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Extinção de aves no Brasil é preocupante, diz ONU Meio Ambiente
Quatro espécies brasileiras estão entre as oito aves declaradas extintas no mundo ao longo desta década, de acordo com um levantamento da BirdLife International
ICMBio
Quatro espécies brasileiras estão entre as oito aves declaradas extintas no mundo ao longo desta década, de acordo com um levantamento da BirdLife International. A instituição aponta ainda que uma quinta espécie, a emblemática ararinha-azul, desapareceu da natureza, sendo encontrada apenas em cativeiro.
A eliminação desses animais é considerada preocupante pela ONU Meio Ambiente, que alerta para a importância das aves no equilíbrio dos ecossistemas.
Em pesquisa realizada ao longo de oito anos, a ararinha-azul, a arara-azul-pequena, o caburé-de-pernambuco, o limpa-folha-do-nordeste e o gritador-do-nordeste tiveram seu status de conservação revisado pela BirdLife International. A ONG recomendou em setembro último que as espécies fossem acrescentadas à lista de extinções presumidas ou confirmadas, elaborada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
“A gente está empobrecendo o planeta, mas não foi da noite pro dia”, lamenta o Dr. Pedro Develey, ornitólogo e diretor-executivo da SAVE Brasil, instituição que representa a BirdLife no país.
Para o especialista, o fim das espécies brasileiras é o resultado de anos de degradação do meio ambiente e consequente destruição do habitat natural dessas aves, sobretudo na Mata Atlântica da região Nordeste.
Em todo o Brasil, o bioma — que cobria 15% do território nacional — sofreu perdas de 1,9 milhão de hectares no período 1985-2017, segundo a Fundação SOS Mata Atlântica. A extensão de floresta destruída equivale à área total do estado de Sergipe. A mesma organização estima que restaram apenas 12,4% das florestas originais do bioma no país.
O caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum) era uma pequena espécie de coruja, com tamanho em torno de 10 cm, endêmica desse tipo de vegetação tropical úmida, bem como do estado que lhe dava nome. Ironicamente, o animal era o mascote do Sistema de Informações Geoambientais de Pernambuco.
Situação semelhante era a do limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), encontrado apenas em dois lugares em todo o planeta — o município de Murici (AL) e a Reserva Frei Caneca, em Jaqueira (PE). Nas duas localidades, também em trechos de Mata Atlântica, o animal foi avistado pela última vez em 2007 e 2011, respectivamente. O gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti) também era endêmico das duas regiões.
Hoje, os níveis de desmatamento da Mata Atlântica no Brasil são os menores já registrados pela SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) — em torno de 12,5 mil hectares destruídos no biênio 2016-2017 em todo o país. A área é bem menor do que a média de 100 mil hectares anuais para o período de 1985 até 2000.
Mas os anos de desflorestamento, que remontam a períodos anteriores às medições do INPE e da fundação, contribuíram para fragilizar os ecossistemas remanescentes. A destruição da Mata Atlântica data do início da colonização portuguesa, com a derrubada maciça do pau-brasil, e acompanha ciclos econômicos e agrícolas da história nacional, principalmente o avanço da cana-de-açúcar em diferentes momentos, incluindo na segunda metade do século 20.
O Dr.Develey explica que atualmente alguns trechos de Mata Atlântica no Nordeste são formados por uma vegetação depauperada, onde já houve a derrubada de árvores importantes para a integridade do ecossistema. Essa cobertura vegetal está mais vulnerável a uma degradação natural — tempestades, por exemplo, podem tombar novos troncos, modificando a quantidade de luz e de vento que circulam pela floresta e transformando as interações dos animais com o meio ambiente.
“O fragmento (de mata) está fadado à destruição, mesmo se você não tirar mais nenhuma folha, nenhuma árvore de lá”, afirma o pesquisador.
Daí, a importância de estratégias de conservação e manejo ambiental que vão além da simples demarcação de áreas protegidas — como o enriquecimento da vegetação e a retirada de cipós e espécies que vêm substituir formações de plantas nativas.
O relatório é um alerta para evitar novas extinções no Brasil, país que abriga 1.919 espécies de aves e é a nação com a segunda maior diversidade de aves do mundo, de acordo com a SAVE.
O país, porém, também registra elevado número de espécies em risco. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apontava em 2016 que 1.173 espécies da fauna brasileira estavam ameaçadas de extinção — entre elas, 234 aves.
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Fonte: ONU BRASIL. Imagem: ICMBio.
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