícia

Fragmentação florestal na Amazônia aumenta as perdas de carbono em 37%

Manter o carbono armazenado nas florestas é fundamental para evitar o agravamento da crise climática global

Pixabay

Fonte

Universidade de Helsinque

Data

quarta-feira, 14 outubro 2020 11:30

Áreas

Ciência Ambiental. Desmatamento. Ecologia. Monitoramento Ambiental. Mudanças Climáticas.

Ao monitorar a floresta amazônica com um laser aerotransportado, cientistas estimaram que o efeito de borda, causado pela fragmentação, foi responsável pela perda de 947 milhões de toneladas de carbono entre 2001 e 2015 na Amazônia. Esse número representa a perda de 2,6 bilhões de toneladas apenas com o processo de desmatamento no mesmo período.

Esses novos resultados estabelecem um novo paradigma sobre como as emissões de carbono causadas pelo desmatamento são contabilizadas.

“Nosso estudo demonstra que as emissões de carbono do desmatamento são muito mais complexas do que se pensava. Até agora, as perdas de carbono nas bordas da floresta foram amplamente negligenciadas. Mas nossos resultados mostram que as emissões indiretas devido aos efeitos de borda podem ser de até um terço da perda de carbono devido ao próprio desmatamento”, disse o Dr. Eduardo Maeda, do Laboratório de Dinâmicas do Ecossistema Terrestre da Universidade de Helsinque, na Finlândia, e coautor do estudo publicado recentemente na revista científica Science Advances. O Dr. Maeda tem uma colaboração de longo prazo e produtiva com pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que lideram este estudo.

Esta é uma descoberta muito preocupante, pois estima-se que grande parte das florestas está atualmente sob a influência de efeitos de borda.

“Alguns estudos indicam que até 70% das florestas remanescentes do mundo está a 1 km das bordas das florestas. O problema não acaba com o fim do desmatamento. Os remanescentes florestais também sofrem bastante, e devemos aprimorar as políticas e práticas de manejo para proteger esses remanescentes”, acrescentou o Dr. Maeda.

Manter o carbono armazenado nas florestas é fundamental para evitar o agravamento da crise climática global. Nas regiões tropicais, as florestas são convertidas em áreas de agricultura e pecuária pelo processo de desmatamento. A perda da cobertura florestal afeta os serviços ambientais essenciais ao bem-estar humano, como a manutenção da biodiversidade, a regulação do clima e o abastecimento de água em escala local, regional e global.

Atualmente, as políticas climáticas estão focadas na redução do desmatamento para evitar as emissões de carbono na atmosfera. O processo de desmatamento, entretanto, fragmenta a paisagem florestal ao cortar florestas contínuas e, assim, aumentar as áreas de contato com outro tipo de uso da terra, como pastagens. Esses trechos de floresta que estão em contato com outros tipos de cobertura do solo sofrem alterações em seu microclima, ficando mais expostos a ventos e sofrendo um aumento da incidência da radiação solar, causando aumento da temperatura e diminuição da umidade no dossel florestal. Esse processo acelera a mortalidade de árvores na borda da floresta, diminuindo assim a capacidade das florestas de armazenar carbono nesses trechos de vegetação.

Este é o primeiro estudo que integra o efeito da mortalidade de árvores, detectado por meio de digitalização 3D da floresta, com uma análise em larga escala das bordas da floresta para fornecer a quantificação das perdas de carbono para toda a região amazônica.

Usando dados de varredura a laser 3D aerotransportados coletados na Amazônia e mapas de 16 anos (2000-2015) da cobertura florestal, cientistas do Brasil, Europa e EUA quantificaram, a partir de uma análise integrada, a perda de estoques de carbono no bioma Amazônia devido ao desmatamento e efeito de borda. O estudo foi liderado pelo engenheiro ambiental brasileiro Celso Silva Junior, doutorando em Sensoriamento Remoto pelo INPE.

Acesse o artigo científico completo (em inglês).

Acesse a notícia completa na página da Universidade de Helsinque (em inglês).

Fonte: Riitta-Leena Inki, Universidade de Helsinque. Imagem: Pixabay.

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